18/01/2010 – Dados revelam o perfil de empresas exportadoras de capital nacional e comprovam a elevada dependência brasileira das vendas de commodities ao exterior. Veja aqui o estudo
A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) divulgou, no início do mês, um estudo sobre o comportamento das exportações brasileiras em relação aos tipos de produtos vendidos para o exterior, divididos nas categorias de manufaturados, commodities agropecuárias e commodities metálicas e minerais. O estudo cruza estas informações com dados sobre a origem do capital social de empresas exportadoras – nacional ou multinacional – e faz uma análise do perfil das exportações no País.
Tendo como base o universo de 20.408 empresas listadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior que efetuaram exportações em 2008, foram selecionadas e pesquisadas 1.376 empresas (834 de capital nacional e 542 de capital multinacional) representado 6,74% do total, cujas vendas ao exterior foram iguais ou superiores a US$10 milhões, e cujo montante exportado alcançou US$180,435 bilhões, equivalente a 91,16% do total de US$197,942 bilhões exportado pelo Brasil.
Classificação dos produtos exportados
Os produtos exportados de menor valor agregado foram separados nas categorias commodities agropecuárias – que inclui soja e derivados, café e derivados, carnes e derivados, cacau e derivados, suco de laranja, açúcar e etanol, milho, algodão, arroz, fumo em folhas, leite e derivados, frutas, couros e peles, papel e celulose, madeiras e compensados; e commodities metálicas e minerais – onde entram petróleo e derivados, minérios em geral, gusa, aço, metais, semimanufaturados de ferro e aço, produtos químicos, petroquímicos, fertilizantes, granitos, ouro em formas, pedras preciosas e caulim, entre os mais importantes.
Entre os produtos manufaturados foram incluidos aviões, automóveis, caminhões, tratores, autopeças, máquinas e equipamentos, navios e plataformas de petróleo, eletro-eletrônicos, armas, calçados, artigos de couro, têxteis e vestuário, móveis, portas e janelas, medicamentos em geral, balas e doces, produtos de beleza em geral, jóias, material de construção, alimentos industriais e em conservas, produtos metalúrgicos, plásticos, ração animal, cigarro, bebidas, embalagens em geral, energia elétrica, tecnologia e pesquisa, fungicidas, herbicidas e inseticidas, entre muitos outros.
Diferenças entre empresas nacionais e estrangeiras
Segundo o estudo, das 1.376 empresas exportadoras analisadas, 779 empresas, representando 56,61%, são exportadoras de commodities, e 597 empresas, equivalente a 43,39%, são exportadoras de produtos manufaturados. Se a mesma análise for feita com diferenciação da origem do capital social, os dados revelam que das 834 empresas de capital nacional, 590 empresas, representado 70,74%, são exportadoras de commodities, enquanto das demais 542 empresas estrangeiras, apenas 189 empresas, equivalente a 34,87%, exportaram commodities.
Quando o resultado financeiro das exportações é analisado, a diferença entre empresas de capital nacional e multinacional também fica evidente. Do total de US$109,955 bilhões exportados por empresas nacionais, US$93,483 bilhões, correspondente a 85,02%, são de commodities e apenas US$16,472 bilhões, equivalente a 14,98%, são de produtos manufaturados. Enquanto isso, do montante de US$70,480 bilhões exportados pelas empresas de capital estrangeiro, US$34,995 bilhões, representando 49,65%, são de manufaturados, enquanto US$35,485 bilhões, equivalente a 50,35%, são de commodities, revelando um maior equilíbrio.
Déficit tecnológico
Segundo o estudo da AEB, o perfil das exportações de 2008 comprova a elevada dependência nacional das exportações de commodities, embora o Brasil não possua qualquer controle sobre suas cotações e quantidades a exportar. E não há indícios de que a exportação de produtos manufaturados, de maior conteúdo tecnológico e portanto maior valor agregado, vá aumentar em 2010.
Para monitorar a intensidade tecnológica das exportações e importações da indústria de transformação, a Sociedade Brasileira Pró Inovação Tecnológica (PROTEC) e o Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vão estruturar, em 2010, o Observatório das Relações Tecnológicas da Indústria no Comércio Exterior. Segundo o diretor geral da PROTEC, Roberto Nicolsky, o déficit do comércio exterior em produtos de alta intensidade tecnológica quadruplicou de 2006 a 2008, ficando em US$ 51 bilhões. “Temos que identificar onde o País está se desindustrializando”, alerta.
Através de um levantamento inicial sobre a balança comercial da indústria, por produto, e o posterior acompanhamento da variação de suas taxas de importação e exportação, o objetivo do Observatório é verificar os resultados das políticas de apoio à inovação tecnológica e orientar seu curso. “Quanto mais empresas nacionais desenvolverem inovações, menores serão as taxas de importação de produtos industriais de alto valor agregado e maiores serão suas exportações”, explica Nicolsky.
Clique aqui para ver o estudo da Associação de Comércio Exterior do Brasil
(Fonte: Notícias Protec – 18/01/2010)