Dados recentes apontam que a produção total de café, para a safra 2009, indica que o Brasil vai colher 39 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado. O Estado de Rondônia, segundo a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), corresponde a 7,24% da área plantada de todo o país, o que deixa Rondônia em 4° lugar entre os Estados que mais plantaram café nesta safra.
No Brasil são produzidas duas espécies de café: o arábica e o robusta ou conilon. O cultivo de café em Rondônia começou com a espécie arábica por meio dos imigrantes que trouxeram e cultivavam 100% do grão, porém, devido à altitude a espécie foi gradativamente sendo trocado pelo conilon que se adaptou melhor às condições de altitude.
De acordo com o engenheiro agrônomo do campo experimental da Embrapa Rondônia de Ouro Preto do Oeste, João Maria Diocleciano, hoje 98% do café plantado em Rondônia é conilon, com média de 12 sacas por hectare.
João Maria explica que a espécie arábica é mais precoce. Com isso, torna-se difícil fazer a colheita e secagem de café por conta do período das chuvas que predominam nos meses de fevereiro e março, embora existam tecnologias como secadores. “A transição do cultivo do café arábica para o conilon aconteceu gradativamente, e hoje o estado importa o café arábica”, disse o agrônomo.
O café arábica é mais exigente em tratos culturais e por isso torna-se mais caro; é indicado para ser produzir em altitude acima de 300 metros acima do nível do mar, enquanto o conilon se adapta a baixa altitude, afirma João Maria.
O cultivo de café pode ser consorciado com espécies florestais nativas e exóticas, “mas deve ter cuidado com o espaçamento”, indica o agrônomo para que evitar sombras excessivas no café. “Observamos muitas vezes casos em que excesso de árvores prejudicam a produção” disse João.
Pesquisa
A Embrapa Rondônia realiza trabalhos de melhoramento testando 180 materiais de café arábica para se obter maior produção, além de “materiais que tenham o ciclo mais tardio para se evitar a colheita no período das chuvas”, explica João. Segundo ele, a previsão é de que em três anos haja materiais da espécie arábica com o ciclo mais tardio e maior produtividade.
A doença mais comum no café do Estado de Rondônia é a ferrugem. A Embrapa já dispõe de clones de café conilon que são tolerantes à ferrugem. “Temos materiais do grupo Robusta que naturalmente são resistentes à doença”, explica. A Embrapa faz o cruzamento para obtenção de híbridos para obter materiais com características de conilon e a resistência de outros robustas em relação à ferrugem. Já a espécie arábica é mais suscetível ao ataque do bicho mineiro, uma praga que ocorre principalmente no período de estiagem.