24/11/2006 17:11:22 –
Guarapari/ES – Qualidade é a palavra-chave do 14º Encafé – Encontro Nacional das Indústrias de café, aberto oficialmente na quarta-feira, 22, no Centro de Convenções do Sesc de Guarapari (ES) com a presença do governador Paulo Hartung e de autoridades dos governos federal, estadual e municipal. Ao longo da quinta-feira, palestras de assuntos variados apontaram a importância da manutenção e melhoria do padrão qualitativo do produto.
A socióloga Ivani Rossi, da consultoria InterScience, que pesquisa há quatro anos os hábitos dos consumidores nacionais, apresentou dados positivos para o setor. A rejeição ao café diminuiu em quatro pontos percentuais. A pesquisa, feita com 2.180 pessoas de diferentes regiões do país, aponta para um índice de rejeição 3% este ano. “Isso já é um reflexo da campanha café e Saúde, que deve ser mantida e incrementada”, ressalta Ivani.
Os dados positivos não param por aí. A pesquisa indica ainda um aumento do consumo entre as mulheres da Classe A entre 36 e 50 anos. A pesquisadora enfatizou a necessidade de a indústria seguir investindo em qualidade e sugeriu especial atenção ao mercado de sucos e chás, segmentos hoje apontados como concorrentes em potencial. Com olhar atento à manutenção do market share, o economista Eduardo Giannetti da Fonseca aconselhou o setor a não esquecer da qualidade, lembrando que deve ser dada atenção às pesquisas na área de saúde, buscando antecipar informações a respeito da cafeína e seus efeitos.
Ao longo de sua palestra, falou sobre a situação do Brasil hoje, comparando-a com um copo meio cheio, meio vazio. “O meio cheio são as notícias boas e o outro, as ruins”, explicou. Na parte positiva, indicou três conquistas do governo do presidente Lula: o cumprimento das metas de inflação, o controle da dívida pública e o controle das contas externas. Ao falar do copo vazio citou o baixo crescimento econômico do país – média de 2,4 % nos últimos 11 anos – e da produção. Outro problema é a questão fiscal que ainda precisa de reforma. “O país tem conseguido recuperações cíclicas, mas não um crescimento sustentável, o que na prática significa investimento em capital físico e humano”, declarou.
A carga tributária, que corresponde a 38% do PIB, também foi alvo de crítica. Assim como a pouca confiança dos investidores no país por conta da carência de marcos regulatórios. O economista previu ainda o boom do agronegócio, principalmente no setor de bioenergia. Rastreabilidade Com vistas a ofertar um café de qualidade ainda melhor e produto diferenciado, a Associação Brasileira da Indústria do café (ABIC) e o Conselho das Associações de Cafeicultores do Cerrado (Caccer) assinaram o convênio que garante a rastreabilidade do produto desde a fazenda. “Entramos num caminho sem volta quando optamos, há muitos anos, pela qualidade”, destacou o presidente da ABIC, Guivan Bueno.
Segundo ele, essa parceria mostrará ao consumidor brasileiro e ao mundo que o Brasil é sério nas questões relacionadas ao café. Na palestra seguinte, o Consultor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, Eugênio Foganholo, falou sobre os riscos que o setor corre em relação à qualidade, quando relacionada a preço. Ou seja, a compra de matéria-prima mais barata para garantir preços menores. “Aumentaram muito as exigências dos fornecedores”, disse ao destacar que perda na qualidade significará redução de consumo. Foganholo indicou ainda que as oportunidades de mercado no Brasil estão cada vez mais fora do lar e ressaltou que as certificações – ambiental, origem definida, segurança alimentar e responsabilidade social – podem significar a sobrevivência do café.
Na apresentação dos representantes do Ministério da Agricultura, o tom era de otimismo. Tanto o diretor do Departamento do café, Vilmondes Olegário da Silva, quanto o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério, Linneu Carlos da Costa e Silva, apresentaram um apanhado geral de sua gestão. O saldo principal na avaliação da dupla foi a união da cadeia, o que permitiu a implementação de novas políticas para o setor cafeeiro e a mobilização dos recursos do Funcafé. A dupla do governo, junto com representantes do Conselho de Deliberativo da Política Cafeeira (CDPC), foi homenageada pela ABIC.
À tarde, foi apresentado o Programa Circulo do café de Qualidade. De acordo com o diretor-executivo da ABIC, Nathan Herszkowicz, o objetivo do programa é atender a demanda por cafés de qualidade e consolidar o segmento de café gourmet e especiais que agrega valor. Durante a apresentação, foi anunciada a intenção de adesão de 26 lojas distribuidoras em diversos Estados e as 12 primeiras empresas que assinaram um livro, dando início ao programa. Nesse total, está a Associação Brasileira de Alta Gastronomia (ABAGA). Os demais são cafeterias.