Estímulo à produção de borracha no Paraná

Por: Valor Econômico

 14/10/2013


Estímulo à produção de borracha no Paraná


Por Bettina Barros | De São Paulo


Voltado para os plantios de soja e milho, o Paraná começa a se articular para entrar também no mapa brasileiro da borracha natural. A ideia é incentivar o cultivo de seringueiras como forma de atender à demanda pela matéria-prima, turbinada com a chegada no mês passado da primeira fábrica de pneus ao Estado.


Governo do Estado e associações de produtores rurais iniciaram discussões para tentar viabilizar a heveicultura no noroeste paranaense. Além de atender à indústria, o governo avalia que a cultura poderia ser uma alternativa econômica interessante para uma região carente de opções.


“É uma região com clima e solo bons para a seringueira, e também com muitas áreas de pastagens degradadas”, afirma Norberto Ortigara, secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná. De acordo com ele, a heveicultura poderia abranger até cem municípios do Estado.


Desde o primeiro semestre, com a aproximação da entrada em operação da planta da Sumitomo Rubber Industries, empresa do conglomerado japonês responsável pela fabricação de pneus, na zona metropolitana de Curitiba, lideranças políticas e do agronegócio paranaense intensificaram as conversas. No próximo dia 24, representantes da Secretaria de Agricultura e da indústria pneumática, além de produtores da Cocamar e heveicultores de São Paulo (o ex-secretário paulista da Agricultura, João Sampaio, entre eles) farão um dia de campo nos arredores de Maringá para discutir uma futura produção local de borracha.


Hoje, o Paraná conta com experiências limitadas – há menos de mil hectares plantados com seringueiras -, apesar de ser um polo da indústria automotiva e, por conta disso, atrair também a indústria de pneus. Sem entrar em detalhes, Ortigara afirmou que uma empresa italiana de pneus “estaria especulando” instalar-se perto das montadoras.


Por enquanto, as conversas ainda estão em fase incipiente. Nenhuma ação concreta foi formulada pelo Estado. O maior gargalo, segundo Ortigara, é a falta de mudas – São Paulo, o maior produtor, não tem condições de abastecer também o mercado paranaense. “Estamos na fase de articulação para conseguir o essencial, que é a muda”, diz.


A intenção é fomentar viveiros de seringueiras e depois custear 50% das mudas para o produtor.


Nesse cenário, a Cocamar, segunda maior cooperativa do Paraná, atuaria como uma parceira, incluindo a cultura no portfólio de seus associados. “Estamos apresentando aos produtores a borracha e os rendimentos altos que ela pode dar”, disse Luiz Lourenço, presidente da entidade.


Ainda que o projeto paranaense deslanche, a expectativa de inverter a balança comercial brasileira da borracha natural não ocorrerá tão cedo. A primeira sangria da árvore ocorre apenas sete anos após o plantio. Nas próxima década, portanto, o suprimento da matéria-prima continuará vindo da Indonésia e Tailândia, os líderes em produção.


Estimativas do mercado apontam para a necessidade de 17 mil hectares ou mais para atender a demanda da Sumitomo em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba. A empresa diz que não pretende investir em terras para garantir suprimento. “Mas apoiamos intensamente as ações do Estado”, disse Valnei Andretta, gerente de compras da companhia no país.


De acordo com Andretta, a Sumitomo pretende chegar à produção de até três mil unidades por dia já em dezembro deste ano e, em 2015, a 15 mil pneus por dia graças à expansão da unidade instalada. “Onde tiver seringueira e látex, vai ter consumo”.

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