Hafers acredita que o colombiano é mentiroso e não vai aumentar a produção
A evolução da produção e o consumo mundial do café fecharam as discussões do 10º Agrocafé – Simpósio Nacional do Agronegócio Café, em Salvador, na Bahia. O painel, coordenado pelo Dr. Luiz Suplicy Hafers, da sociedade rural brasileira, teve como palestrante Dr. Carlos Brando, da P&A Marketing.
Para Hafers, o principal concorrente do Brasil no mercado internacional é o continente asiático, que tem terra, mão de obra e são competentes. “O preço é a grande barreira do mercado brasileiro. Tem-se pouco café e também pouco dinheiro. Os produtores estão vendendo café por precisão, porque tem que pagar empréstimos, funcionários, etc. Não tem como fazer a política de segurar a safra até ela alcançar um preço ideal”, ressalta.
Para ele, o colombiano é muito mentiroso e que não vai aumentar sua produção. “O país deve manter os preços e a sua produção”, acredita. “Nós precisamos nos dar respeito. Tanto com relação à cafeicultura, quanto à política externa. Devemos deixar de ficar com pena dos países pobres e nos preocuparmos mais os pobres de nosso país, que na maioria das vezes depende da produção cafeeira para trabalhar ou complementar a renda”, completa Hafers.
Já Brando acredita que falar do futuro é sempre arriscado, mas adianta que o consumo mundial deve aumentar e consequentemente a exigência. “O consumidor está buscando valorizar mais seu dinheiro. O consumo em casa vai aumentar. O expresso começa invadir as casas dos brasileiros, com as máquinas vendidas mais baratas no mercado e com isso, o poder do varejo tende a crescer”, informa. Ao contrário do que muitos pensam, Brando acredita que a crise pode ajudar o paradoxo dos cafés especiais – ou de qualidade. “Os consumidores vão deixar de tomar café fora de casa e passarão a comprar cafés de qualidade para ser consumido dentro de casa”.