fonte: Cepea

ESTIAGEM DEVE REDUZIR SAFRA BRASILEIRA DE CAFÉ, APONTA CNC




     SAFRAS (13) – O Brasil poderá colher uma safra de café inferior à
anteriormente estimada pelos órgãos governamentais, favorecendo ainda mais para
um quadro de ajuste entre a oferta e demanda mundial. Cerca de 60% da área
cultivada com a commodity no País sofreu com a falta de chuvas e altas
temperaturas na fase de enchimento de grãos, no início deste ano. Os reflexos da
estiagem começam a ser sentidos com o aparecimento de frutos murchos e
escurecidos, o que pode comprometer também a qualidade do grão. A avaliação
parte do Conselho Nacional do Café.
“Se o Brasil produzisse até 43 milhões de sacas, a situação seria de
equilíbrio. Agora, o quadro de abastecimento mundial pode se tornar problemático
mais cedo”, avalia Maurício Miarelli, presidente do Conselho Nacional do Café
(CNC). Técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estão em campo
realizando o levantamento da safra, que será divulgado no próximo dia 7. Na
primeira pesquisa, a estatal previa uma colheita entre 40,4 a 43,5 milhões de
sacas em todo o País.
As condições climáticas para a cultura foram desfavoráveis no início do
ano, sobretudo no Sul de Minas Gerais e Zona da Mata, parte de São Paulo,
Espírito Santo e Bahia. Dados do Centro de Informações do Agronegócio da
Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais indicam
quebra na safra de até 20% na Zona da Mata Mineira. Levantamento da Fundação
Procafé, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
apontam perda de 8,87% no Sul de Minas Gerais.
O coordenador técnico de café da Emater/MG, Marcelo de Pádua Felipe,
acredita em uma redução média de 15% na safra do estado. Minas Gerais responde
por 50% da produção nacional. “Podemos ter ainda perda no rendimento do grão
durante a colheita, que este ano será antecipada para abril”, diz Felipe. Para
o assessor de Negócios da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda
(Cooxupé), Otto Vilas Boas, haverá perda, mas é cedo para contabilizar o
prejuízo. Os produtores de café do Cerrado também sofreram com a estiagem e
conseqüente enegrecimento dos frutos. Dados do Conselho das Associações dos
Cafeicultores do Cerrado (Caccer), vinculado ao CNC, indicam perda média de até
3% da produção.
No Espírito Santo, as cooperativas locais apontam quebra que chega a 30%,
dependendo da variedade e do tipo de cultivo. É o caso da Cooperativa Agrária
dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooagabriel), associada ao CNC, que espera uma
redução na safra de conilon. Antes da perda, estimava-se uma produção estadual
de 2,3 milhões de sacas de café arábica e 6,8 milhões de conilon. Na Bahia, os
cafeicultores avaliam redução de cerca de 20% nas lavouras irrigadas e 50% para
as de sequeiro. Em São Paulo, segundo o engenheiro agrônomo Roberto Maegawa, da
Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec), associada ao CNC, foi
verificada queda de cafés em quantidade e tamanho acima do normal. A análise do
material, realizada pelo Instituto Biológico de Campinas mostrou que o estresse
climático pode ter afetado o grão. Ainda não existem estimativas de quebra da
safra na região.
Veja abaixo quadros destacados pelo CNC mostrando o quadro de oferta e
demanda mundial e a seguir os efeitos da estiagem nesta safra brasileira
2006/2007 por região, segundo um levantamento feito junto às principais áreas
produtoras:

Quadro de Oferta e Demanda Mundial (em milhões de sacas)
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Safra Consumo Produção
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2004/05 119,9 122,4
2005/06 122,3 113,2
2006/07* 124,8 126,5
2007/08* 127,2 123,7
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*Estimativa / Fonte: USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos)
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Efeitos da estiagem
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Região Perda (em %)
Sul de Minas Gerais 8,87
Zona da Mata 20
Cerrado 3
Bahia 20 a 50
Espírito Santo 10 a 30
São Paulo *
————————————————————————–
* não estimada / Fonte: Mercado
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CNC Conselho Nacional do Café

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