Escaldada, Fosfertil ajusta preços e margens com Crise dos grãos leva grupo a priorizar competitividade

27 de março de 2006 | Sem comentários Comércio Empresas
Por: Valor Economico

Fernando Lopes De São Paulo


Com a produção em expansão num momento de demanda retraída na área de grãos, a Fosfertil prepara sua estratégia de vendas para a próxima safra (2006/07) ciente de que este será um ano marcado por desafios, cautela e, sobretudo, margens estreitas.


Maior produtora de matérias-primas para fertilizantes do país, a empresa controlada pela holding Fertifos – na qual as múltis Bunge e Mosaic são as maiores acionistas – encarou cenário adverso semelhante em 2005 e viu seus resultados piorarem.


“No início do ano passado, ninguém esperava que a crise [principalmente dos grãos] fosse se aprofundar tanto. Entramos em 2006 muito mais conscientes das dificuldades que enfrentaremos. E o maior problema continua sendo o câmbio”, diz Marco Antonio Quirino, diretor comercial da Fosfertil.


Conforme adiantou o Valor, a empresa creditou ao dólar e à crise de liquidez dos grãos – o primeiro fator teve efeitos no segundo – a queda de 11,5% em seu faturamento bruto de 2004 para 2005, que alcançou R$ 2,241 bilhões. O lucro líquido caiu 41,3% na mesma comparação, para R$ 264,8 milhões.


Ainda que a demanda brasileira tenha recuado para 19,9 milhões de toneladas de produtos acabados no ano passado, ante 22,8 milhões em 2004, a Fosfertil produziu 1,517 milhão de toneladas de nutrientes, com leve crescimento em igual comparação. O paradoxo se explica pelo fato de mais de 60% da demanda nacional ser atendida por importações, que recuaram em 2005. Também as boas vendas para cana, laranja e café aliviaram a baixa nos grãos.


Apesar da posição confortável do ponto de vista do escoamento do volume de produção, Quirino lembra que o dólar baixo fortalece as matérias-primas importadas e que, nesta conjuntura, a Fosfertil não tem muitas opções a não ser ajustar preços e espremer margens. “Temos que vender”, diz.


O diretor lembra que a alíquota de importação de fertilizantes foi zerada pelo governo brasileiro no início do ano, o que incrementou a competitividade dos importados – que já não pagavam ICMS em movimentações interestaduais, ao contrário dos produtos nacionais. Desta forma, afirma Quirino, a Fosfertil deverá ajustar preços e margens a partir do mês que vem.


Mas, mesmo com margens mais magras, o volume de vendas tende novamente a crescer. Isso por conta da conclusão, em 2005, de um aporte de R$ 340 milhões iniciado em 2004. Com os recursos, foram ampliadas as unidades da empresa localizadas em Uberaba e Tapira, em Minas, e Catalão, em Goiás.


Nos complexos de mineração de Tapira e Catalão, a capacidade total de beneficiamento de concentrado fosfático da Fosfertil cresceu 18,5%, para 3,2 milhões de toneladas por ano. Com mais concentrados saindo das minerações da empresa, em Uberaba a capacidade anual de produção de ácido fosfórico aumentará em 179,6 mil toneladas (36%), a de ácido sulfúrico em 152,6 mil toneladas (9%), a de MAP em 350 mil toneladas (76%) e a de TSP em 350 mil toneladas (80%). MAP e TSP são fertilizantes básicos produzidos a partir do fosfato.


Conforme a empresa, somando-se os complexos de Uberaba e de Cubatão (SP), no total a capacidade de produção de P2O5 (insumo para matérias-primas dos fertilizantes fosfatados) chegará a 787 mil toneladas por ano em 2006.


“Os ciclos existem e os investimentos não podem levar em conta o curtíssimo prazo”, afirma Quirino. Em 2006, os aportes programados pela Fosfertil em melhorias de suas unidades deverão alcançar R$ 110 milhões. Enquanto isso, um projeto de US$ 450 milhões também para a ampliação da oferta de fosfatados segue engavetado e indefinido à espera de melhores condições de mercado – sobretudo de um câmbio mais atraente.

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