Espírito Santo. Nosso café no coração do mercado europeu

ECONOMIA
02/08/2010 
  
Rita Bridi
rbridi @ redegazeta.com.br


O cafeicultor Edmar Zuccon, de Brejetuba, já conseguiu o que muitos produtores ainda estão buscando: uma fatia do competitivo e seletivo mercado internacional de cafés finos. Há dois anos ele está exportando para a Alemanha e Itália parte do café arábica produzido na fazenda de sua propriedade, a Santa Clara. Nesse período foram 3 mil sacas e a expectativa é ampliar o volume e o número de compradores.


As vendas externas feitas por Zuccon foram as primeiras operações com pessoa física no Estado. Ou seja, ele foi o primeiro produtor a exportar diretamente o café e, com isso, agregar maior valor. O preço médio do café exportado foi de R$ 400 por saca. O produtor chegou aos compradores internacionais por meio do corretor de café, Grives Machado.


Para conquistar uma fatia do mercado externo, entretanto, os cuidados são muitos. Vão desde a seleção das mudas, aos tratos da lavoura (poda, adubação, renovação), colheita seletiva, despolpamento, secagem e ensacamento. Da lavoura, o café vai diretamente para o despolpador e daí para o secador, sem passar pelo terreiro.


Na Santa Clara, a colheita é feita em três etapas, para garantir maior percentual de grãos maduros, que vai resultar em maior volume de café de qualidade. Tanto cuidado aumenta em 20% o custo de produção, mas o resultado final é compensador. O café de qualidade, o top de linha, ou o fully washed, tem remuneração 40% maior. “O custo é alto, mas a remuneração é melhor”, atesta Zuccon.


A fazenda Santa Clara tem 1 milhão de pés de café, que rendem uma média de 8 mil sacas por ano e 50% do café ali produzido é café especial. A única atividade na propriedade é a produção de café, por ser a alternativa mais rentável na região e, também, por ter se transformado na paixão do produtor.


“O café é a minha paixão. Os pés de café que tenho são o meu patrimônio e não me vejo fazendo outra coisa que não cuidar das lavouras de café”, destaca Zuccon. E ele faz questão de acompanhar tudo. Nada na propriedade é feito sem seu conhecimento, sem sua orientação. “Faço questão de acompanhar tudo para não perder o controle da qualidade e não fugir da meta que eu impus, que é a de melhorar produtividade e a qualidade”.


Qualidade não pode esperar

Os produtores capixabas de café arábica que estão pensando em conquistar o mercado externo com os cafés de qualidade, os chamados fully washed e semi washed, não podem ficar esperando por mais tempo, porque perderão o espaço para os cafés da Colômbia e da América Central.


O alerta é do corretor de café, Grives Machado, que atua na área há mais de duas décadas. Hoje, explica ele, ainda há espaço no mercado internacional para o café de qualidade, mas as oportunidades não se manterão por muito tempo. “Quem não conseguir exportar nos próximos três anos vai encontrar dificuldade e terá que competir com cafés de outros países”, avisa.


Ele reconhece, entretanto, que a conquista do mercado internacional não depende apenas do produtor, que está descapitalizado e sem linha de crédito específica para a melhoria da qualidade e produtividade do café. Machado destaca que há crédito para os cafeicultores, mas defende uma linha especial, com juros subsidiados e carência de dois anos, para os programas de melhoria da qualidade.


“Depois de 20 anos visitando lavouras e cafeicultores concluo que os produtores, principalmente de arábica, estão descapitalizados e totalmente abandonados pelos órgãos incentivadores da produção e do próprio sistema financeiro”, destaca.

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