J.B. Matiello – Eng Agr Fundação Procafe e Carlos H.S. Carvalho – Pesquisador da Embrapa-Cafe junto à Funprocafe
Observações em campo e avaliações em experimentos mostram que cafeeiros submetidos a estresses, no caso atual pela estiagem, apresentam, em seguida, maior susceptibilidade a pragas como o bicho mineiro e a doenças, como a ferrugem.
Os cafeeiros cultivados podem ser de 2 tipos, quanto à susceptibilidade a pragas e doenças. Podem ser resistentes, em variados níveis, ou susceptíveis. Essa característica é determinada pela constituição ou fatores genéticos das plantas.
Os mecanismos de resistência podem ser físicos, com barreiras para a entrada dos patógenos ou químicos e fisiológicos, com a produção de substâncias indutoras ou responsáveis pela resistência.
As substâncias de resistência são normalmente proteínas ou enzimas que são produzidas pelas plantas de café.
No caso do ataque de bicho mineiro já existem materiais resistentes, dentre eles, em estágio avançado de desenvolvimento, o material de Siriema, originado de cruzamento entre as espécies C. arabica e C. racemosa. Nesses cafeeiros de Siriema já se verificou que as folhas muito velhas acabam sendo infestadas pelo bicho mineiro, indicando que, nessas folhas, as substâncias de resistência ficam reduzidas.
Recentemente, depois do período de stress hídrico, verificou-se que a infestação do BM aumentou nas plantas resistentes, sinalizando que, sob stress, as plantas, igualmente, reduziram a produção das substâncias de resistência.
No caso da ferrugem também existem materiais resistentes e susceptíveis. As observações em campo mostram que as plantas resistentes assim se mantém, porém, as suceptíveis, como a Catuai e Mundo Novo, aparecem com forte ataque depois do período de stress hídrico, devido, provavelmente, à redução das substâncias responsáveis por suportar o ataque do fungo da ferrugem. Essa maior susceptibilidade ocorre, de forma semelhante, em plantas com maior carga de frutos, para onde reservas são carreadas, deixando as folhas mais susceptíveis.
Resta destacar que foi verificado, em campo, que, passada a condição de stress, as plantas resistentes voltam à sua normalidade, ou seja, se mantém resistentes.