ENTREVISTA – Crescimento em plena crise, é o que explica Almir Filho presidente do GRUPO TOKO

17 de julho de 2009 | Sem comentários Entrevistas Mais Café

UMA NOVA ORGANIZAÇÃO NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO


A Café Toko, torrefadora mineira de Juiz do Fora, fundada na década de 20, pelo cafeicultor, Amélio José da Silva, o Sr. Amélio Toko, como era conhecido. Hoje o GRUPO TOKO é detentor das marcas Astória Real, Café TOKO, Café Minas Rio e Café Apollo, o GRUPO TOKO tem uma participação de mais de 80% no mercado de da Zona da Mata Mineira, região onde nasceu a primeira empresa do grupo, fabricante do extinto  Café  Chantecler,  na  cidade  de Ubá. Com penetração  nos  estados  de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, o GRUPO  TOKO  inicia  um  novo  momento  no Agronegócio do café.


Para explicar como a nova holding surge em meio a crise financeira mundial e com grande expectativa  de  crescimento,  o  presidente  do GRUPO TOKO, o empresário Almir José da Silva Filho, sintetiza o espírito que levou à decisão:


“O GRUPO TOKO acredita que é capaz de lidar com o novo, porque seus conhecimentos e percepções desenvolvidos  ao  longo  dos  seus  80 anos de atividades no ramo do café apontam para  isso”.



Confira a entrevista com o presidente da holding, Almir Filho:


News Cafeicultura – Para uma empresa se tornar uma S/A, ela precisa abrir as portas e se mostrar ao mundo.  Isso precisou de preparação?


Almir Filho – Não se faz isso da noite  para  o  dia.  Foram  anos desde  a  decisão  até  hoje.  E antes disso, tivemos todo o cuidado de preparar as empresas e os nossos processos internos. Começamos com um trabalho junto aos produtores  rurais, estabelecendo um  relacionamento de  respeito e de  conscientização. Na parte  industrial,  fizemos  investimentos através da aquisição de um novo torrador, com maior capacidade  de  produção.  Realizamos muita  pesquisa e avançamos  para  novos  mercados. Chegamos  ao Espírito Santo, por exemplo, de forma muito saudável,  com  nossos  produtos  posicionados  de  forma sensata, nos melhores varejistas do estado. No Rio de Janeiro, nas praças já maduras, fizemos grandes releituras levando em conta logística, forma de distribuição e atendimento. Nas áreas de atuação mais recente, criamos estratégias de trabalho específicas, de forma a aproveitar as particularidades e o potencial de cada região. E em Minas Gerais, ampliamos nossa rede de atendimento, inclusive na capital. Iniciamos ainda o trabalho de Venda Direta, que deverá ser estendido para os outros estados.


NC – Como  foi  esse  trabalho  junto  aos  produtores rurais?


Almir Filho – Foi um trabalho de conscientização. Começamos a mostrar para o produtor rural a importância de se plantar de forma sustentável, respeitando o meio ambiente e cuidando do café para se ter um resultado de qualidade.  Da nossa parte, incentivamos esses trabalhadores promovendo ações educativas, pagando preços justos e muitas vezes acima do mercado para motivar o trabalho. Participamos também de concursos de qualidade que premiam cafés de alto nível e o resultado disso foi hoje termos um relacionamento forte com mais de cinco mil produtores rurais.


NC – Por ser uma empresa de origem familiar, houve resistência para essa passagem? Foi um processo difícil?


Almir Filho – O mercado e o mundo estão em constante evolução. Costumo dizer que hoje, a única coisa permanente é a mudança. E precisávamos mudar para continuar no jogo e nos mantermos competitivos. Por isso não houve grandes dificuldades, até porque já iniciamos um processo de profissionalização na nossa empresa há muitos anos.


NC – Qual o motivo da  criação de várias empresas, uma para cada dos segmentos de negócio?


Almir Filho – Assim conseguimos fazer uma gestão mais transparente e independente.  Isso facilita ainda que cada empresa possa potencializar suas capacidades, agregando outras atividades, além daquelas a elas destinadas originariamente e atraindo novos parceiros, por segmentos específicos.


NC – O que representa essa iniciativa de se reorganizar  societariamente,  no  cenário  atual  de  crise financeira mundial?


Almir Filho – Antes de tudo, se preparar  para  acompanhar  as mudanças. No mundo globalizado em que vivemos, os desafios são cada vez maiores. A partir de um consumidor cada vez mais exigente,  toda uma  linha produtiva  se molda e  se adequa para atender a esse novo perfil. O GRUPO TOKO é uma organização viva, que traz consigo a identidade de uma empresa  familiar e que está atenta e preparada para lidar com o novo.


NC – Estamos assistindo, especificamente no mercado brasileiro da Indústria do Café, uma tendência de incorporação de algumas empresas de capital nacional por grandes corporações multinacionais. A iniciativa do Grupo Toko vai na contramão dessa movimentação. Podemos esperar que a Holding trabalhe neste mesmo sentido, de incorporação de outras empresas no setor?


Almir Filho – É inerente em uma S/A a transparência e a normatização de demonstrações de resultados. Temos empresas saudáveis, modernas e atuais, aptas a receber novos investimentos e, desta forma, se posicionar no mercado como líderes e capazes de incorporar empresas em um mercado altamente competitivo. A partir desse momento estamos prontos para essas possibilidades.


NC – O que muda para o consumidor final com essa nova configuração das empresas?


Almir Filho – Muda bastante, embora nossos produtos se mantenham no mesmo padrão de qualidade.  O que o consumidor tem, a partir de agora, é a garantia de que a empresa permanece na busca pela qualidade dos produtos por nós produzidos e na superação em inovar sempre.  E também, a confirmação de que o GRUPO TOKO, uma vez comprometido com os padrões internacionais, está apto a trazer para o mercado interno muitas das inovações disponíveis no mercado externo.


NC – O que o GRUPO TOKO tem de expectativa para o mercado  interno e externo?


Almir Filho – Esperamos fortalecer nossa posição e ampliar participação nos dois mercados, firmando nossos produtos e disseminado a filosofia de qualidade do grupo. Hoje exportamos o café in natura e estamos nos preparando para exportar o produto acabado. Queremos oferecer aos nossos parceiros transparência e segurança e aos nossos consumidores o orgulho de ter uma organização que nasceu em uma comunidade dispersa de Minas, mas avançou mundo afora.


NC – Já existem planos de expansão? Quais são eles?


Almir Filho – Há muito a fazer agora. Estamos empenhados em organizar todas as empresas e afinar os processos. Temos muito trabalho pela frente e não mais limites para nós.

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