Por Fernanda Pires | Para o Valor, de Santos
Depois dos megacongestionamentos de caminhões destinados aos terminais da margem esquerda (Guarujá) do porto de Santos, no litoral paulista, as filas de carretas voltaram a aparecer nesta semana, mas mudaram de lugar. Concentram-se agora no acesso à margem direita, em Santos. Ontem, o congestionamento de carretas travou a chegada à cidade ao alcançar 24 quilômetros. Às 11h23, a fila se estendia da altura do município de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, até a entrada de Santos, na via Anchieta.
O diretor de Infraestrutura da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Paulino Vicente, novamente atribuiu o cenário aos embarques da safra agrícola. “Temos tido uma demanda maior de carga, principalmente grãos”. Segundo ele, a Codesp baixará nesta semana uma resolução convocando os terminais a participar do monitoramento eletrônico de cargas da estatal. As empresas terão 90 dias para se adequar.
Questionado sobre qual será a punição se as empresas não cumprirem as medidas, Vicente afirmou que, nos contratos de arrendamentos dos terminais, há cláusulas específicas de aplicação de penalidades se o terminal causar prejuízos à Codesp ou a terceiros. Segundo ele, se alguma irregularidade for constatada até antes dos 90 dias, a autoridade portuária poderá aplicar sanções.
O principal ponto da resolução será exigir que todos os terminais do porto, quase 70 instalações, integrem-se ao monitoramento eletrônico da Codesp, compartilhando informações de agendamento de cargas. Hoje, conforme Paulino, apenas 30 instalações estão interligadas ao sistema central. O objetivo é ter o máximo de controle do trajeto da carga e coibir abusos.
Querginaldo Camargo, presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), afirmou que nos últimos dias de fato “houve algum descompasso em alguns terminais de forma pontual”, mas não entrou em detalhes e nem revelou nomes. “Os terminais só podem operar dentro da capacidade máxima. Devem ter um número de caminhões adequados a essa operação e há necessidade que se faça esse agendamento, com ênfase no granel”, afirmou.
A Codesp já tem uma resolução parecida, datada de 2006. A nova, disse o diretor, será mais ampla e interligará mais atores, como os pátios reguladores de cargas (localizados em Cubatão), os terminais portuários, a concessionária da rodovia (Ecovias), a Polícia Militar, os agentes rodoviários e os de trânsito nos municípios portuários e dentro do porto. Vicente reconhece que o monitoramento é uma medida de curto prazo, mas que tem de ser constante. A médio e longo, as únicas saídas são as obras para ampliar os acessos ao porto.
De acordo com o gerente de operações da Ecovias, Eduardo Di Gregório, o problema não está na rodovia, que tem inclusive registrado volume de carretas menor que nos mesmos dias do ano passado.
“O volume da última semana na entrada de Santos diminuiu, então esse ajuste operacional é que tem de estar acontecendo com os terminais. O problema não é a entrada de Santos. É que tinha um ponto de ajuste na Avenida Augusto Barata [dentro do porto] e isso está trazendo reflexo na rodovia”, disse Di Gregório. Parte da avenida estava bloqueada por caminhões que, autorizados pela Codesp, usavam o espaço como estacionamento. A Codesp já liberou local.