Especialista em café, barista é profissional raro no país

28 de outubro de 2007 | Sem comentários Barista Consumo
Por: Jornal de Piracicaba

Misto de enólogo, sommelier e barman, o barista se profissionaliza em curso com duração média de uma semana
 
 
O barista é uma profissão jovem no Brasil, despontando no mercado de trabalho há sete anos. A procura pelo profissional passa por um boom no mercado nacional, afirma o proprietário da Casa do Barista no Rio de Janeiro, Emílio Rodrigues. Só na região Sudeste há 2.500 cafeterias, nicho de trabalho para os profissionais que entendem de toda a arte do café –– desde o plantio até o preparo final da bebida. O Brasil é o maior produtor mundial de café, sendo responsável por 30% do mercado internacional.
“O barista é uma mistura de enólogo, sommelier e barman”, diz Rodrigues ao resumir a profissão. O especialista sabe da história e do cultivo do café e do atendimento ao consumidor. Segundo o proprietário da casa carioca voltada a estudos e formação sobre café, atualmente há poucos profissionais qualificados porque a formação de mão-de-obra é nova no país.
“O bom barista é aquele que domina todo o processo de produção de drinks de café e de lattle art (a técnica de fazer arte e desenhos com leite vaporizado em bebidas de café)”, informa.
Além de deter todo esse conhecimento, o barista leva consigo a responsabilidade de tirar uma bebida que tem toda uma complexa cadeia de produção anterior.
“O café depende da alquimia final e o barista é peça fundamental no processo. Ele é a última pessoa de uma cadeia meticulosa e onerosa. O barista não é só representante de um bom café, mas de uma indústria poderosa, que representa a segunda maior movimentação financeira em bolsas de valores do mundo inteiro, só perdendo para o petróleo. A responsabilidade do barista é colocar a cereja no bolo e coroar um processo de produção”, relata Rodrigues.
Responsabilidade que é bem vista em países desenvolvidos. Chamada por “profissão de bolso”, o proprietário da Casa do Barista informa que ser barista é uma porta de entrada em países que apreciam um bom café.
“Um bom barista tem as portas abertas em países ricos, que são os que mais gostam de café e onde o profissional tem mais valor. Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca, Japão, Alemanha, Itália são países que pagam pelo qualidade do café”, relata Rodrigues.
O processo de formação de um barista é outro chamariz para quem se interessa pela profissão. Um curso básico dura cerca de cinco dias, numa carga horária total de 15 horas. Durante tal período, o aluno aprende sobre as variedades, origem, características da bebida, máquinas e utensílios e lattle art.
Porém, há uma certa dificuldade de encontrar formação no interior do Estado. Na cidade de São Paulo, os sites do Centro de Preparação de Café e do Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo fornecem informações sobre cursos.
Ainda conforme Rodrigues, um profissional inicia sua carreira ganhando R$ 750, valor que pode passar para mais de R$ 3.000 com a experiência na área. Um barista pode trabalhar numa cafeteria, promover eventos e ministrar cursos e palestras sobre o café.
De olho nessa fatia do mercado, o gastrônomo e barista Valério Nogueira de Freitas, 33, está na profissão há pouco mais de um ano e recicla suas informações com freqüência. Além de graduar-se em gastronomia e fazer um curso inicial na profissão, ele já fez outras três atualizações. “Sempre procuro cursos que me tragam informações diferentes das que já obtive nos anteriores”, diz.
Freitas trabalha numa cafeteria de um hipermercado de Piracicaba e relata que entender da história e da produção do café auxilia no momento do atendimento ao consumidor final. “É necessário saber do gosto da pessoa para identificar o melhor café ou bebida derivada dele para servir bem ao cliente. Todo barista é um pouco psicólogo”, relata.
No dia-a-dia do barista, a função contempla a verificação da temperatura e moagem da máquina de café até criação de receitas, diz o barista natural de Guaíra (SP). Profissionais com a bagagem de Freitas são disputados no mercado de trabalho, relata a responsável pela área de café expresso da Café Morro Grande, Mariana Nicotti da Glória. Cinco meses foi o tempo necessário para encontrar o barista ideal, afirma ela. “É complicado encontrar um barista no interior”, informa. 

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