Estradas ruins causam perdas de R$ 800 milhões por ano

Por: Gazeta Mercantil

TRANSPORTE E LOGÍSTICA
12/09/2007 

 
São Paulo, 12 de Setembro de 2007 – Pesquisa da Fundação Dom Cabral revela custo adicional com manutenção e diesel. As péssimas condições das estradas brasileiras causam um prejuízo de R$ 800 milhões por ano às empresas do País somente com os gastos com manutenção dos veículos e combustível. Foi o que detectou uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC) com 149 empresas de setores representativos da economia, agronegócio, automotivo, vestuário e calçados, farmacêutico, eletroeletrônico, varejista e atacadistas, maquinas e equipamentos, que utilizam frota própria. Os dados foram coletados nos últimos cinco anos e será divulgada em outubro.


Pelo levantamento, segundo o coordenador da pesquisa Paulo Resende, seria necessário investimento da ordem de R$ 5 bilhões para tornar as rodovias brasileiras em bom estado de conservação. “Com a economia de R$ 800 milhões, em sete anos o governo conseguiria o retorno dos recursos aplicados”, disse o pesquisador. Ele afirmou ainda que para todos os setores estudados a falta de infra-estrutura no transporte rodoviário foi indicado como um fator relevante para o aumento do custo logístico para as empresas. “A elevação das despesas operacionais para essas empresas chegou a 25% nos últimos cinco anos, isso pela deterioração da malha e por problemas portuários com o excesso de greves nos terminais brasileiros”, explicou o pesquisador.


Conforme Resende, todas as empresas pesquisadas disseram que procuram alternativas ao transporte rodoviário para minimizar os efeitos da malha deficiente. Um dos modais que poderia ser mais utilizado, de acordo com o levantamento, é o ferroviário. “Mas o Brasil não tem uma malha extensa, que atenda o interior do País principalmente. Os investimentos em infra-estrutura devem ser considerados questão de Estado”, disse Resende.


O Grupo G10, de Maringá (PR), que transporta carga agrícola e administra uma frota de 500 veículos pesados, gasta por mês cerca de R$ 2 mil em manutenção com cada caminhão. “O normal seria um custo de R$ 800 mensais”, disse o presidente do G10, Claudio Adamucho. As transportadoras que compõem o grupo circulam em todo o Centro-Oeste do País em direção aos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).


O dirigente afirmou, ainda, que os gastos com combustíveis crescem 5% em função da baixa produtividade dos equipamentos. “A velocidade de cruzeiro dos caminhões cai cerca de 10%. O normal seria uma velocidade de 55 quilômetros por hora, mas os caminhões andam a 50 quilômetros”.


Segundo ele, por mês cada caminhões consome 5,25 mil litros de óleo diesel. “Se rodássemos em rodovias conservadas, esse gasto seria de 5 mil litros por mês”, ressaltou Adamucho. “Nas estradas mal conservadas temos um custo alto com manutenção, mas nas rodovias pedagiadas, principalmente as paulistas, os gastos com pedágio não compensam o ganho com a produtividade”, disse Adamucho. “Cada caminhão gasta cerca de R$ 3 mil em pedágios/mês em São Paulo. A forma com que foi feita a privatização neutraliza os ganhos com produtividade e manutenção”, ressaltou.


A Transportadora Grande ABC, com frota de 600 caminhões e 500 carretas, tem um aumento no custo de cerca de 22% em função das condições das estradas brasileiras. O presidente da empresa, Antonio Caetano Pinto, disse que se neste valor for incluída a baixa produtividade do veículo, a despesa pode até duplicar. “Além disso, há uma perda também quando se pára o veículo”. A Grande ABC faz a logística just in time de peças e componentes para montadoras , principalmente as instaladas na região do ABC paulista.


(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 4)(Ana Paula Machado) 

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