O presidente da Associação Norte-Americana de Cafés Especiais (SCAA), Ric Rhinehart, tem observado um aprofundamento da polarização entre os segmentos de maior valor agregado, como cafés gourmets, e de grande volumes, que operam com margens menores.
Adis Abeba, 11/3 – O presidente da Associação Norte-Americana de Cafés Especiais (SCAA), Ric Rhinehart, tem observado um aprofundamento da polarização entre os segmentos de maior valor agregado, como cafés gourmets, e de grande volumes, que operam com margens menores. A avaliação foi apresentada em conversas nos bastidores da Conferência Mundial do Café, realizada em Adis Abeba, na Etiópia. O executivo afirmou que o mercado deverá ser dominado, de um lado, por poucas empresas com grande capacidade de produção, enquanto o outro lado, dos café especiais, deverá comportar um número maior de pequenos competidores. “O mercado começa a entrar numa bifurcação”, explicou. Como resultado, as empresas de médio porte se encontram “particularmente pressionadas”.
O avanço de produtos especiais tem tido maior sustentação em mercados desenvolvidos, promovendo uma reorganização do cenário competitivo. “É como se o mercado estivesse acordando depois de um tempo adormecido”, disse Rhinehart. Somente nos Estados Unidos, ele afirma existir mais de 4,5 mil torrefadoras de café, com a maioria delas trabalhando pequenas quantidades.
Enquanto isso, o mercado tradicional passou recentemente por um período de consolidações, afirmou. No ano passado, a JAB anunciou a aquisição da americana Keurig Green Mountain por US$ 13,9 bilhões. A empresa também possui grande participação na torrefadora holandesa Jacobs Douwe Egberts.
A polarização também ocorre entre os mercados consumidores, aponta o executivo. Países como Japão, Estados Unidos e Alemanha consomem mais o tipo arábica, considerado de maior qualidade, e apresentaram alteração nos padrões de consumo.
Estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) apontam que o consumo recuou 5,1% na União Europeia em 2012. Apesar disso, o avanço da popularidade do café, com tipos especiais e novos blends, compensou as perdas. “O recuo do consumo, em vários casos, é explicado pela mudança da preferência do consumidor, que tem gastado mais com café de maior qualidade”, alertou Rhinehart.
Enquanto isso, mercados emergentes têm registrado avanços expressivos. No mesmo período, o consumo de café pela China cresceu 82%, conforme o USDA. Mercados de primeira viagem, com menor tradição cafeeira, consomem mais o robusta. Justamente por isso, Rhinehart entende que o potencial desses mercados é elevado. “Conforme o amadurecimento dos consumidores nesses países, a tendência é que passem a seguir os mercados mais desenvolvidos e consumam tipos mais elaborados. O potencial é enorme.” Fonte: Dow Jones Newswires.
Fonte: Q10/Estadão Conteúdo