O anúncio do governo de realizar leilões para a compra de café nos meses de novembro, janeiro, fevereiro e março chegará muito tarde para garantir um aumento nos preços do produto. É o que afirma João Abrão, cafeicultor e presidente do Sindicato Rural de Altinópolis. “Nós pedíamos leilões de opções para prorrogação de dívidas desde novembro do ano passado, para que quando chegássemos nessa época, as opções já estariam saindo”.
Abrão diz ainda que o programa de opções é “fantástico”, mas que precisa ser bem feito. “Esse é o momento do Brasil ganhar, gerar divisas e renda para o produtor e para o trabalhador. Agora, com esse déficit, estamos em plena colheita e já estamos vendendo café novo a R$ 250, por isso é que os leilões deveriam ser feitos até no máximo agosto, para que pudéssemos tirar o café do mercado e fazer sue preço subir para que o produtor ganhasse agora”.
O cafeicultor explica que os leilões realizados em novembro, janeiro, fevereiro e março não serão suficientes para que o produtor descapitalizado e sem linha de crédito seja beneficiado. Ele diz ainda que o valor de R$ 303, estabelecido para o café no leilão de novembro, acaba saindo por R$ 280 para o produtor, após o pagamento dos juros e o beneficiamento. “Gastando 3,5% de juros em R$ 303, você já perde R$ 10, assim o preço cai para R$ 290. Um café tipo 6 não se faz na lavoura, ele precisa de um benefício. E o custo para isso é em torno de R$ 8 a R$ 10. Então, na realidade, nós acabamos recebendo apenas R$ 280”.