Qui, 10 de Maio de 2012 15:49 |
O Brasil é o maior produtor e o segundo maior consumidor de café no mundo. Em 2011 a produção de café no Brasil atingiu 48 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado e, em 2012, a previsão de produção é de até 50,4 milhões de sacas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Cerca de 10% da área total de produção é cultivada com irrigação, contribuindo com 25% da produção total. Para racionalizar o uso de água na lavoura cafeeira, a Embrapa Cerrados, vem desenvolvendo projetos de pesquisa multidisciplinares, visando estabelecer um sistema de produção eficiente para tornar a cafeicultura irrigada uma atividade competitiva e sustentável. A grande vantagem desse novo enfoque com manejo adequado da irrigação, o uso do estresse hídrico controlado, possibilita a sincronização do desenvolvimento das gemas reprodutivas e equilíbrio nutricional. Além da redução do uso de água e energia na irrigação, o que proporciona ganhos superiores a 33% de produtividade e melhoria na qualidade dos grãos, e economia no processo de colheita contribuindo para a sustentabilidade do agronegócio café. A Embrapa Café, que coordena o programa do Consórcio Pesquisa Café, é uma unidade de pesquisa da Embrapa, empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Linhas de pesquisa – Os resultados de pesquisa realizados pela equipe da Embrapa Cerrados e validados em diferentes regiões produtoras com distintas características climáticas como a região de Cerrado dos estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás e na região Sul de Minas Gerais se tornaram inovações com impactos positivos na cadeia produtiva do café. “Os resultados da aplicação da tecnologia do estresse hídrico controlado junto com o equilíbrio nutricional, notadamente o aumento da aplicação do fósforo, nas unidades de validação e transferência de tecnologia conduzidos em fazendas no Oeste da Bahia mostraram a possibilidade de obtenção de até 88% de uniformidade na floração e 82% de frutos cerejas na época de colheita confirmando os resultados experimentais. Em várias áreas de validação foi possível obter três colheitas consecutivas que, na média, atingiram resultados superiores a 60 sacas de café beneficiado por hectare”, afirma Guerra. Mais qualidade dos grãos – O Estresse Hídrico Controlado consiste na interrupção das irrigações até 70 dias no período mais seco e frio do ano. A suspensão das irrigações deve ser feita de 24 de junho até no máximo 4 de setembro, quando o produtor deve retornar com as irrigações para evitar que altas temperaturas, que normalmente ocorrem em final de setembro, comprometam o pegamento da florada do cafeeiro. Devido a maior uniformidade na floração e na maturação dos frutos o produtor consegue maior produtividade, mais qualidade e menor custo na produção. Caso a cafeicultura seja irrigada durante todo o ano, é possível que a planta apresente vários períodos de floração e, conseqüentemente, grande desuniformidade na maturação dos grãos. O Estresse Hídrico Controlado acaba por “educar” o cafeeiro para um desenvolvimento equilibrado em condições adequadas de cultivo. Desde 2005, várias unidades-piloto foram implantadas nas áreas de produção no Oeste da Bahia, Sul e Noroeste de Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal, para difundir a tecnologia nas principais regiões produtoras de café irrigado. Todos os anos, a resposta dessa tecnologia é avaliada para quantificar os benefícios no rendimento de grãos de qualidade, na economia de água e energia e nos custos de produção. Esses resultados são mostrados para outros produtores para que a tecnologia seja difundida. As visitas técnicas com a participação de técnicos agrícolas, produtores e estudantes de graduação e pós-graduação são realizadas ao longo do ano, em dias de campo para discutir os benefícios do uso da inovação do Estresse Hídrico Controlado. Resultados – Os resultados experimentais e das unidades de validação em diversas regiões, ao longo de um período de 11 anos, indicaram várias vantagens no uso do Estresse Hídrico Controlado na produção de café irrigado. A equipe de pesquisadores envolvida no desenvolvimento dessa inovação explica que a produção irrigada de café deve ser apoiada pelos principais fatores: alta produtividade, maior qualidade dos grãos e o menor custo de produção. Nas fazendas Lagoa do Oeste e Rio de Janeiro, da AdecoAgro, empresa parceira da Embrapa na validação da tecnologia, possuem uma área de café irrigado superior a 1500 hectares; e a colheita de café se estendia por vários meses e se obtinha no máximo 30% a 35% de frutos cerejas próprios para produção de cafés especiais. Com essas tecnologias e o empenho da equipe de café dessas fazendas, atualmente a colheita é feita no máximo em 60 dias e a obtenção de frutos cerejas supera significativamente os 65% da produção. “As melhorias no sistema de produção de café podem ser percebidas ainda pela redução de grãos mal formados, pelo aumento da qualidade do café e pela redução do custo de colheita.”, finaliza Guerra. Outras informações no site da Embrapa Cerradoshttp://www.cpac.embrapa.br/ Embrapa Café |