Estiagem reduz colheita brasileira de café e impulsiona preços no exterior

Por: Último Segundo

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04/10/2007 
  
 
16h29
Omar Lugo Rio de Janeiro, 4 out (EFE).- Uma forte estiagem assola este ano os cafezais do Brasil e afetará a próxima colheita, o que por sua vez ajuda a impulsionar novas altas nos preços do café no mercado internacional, declararam hoje analistas do setor.
Segundo uma análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, a manutenção do clima quente e seco em setembro aumenta a preocupação com relação a este quadro.


“Os preços estão subindo desde o fim de setembro e seguem subindo esta semana, com tendência de alta em um mercado muito influenciado pela falta de chuvas e as geadas no inverno”, explicou à Agência Efe a pesquisadora Daiana Braga, do Cepea.


Braga acrescentou que “a tendência é de que os preços sigam subindo, se o clima permanecer seco e as chuvas de outubro e novembro não forem suficientes”.


O Brasil é o principal produtor, exportador e segundo maior consumidor de café no mundo, e por isso seu processo de colheita do grão é acompanhado muito de perto pelo mercado internacional.


“Até o final de setembro se previa uma queda na colheita de 10% nas principais regiões produtoras”, segundo relatório do Cepea.


“Desta forma se torna mais remota a possibilidade de que a produção chegue ao recorde de 50 milhões de sacas (com 60 quilos por saca), volume que seria semelhante ao da temporada 2002/03”, acrescenta o texto.


O café da variedade arábica, o mais apreciado nos mercados internacionais, representa cerca de 80% da produção e exportação brasileira.


O indicador de preços do Cepea para esse tipo de café subiu 1,81% em setembro com relação ao mês anterior, para R$ 259,15 (cerca de US$ 140) a saca.


Na BM&F, o arábico para entrega em dezembro fechou ontem em US$ 164,9, e para março em US$ 170.


Em setembro do ano passado a saca era negociada a cerca de US$ 126, com o câmbio atual.


As exportações totais de café do Brasil chegaram em agosto a 2,184 milhões de sacas, com queda de 22% com relação a agosto de 2006, segundo o Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).


O cultivo do grão possui ciclo de dois anos, o que significa que uma temporada de baixa colheita – na qual os pés de café se recuperam da produção anterior – costuma vir acompanhada por outra de alta.


Na temporada 2006-07, o Brasil colheu 42,5 milhões de sacas, um número expressivo, mas longe do recorde registrado em 2002-03. Na safra atual (2007-08), que começou em maio, o Ministério da Agricultura calcula 32,1 milhões de sacas.


A seca é mais crítica no sul do estado de Minas Gerais, que responde pela metade da colheita do café da variedade arábica no país.


Processos de irrigação artificial foram insuficientes para devolver vitalidade aos pés de café, já bastante debilitados pela estiagem e o forte calor.


“O clima seco pode comprometer a próxima safra (2008-09), cuja colheita começa em maio do ano que vem, e reduzir assim o ciclo bienal positivo do cultivo”, informou o Cepea.


Já no caso dos grãos da variedade “robusta”, menos valorizados no mercado, a chuva que caiu em setembro no norte do Espírito Santo, maior produtor do Brasil, favoreceu a colheita.


Mas em Rondônia, segundo maior produtor nacional da variedade, já se espera uma queda de 20% na safra 2008-09.


Os preços do robusta também subiram (2,03%) em setembro com relação ao mês anterior, para o equivalente a cerca de US$ 100 a saca, impulsionados pela variedade arábica, pela seca e por uma oferta limitada no Vietnã, principal produtor do grão.


O reaquecimento da demanda no mercado brasileiro também está impulsionando os preços.


A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) calcula que o consumo do produto no Brasil crescerá de 5% a 6% este ano, para 13 milhões de sacos.


Em 2010, de acordo com a pesquisadora Daiana Braga, o país poderia, inclusive, superar os Estados Unidos como principal consumidor mundial de café. EFE ol fr 
 
 

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