Entrevista: Deputado Renato Casagrande fala sobre café no Brasil

O deputado Renato Casagrande (PSB-ES) esteve na 95ª reunião da Organização Internacional do Café (OIC), realizada em Londres, na Inglaterra. O deputado voltou na última sexta-feira (26) e concedeu entrevista nesta quarta-feira pela manhã para site do PSB Nacional. Casagrande falou, principalmente, sobre a reunião, além de esclarecer sobre a Frente Plurissetorial em Defesa da Ciência e Tecnologia e Inovação, a relação Brasil-Argélia e a respeito do papel do gás natural no Espírito Santo, estado pelo qual o deputado exerce seu mandato.

PSB Nacional: Qual assunto foi mais discutido na OIC?

Renato Casagrande: O assunto mais discutido foi a sustentabilidade econômica do café. 8% dos países produzem café e exportam por mais ou menos duzentos reais a sacra, para depois, o país consumidor servir uma xícara com a bebida a um dólar, ou uma libra. A delegação brasileira propôs, durante o evento, propostas econômicas produtivas, como instituir um fundo na OIC sobre cada saca e, depois, investir a arrecadação nos países produtores.

PSB Nacional: Houve alguma proposta brasileira que foi mais bem recebida pelos representantes de outros países?

Casagrande: A proposta brasileira mais discutida foi a realização de uma campanha para aumentar o consumo do café e divulgar os benefícios que este produto pode trazer, além de incentivar o jovem a consumir produtos derivados da semente. Se o consumo aumenta, os preços melhoram para os produtores.

 PSB Nacional: Que benefícios essa divulgação poderia trazer para o Brasil?

Casagrande: O Brasil é um país que tem o café na tradição, seja na produção, na industrialização ou na comercialização. Se o consumo aumentar, muitos serão os brasileiros beneficiados. O nosso país é o primeiro maior produtor de café e o segundo maior consumidor. Das 120 milhões de sacas exportadas no ano, 40 milhões são produzidas no Brasil.

PSB Nacional: Quais são os maiores produtores de café no mundo?

Casagrande: Brasil, Colômbia, México, Costa Rica, países da África e outros pequenos países da América Central.

PSB Nacional: Qual é a perspectiva da realização dessas metas propostas na última reunião da OIC?

Casagrande: A OIC se reúne apenas três vezes ao ano, o que torna a velocidade das decisões bem lenta. A próxima reunião do grupo será em setembro e estima-se que, neste encontro, as propostas sejam aprovadas.

PSB Nacional: Sobre a relação Brasil-Argélia (Renato Casagrande é o 1º Vice-Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Argélia), qual a importância desse contato para o Brasil?

Casagrande: O Brasil tem um sentimento de fraternidade e solidariedade em relação à Argélia, pois o governo deste país recebeu muito bem lideranças nacionais, como Miguel Arraes e sua família, exilados na Argélia por 14 anos. Outro motivo importante é a relação econômica entre os dois países. Além de estar bem localizada, a Argélia é o segundo maior país da África em população. O Brasil já foi um comprador de petróleo do país africano, então essa relação comercial é importante. Também há interesse no incentivo e na troca cultural entre os dois países.

PSB Nacional: Como Presidente da Frente Plurissetorial em Defesa da Ciência, Tecnologia e Inovação, como você acha que o governo e o Congresso Nacional podem empenhar-se no que diz respeito às mudanças climáticas?

Casagrande: São realizados por todo o país fóruns a cerca do tema em âmbito estadual, municipal e nacional. O Congresso quer cobrar a estipulação de metas de redução de emissões de gases do país. O próprio debate realizado na Câmara serviu como divulgação dos problemas que as mudanças climáticas podem trazer para a sociedade, para que esta também cobre ações que ajudem na redução de emissão de gases poluentes. O tema é importante, pois a elevação da temperatura do planeta atinge o ecossistema no mundo ao mudar o comportamento das plantas, elevar o nível do mar, entre outras conseqüências.

PSB Nacional: Qual o objetivo do painel de discussão sobre o Gás Natural a ser realizado no Espírito Santo?

Casagrande: Durante audiência pública iremos debater sobre o projeto de lei que regulamenta o transporte, a exploração e a distribuição do gás natural no Espírito Santo, pois a substância é abundante no estado. A intenção é receber colaboração de lideranças locais para aprovação do projeto.