Há poucos quarteirões do estádio de beisebol Wrigley Field na avenida Southport Avenue, em Chicago, o Ethel´s Chocolate Lounge acomoda-se entre uma série de bares, lojas e restaurantes da moda. Os consumidores que saem dos restaurantes ou bares cubanos das proximidades freqüentemente param para tomar um chocolate escuro cremoso com caramelo ou uma trufa de pinha colada antes de partir para a noitada. Nos fins de semana, depois das 19 horas é quase impossível encontrar lugar para sentar em um dos sofás de couro do lugar, enquanto os clientes regulares tomam expressos com chocolate quente e mergulham pedaços de torta em fondues de chocolate ao leite.
Parte loja de café, parte terra de fantasia de Willy Wonka, dono de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, lugares como o Ethel´s estão pipocando por todo os Estados Unidos. A Mars, fabricante de chocolates e confeitos como o M&M, lançou dez pontos-de-venda da Ethel´s na área de Chicago desde 2005 e está se expandindo a outras regiões neste ano.
O casual Moonstruck Chocolate Café, que abriu em Portland em 1993, agora tem sete lojas a maioria em Oregon e Illinois. A Bittersweet, espremida em meio a várias lojas no bairro de Pacific Heights, de San Francisco, traz um ar internacional, com prazeres da Europa, América do Sul e África. O Leonidas Chocolate Café, criado por uma empresa de doces belga de quase cem anos, possui duas lojas no sul da Califórnia.
A partir de junho, os “chocólatras” de Manhattan poderão ter alívio para seus desejos 24 horas por dia, quando Max Brenner, um especialista em chocolates formado na Europa, inaugurar suas lojas em Union Square e East Village.
O crescimento das lojas de café e chocolate acompanha o crescente gosto dos consumidores pelas complexidades do doce feito a partir do cacau. “Há muitos paralelos entre vinho e chocolate”, diz Clay Gordo, um especialista no assunto que tem um site chamado chocophile.com. Mesmo o mais exigente dos gastrônomos ficaria impressionado com as altas credenciais do grão de cacau. O vinho tem entre 200 e 300 componentes químicos que dão a cada variedade um sabor e aromas distintos. O chocolate possui mais de 1,5 mil.
Acrescente a popularidade do ambiente no estilo dos pontos da rede de cafés Starbucks e as lojas de chocolate viram uma receita de sucesso garantido. “O ambiente amplifica a experiência”, diz John Haugh, presidente da Mars Retail & Chocolate Gourmet. Também amplifica o preço. Uma trufa ou bala de caramelo custa entre US$ 1,50 e US$ 2,50, ou o preço de uma xícara de café da Starbucks.
Até os que esnobam o chocolate ficariam impressionados com os bocados finos da Vosges Haut-Chocolat, vendidos em cidades por todo o mundo, incluindo Londres e Honolulu. Luminosa e com disposição bem espaçada, a loja de Lincoln Park, em Chicago, possui apenas três pequenas mesas, o que faz jus a seu estilo de ser um lugar de comprar para viagem. A seleção da loja é, de longe, a mais exótica e refinada. As trufas Tlan Nacu combinam baunilha mexicana com chocolate escuro. A coleção de trufas astecas, uma seleção de 16 peças com os dois tipos, custa US$ 38.
Os produtos da Ethel´s são bem mais básicos. Por US$ 1,50, é possível comprar algo para qualquer um, desde os Chocolapolitna, recheados de licor, até o Passion Rumba, com creme de chocolate com sabor a frutas.
Com elegância parisiense, o La Maison du Chocolat, em Manhattan, é tanto loja de chocolates finos como pâtisserie. A torta de musse de café, de US$ 6, cai bem com o chocolate quente semidoce, de US$ 8.
O ambiente normalmente iguala-se às delícias dessas casas de chocolates. O Charbonnel et Walker Chocolate Café da loja de departamentos Saks Fifth Avenue, em Nova York, exibe uma fonte de chocolate de quase 1 metro. Uma esteira rolante mostra a ampla seleção de sobremesas.
No Jacques Torres Chocolate, no West Village, de Nova York, é possível beber um chocolate quente por US$ 3 ou comer os biscoitos por US$ 2,50, enquanto se vê os chefes transformando grãos de cacau em barras de chocolate. A descontração do lugar atrai as crianças, mas pode ser desagradável para quem busca um lugar sossegado para ler.
O Moonstruck enfatiza suas raízes do noroeste do Pacífico com um ambiente de relaxamento que encoraja os clientes a se sentar confortavelmente. “Cada café tem a personalidade de seu bairro”, diz o diretor operacional Delman Furhman O café no campus da University of Illinois fica aberto até tarde, enquanto o que está nos subúrbios de Portland é voltado para famílias. Também oferece um amplo menus de bebidas, eclipsando a seleção de trufas.
Os doces quentes do Leonidas, entre US$ 2,65 e US$ 4,80, feitos de chocolate belga derretido na hora estão entre os maiores destaques. Na loja de Pasadena, os mais vendidos são o Raspberry Rhapsody (chocolate quente com framboesa) e o Mexican Cocoa (amêndoa, canela, baunilha e chocolate).
As lojas de chocolate podem não ter o mesmo impacto de uma bebida da Starbucks. Mas são uma saborosa alternativa. (Tradução Sabino Ahumada)