SÃO GABRIEL DA PALHA, Espírito Santo (Reuters) – A maior cooperativa de café robusta do Brasil espera colher uma safra maior em 2006 devido às chuvas regulares e mais cuidados com os cafezais, mas a qualidade deverá sofrer com as numerosas florações e doenças. A Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), localizada no norte do Espírito Santo, deverá colher 30 por cento mais café, se as chuvas continuarem favoráveis entre janeiro e março, período de maturação das cerejas. Em 2005, a Cooabriel espera receber cerca de 250 mil sacas de 60kg de seus 2 mil cooperados, 25 por cento acima das 201.492 recebidas em 2004. A produção de robusta no Brasil, o segundo maior produtor, atrás apenas do Vietnã, é oficialmente estimada em 9,1 milhões de sacas em 2005/06 (julho-junho). “A primeira floração foi em julho, que foi bastante cedo e causada por chuvas fora de época”, disse o presidente da Cooabriel, Antonio Joaquim de Souza Neto, à Reuters. “Tivemos três florações até o momento, o que significa que a safra irá amadurecer de maneira desigual e que será difícil para decidir quando começar a colheita.” São Gabriel da Palha teve 257 milímetros de chuva em maio e junho, o que atrasou a colheita e prejudicou a qualidade da safra. Nos primeiros dez meses de 2005, São Gabriel teve 1.164 mm de chuva, quase a média anual. O desenvolvimento desigual da safra prejudica a qualidade porque os colhedores apanham, todas juntas, as cerejas de café verdes, vermelhas (maduras) e pretas (maduras demais). Muitas árvores perderam suas folhas devido à ferrugem causada pelo clima excessivamente úmido. Nos ramos descobertos, botões grandes, médios e pequenos de flores podem ser vistos devido às três florações. Cerejas pretas e murchas das colheitas passadas estavam presas entre os botões verdes e havia também algumas cerejas maduras. “As vermelhas equivalem a aproximadamente 10 por cento do total. Elas vêm da floração de julho e irão cair no chão”, disse ele. Abaixo das árvores repousam os fragmentos pretos de cerejas não colhidas da última safra, que agora proporcionam banquetes a insetos, brocas e outras pestes. “A broca-do-café surgiu em setembro, muito mais cedo que o comum”, disse Souza Neto, cujas fazendas têm 750 hectares de café robusta.