ESPECIAL – Produtos com indicação geográfica ganham mercado

ESPECIAL – Produtos com indicação geográfica ganham mercado               


          Brasília (4.01.2010) – Fabricantes de cachaça de Salinas/MG, se organizaram em busca do selo de Indicação Geográfica (IG) da produção regional, a exemplo do que já ocorre com o café do Cerrado mineiro e da cachaça de Paraty/RJ. A Indicação Geográfica apoia os produtores no desenvolvimento econômico e social tendo como base a valorização de aspectos tradicionais e culturais da região, explica a coordenadora de Incentivo para Indicação Geográfica de Produtos Agropecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Bivanilda Tápias.


         “O fato de Salinas ser uma tradicional região, conhecida pela fabricação de cachaça, garante o diferencial para a conquista do selo. Mas eles devem reforçar a busca dessa conquista se unindo em cooperativas”, adverte.


         A indicação geográfica é um mecanismo de propriedade intelectual reconhecido em nível internacional, assim como marca ou patente. “A IG tem natureza declaratória. Não se cria uma IG, apenas se reconhece e o documento segue para avaliação do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior, o reconhecimento pelo registro da IG”, informa a coordenadora.


          Na entrevista, a coordenadora do Mapa, Bivanilda Tápias, esclarece a importância e os benefícios dos Sinais distintivos e marcas e da Indicação Geográfica (IG). (Inez De Podestà)
          
Indicação Geográfica
 
          Para que serve a Indicação Geográfica?
         Bivanilda Tápias – As  Indicações Geográficas divulgam os produtos e serviços em
sua herança histórico-cultural, consideradas intransferíveis, o que permite que as regiões
promovam seus produtos pela autenticidade. O  termo  Indicação Geográfica  (IG)  firmou-
se quando produtores, comerciantes e consumidores perceberam que alguns produtos de
determinados  lugares  apresentavam  qualidades  particulares,  atribuídas  por  sua  origem
geográfica.  A  partir  daí,  começaram  a  denominá-los  pelos  nomes  geográficos  que
indicavam sua procedência. 


         Quantos tipos de IG existem?
         Bivanilda  Tápias  –  Existem  dois  tipos  de  IG:  Indicação  de  Procedência  e  a
Denominação de Origem. A Indicação de Procedência é o nome geográfico que se tornou
conhecido como centro de extração, produção ou  fabricação de determinado produto ou
serviço.  Já  a Denominação  de Origem  designa  produto  ou  serviço  cujas  qualidades  ou
características se devem exclusivamente ao meio geográfico, incluídos  fatores naturais e
humanos.        


 


  Quais são os exemplos de IG no exterior?
         Bivanilda Tápias – Alguns exemplos de produtos com registro de IG europeus são:
  na França, o Champagne é o vinho espumante  fabricado na  região Champagne;
Bordeaux para os vinhos tintos de Bordeaux; Cognac, destilado de vinho da região
de Cognac;.  
  Portugal: vinho do Porto e queijo da Serra da Estrela. 
  Itália: presunto e queijo Parmigiano-Reggiano (parmesão) da província de Parma. 
  Espanha: presunto cru de Pata Negra. 
  América Latina: cafés da Colômbia e de Antigua/Guatemala; Licor de Pisco/Peru e
Chile, Tequila e café de Vera Cruz/México e Charutos de Havana/Cuba.  
         Quais são as IG brasileiras?


         Bivanilda Tápias – No Brasil, seis produtos agropecuários possuem o selo IG: 
  vinhos finos e espumantes do Vale dos Vinhedos/RS;
  café do Cerrado de Minas Gerais;
  carne do Pampa Gaúcho/RS;
  cachaça de Paraty/RJ;
  couro acabado do Vale do Sinos/RS;
  mangas e uvas de mesa do Vale do Submédio São Francisco.


 


          
Sinais distintivos e marcas
 
         O que são sinais distintivos na proteção de produtos agropecuários?
         Bivanilda Tápias – Os sinais distintivos são nomes ou elementos gráficos (logotipos)
que  simbolizam  produtos  ou  serviços  por  sua  origem,  qualidade,  fabricante  ou  outra
característica  própria.  Para  o  consumidor,  os  sinais  podem  significar  durabilidade,
seriedade, confiança, qualidade, familiaridade e satisfação.
Para  os  produtores  e  representantes é  uma  forma  de  fidelizar os  consumidores que
optarem por determinado produto, pois estabelecem relação de confiança entre o produto
ou serviço e seu comprador.
Os sinais distintivos são uma importante ferramenta coletiva na organização da cadeia
produtiva,  no  desenvolvimento  sócio-econômico  e  na  agregação  de  valor  aos  produtos
agropecuários.  Quando  bem  utilizados,  funcionam  como  promoção  comercial  dos
produtos.


         Por que utilizar os sinais distintivos?
    Bivanilda Tápias – A utilização dos sinais está relacionada à abertura de mercados
específicos  e  assegura  a  competição  leal. Além  disso,  pode  evitar  fraudes  ou  uso  não
autorizado  de  um  produto  com  reputação  ou  característica  determinada.  No  âmbito  da
agropecuária,  há  dois  tipos  de  sinais  comumente  utilizados:  marcas  e  indicações
geográficas.


         Qual o papel do Mapa na implantação dos sinais distintivos?        
    Bivanilda Tápias  – A  linha adotada pelo Ministério da Agricultura é de  fomentar as
ações  para  divulgar  a  proteção  dos  sinais  distintivos  no  meio  rural  e  entre  os
consumidores,  como  também  o  acompanhamento  dos  produtos  agropecuários  com
potencial  de  proteção.  Convênios  entre  o  Mapa  e  entidades  representativas  dos
produtores rurais possibilitam que a região e o produto atinjam mais facilmente os padrões
de  identidade,  qualidade  e  requisitos  de  proteção.  Informações  e  detalhes  sobre  cada
produto  podem  ser  obtidos  no  Serviço  de  Política  e  Desenvolvimento  Agropecuário
(SEPDAG) nas superintendências federais de agricultura nos estados.


 


         O que são marcas? 
         Bivanilda  Tápias  –  As  marcas,  um  sinal  distintivo,  diferenciam  um  produto  ou
serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa.  Indicam capacidade de
agregação  de  valor  econômico  e  são  ferramentas  de  concorrência. Marcas  podem  ser
utilizadas  por  várias  pessoas  ao mesmo  tempo,  asseguradas  a  qualidade  e origem  dos
produtos  e  serviços. A  legislação  brasileira contempla  as marcas  de  serviços,  produtos,
coletivas e de certificação.

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