DCI – 13/01/2015
Nayara Figueiredo
São Paulo – Mesmo com quebras de até 50% nas lavouras e redução da produtividade por conta da estiagem, a exportação cafeeira bateu o recorde em volume e faturamento em 2014. Isso porque os estoques ajudaram os produtores a honrarem seus contratos, fato que não poderá se repetir neste ano.
Representantes do setor ouvidos pelo DCI afirmam que o problema continua o mesmo: falta de chuvas, que devem acarretar perdas regionalizadas na produção.
Balanço divulgado ontem pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé) mostra que o País embarcou 36,3 milhões de sacas entre os meses de janeiro e dezembro, alta de 14,7% em relação a 2013. A receita chegou a US$ 6,57 bilhões, um salto de 26% sobre os US$ 5,21 bilhões obtidos no resultado anterior.
Cenário negativo
“A essas 36 milhões de sacas exportadas, acrescente a demanda de 20 milhões de sacas para suprir o mercado interno. A produção do ano passado nem atingiu a marca de 50 milhões de sacas, faltaram pelo menos 10 milhões que foram supridas com estoque. Só que, neste ano, se vendermos a mesma quantidade e a produção for pequena, não teremos estoque para suprir”, explica o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que o Brasil colheu 45,3 milhões de sacas de 60 quilos de café em 2014, queda de 7,7% na comparação com a temporada passada.
Segundo o executivo da maior cooperativa do mundo no setor, ainda não houve problema de desabastecimento de matéria-prima na indústria, mas a oferta deve ficar mais ajustada a partir do mês de março. Daí em diante, maiores impactos negativos vão depender do clima da colheita.
Para o sul de Minas Gerais, principal estado produtor, uma avaliação da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel) já se estima queda de 20% na produção de 2015 em função da seca recente em cafezais já prejudicados pela estiagem do ano passado. Na região, a produtividade também deve passar de 17 sacas por hectare para 15 sacas por hectare, neste período. “A situação do sul de Minas está ainda pior que a nossa, no Triângulo Mineiro”, confirma o presidente da Cooxupé.
Clima
A previsão é que as chuvas voltem às regiões cafeeiras a partir do dia 25 de janeiro e permaneçam durante todo o mês de fevereiro. O agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos, acredita que em março deva vir uma nova estiagem.
“Haverá quebra de safra sim, mas não tão acentuada como em 2014. Temos que tomar cuidado porque a chuva está muito regionalizada, algumas áreas estão se beneficiando e outras não, o que não traz condições nem um pouco favoráveis para os cafezais”, afirma.
Preços
As preocupações em relação aos efeitos do clima para a safra brasileira têm sustentado os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York, que chegaram a subir mais de 4% na última semana. Paulino conta que não é possível estimar quais patamares os preços da commodity podem atingir na hipótese da necessidade, e falta, de estoque projetada pela cooperativa, a única certeza é que devem seguir em alta.
Nesta safra, entre os meses de julho e dezembro de 2014, as exportações cafeeiras chegaram a 18,7 milhões de sacas, avanço de 13,2% ante o igual período de 2013. O volume foi negociado a cerca de US$ 196,27 por saca, uma variação anual de US$ 47,85, ou seja, crescimento de 32,2% nos preços praticados pelo mercado.
Levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que os valores continuam crescentes desde no ano passado, com o fechamento do Indicador Café Arábica Cepea/Esalq, ontem, aos US$ 187,15 ou R$ 499,31 por saca de 60 quilos, avanço de 9,95% na variação mensal e ganho de 1,1% na diária.
DCI – 13/01/2015
Nayara Figueiredo
São Paulo – Mesmo com quebras de até 50% nas lavouras e redução da produtividade por conta da estiagem, a exportação cafeeira bateu o recorde em volume e faturamento em 2014. Isso porque os estoques ajudaram os produtores a honrarem seus contratos, fato que não poderá se repetir neste ano.
Representantes do setor ouvidos pelo DCI afirmam que o problema continua o mesmo: falta de chuvas, que devem acarretar perdas regionalizadas na produção.
Balanço divulgado ontem pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé) mostra que o País embarcou 36,3 milhões de sacas entre os meses de janeiro e dezembro, alta de 14,7% em relação a 2013. A receita chegou a US$ 6,57 bilhões, um salto de 26% sobre os US$ 5,21 bilhões obtidos no resultado anterior.
Cenário negativo
“A essas 36 milhões de sacas exportadas, acrescente a demanda de 20 milhões de sacas para suprir o mercado interno. A produção do ano passado nem atingiu a marca de 50 milhões de sacas, faltaram pelo menos 10 milhões que foram supridas com estoque. Só que, neste ano, se vendermos a mesma quantidade e a produção for pequena, não teremos estoque para suprir”, explica o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que o Brasil colheu 45,3 milhões de sacas de 60 quilos de café em 2014, queda de 7,7% na comparação com a temporada passada.
Segundo o executivo da maior cooperativa do mundo no setor, ainda não houve problema de desabastecimento de matéria-prima na indústria, mas a oferta deve ficar mais ajustada a partir do mês de março. Daí em diante, maiores impactos negativos vão depender do clima da colheita.
Para o sul de Minas Gerais, principal estado produtor, uma avaliação da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel) já se estima queda de 20% na produção de 2015 em função da seca recente em cafezais já prejudicados pela estiagem do ano passado. Na região, a produtividade também deve passar de 17 sacas por hectare para 15 sacas por hectare, neste período. “A situação do sul de Minas está ainda pior que a nossa, no Triângulo Mineiro”, confirma o presidente da Cooxupé.
Clima
A previsão é que as chuvas voltem às regiões cafeeiras a partir do dia 25 de janeiro e permaneçam durante todo o mês de fevereiro. O agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos, acredita que em março deva vir uma nova estiagem.
“Haverá quebra de safra sim, mas não tão acentuada como em 2014. Temos que tomar cuidado porque a chuva está muito regionalizada, algumas áreas estão se beneficiando e outras não, o que não traz condições nem um pouco favoráveis para os cafezais”, afirma.
Preços
As preocupações em relação aos efeitos do clima para a safra brasileira têm sustentado os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York, que chegaram a subir mais de 4% na última semana. Paulino conta que não é possível estimar quais patamares os preços da commodity podem atingir na hipótese da necessidade, e falta, de estoque projetada pela cooperativa, a única certeza é que devem seguir em alta.
Nesta safra, entre os meses de julho e dezembro de 2014, as exportações cafeeiras chegaram a 18,7 milhões de sacas, avanço de 13,2% ante o igual período de 2013. O volume foi negociado a cerca de US$ 196,27 por saca, uma variação anual de US$ 47,85, ou seja, crescimento de 32,2% nos preços praticados pelo mercado.
Levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que os valores continuam crescentes desde no ano passado, com o fechamento do Indicador Café Arábica Cepea/Esalq, ontem, aos US$ 187,15 ou R$ 499,31 por saca de 60 quilos, avanço de 9,95% na variação mensal e ganho de 1,1% na diária.