EUA e UE querem que êxito de Doha vá além da agricultura

18 de outubro de 2005 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: Por Piedad Viñas Washington, 18 out (EFE)

Os presidentes dos EUA, George W. Bush, e da Comissão Européia (CE, órgão executivo da UE), José Antonio Durão Barroso, deixaram claro hoje seu interesse comum em avançar na abertura de mercados e tornar a Rodada de Doha um êxito em outros tópicos além da agricultura.

“Temos um interesse comum em abrir mercados” e “queremos ter resultados ambiciosos e equilibrados na agricultura, mas não só na agricultura”, disse o presidente da CE depois de ter se reunido com Bush na Casa Branca.

Segundo o presidente dos Estados Unidos, os comentários de ambos sobre as negociações multilaterais de comércio foram feitos em um clima de franqueza.

“Não há dúvida de que compartilhamos o mesmo objetivo” de fazer avançar a rodada de Doha para a liberalização do comércio mundial, acrescentou Bush.

As negociações comerciais e a rodada de Desenvolvimento de Doha estavam no centro da pauta, devido à proximidade da reunião ministerial dos 148 países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Hong Kong entre 13 e 18 de dezembro.

Durante a reunião, devem ser definidas as modalidades da liberalização comercial em agricultura, serviços e acesso a mercados para produtos industriais, entre outros temas, para que a rodada do Desenvolvimento de Doha (lançada em 2001) seja concluída até o final de 2006, conforme está previsto.

Entre os pontos que opõem Europa e EUA em relação à reunião de Hong Kong estão os respectivos subsídios à exportação agrícola.

Bush não mencionou esta questão em nenhum momento, enquanto Barroso deixou claro em entrevista coletiva na sede da Comissão Européia em Washington que o problema agrícola existe, mas não é o único a ser resolvido.

“Quero esclarecer que não é só agricultura”, disse o chefe do órgão executivo do bloco, que precisou que é necessário progredir também na abertura de outros mercados, como o dos serviços e dos direitos de propriedade intelectual para que os cidadãos possam beneficiar-se realmente da globalização.

Barroso não quis, entretanto, entrar em detalhes sobre a última proposta européia de cortar em 70% as ajudas agrícolas internas que distorcem o comércio, atitude considerada insuficiente pelos EUA.

Os negociadores americanos ofereceram cortar seus subsídios em 60% e pediram à Europa que amplie sua oferta até 83%.

Durão Barroso, entretanto, não entrou hoje em detalhes sobre este tópico.”Não vou substituir os negociadores”, disse, em alusão à oferta do comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, duramente criticada pela França, Espanha e outros países da UE, que entendem que Mandelson excedeu seu mandato na ocasião.

Barroso lembrou hoje que, neste caso, que a Comissão tem um mandato para negociar em nome dos 25 estados membros da União Européia. Estes deverão respaldar as propostas do órgão executivo, enquanto Bush também terá de prestar contas perante o Congresso americano.

EUA e a UE também não chegaram a um consenso sobre os cortes que devem ser feitos nas tarifas alfandegárias em matéria de alimentos e sobre o acesso aos mercados.

Uma das metas compartilhadas pelos dois governantes, segundo Bush, é contribuir para a “prosperidade de nossos respectivos países, assim como para a do resto do mundo, através de um comércio livre e justo”.

De forma similar, o presidente da CE lembrou que a relação entre os dois blocos é extremamente importante em todos os âmbitos.

“Temos atualmente uma relação comercial de US$ 1 bilhão por dia”, citou Durão Barroso. A cifra equivale a 40% do comércio mundial.

Segundo acrescentou o presidente da CE, os dois blocos e o resto da comunidade internacional têm muito a ganhar se for alcançado um resultado ambicioso na Rodada de Doha.

A reunião de hoje entre Bush e Barroso é a primeira deste tipo ocorrida entre um presidente americano em um responsável pelo Executivo do bloco europeu desde 1989.

Barroso esteve acompanhado pela comissária européia de Relações Exteriores, a austríaca Benita Ferrero-Waldner. Bush, por sua vez, tinha a companhia do vice-presidente Dick Cheney e da secretária de Estado, Condoleezza Rice, entre outros altos funcionários.

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