Sem estoques e com safra apenas regular no Brasil, pode faltar café para atender consumidores em 2016
14/01/2016 – Super safra de café no Brasil é um equívoco. Baixo crescimento
vegetativo no início de 2015 e queda de frutos podem comprometer produção.
Acompanhe a entrevista com Armando Matielli – Presidente do Sincal
feita pela equipe do Notícias Agricolas.
Ao final de 2014, os futuros do café na Bolsa de Nova York trabalham entre
US$ 2,20 a US$ 2,30 por libra peso, hoje as cotações na ICE operam próximo de
US$ 1,20 por libra peso. Segundo o Presidente do Sincal (Associação Nacional dos
Sindicatos Rurais das Regiões Produtoras de Café e Leite), Armando Matielli,
neste período não houve nenhum fator que fundamentasse a queda brusca dos preços
nos último ano.
As estatísticas dos preços das commodities mostram que o café arábica
apresentou a maior queda (24%) nas cotações em 2015. Para Matielli essa situação
é um contra senso perante as produções dos últimos anos, já que no Brasil –
maior produtor mundial – o setor passa pela terceira quebra consecutiva, e
outras regiões produtoras também têm apresentado problemas.
Além disso, “aumentou o consumo de café a nível mundial, principalmente os
cafés especiais, ou seja, todos os fatores conspiravam para que houvesse uma
manutenção de preço nos US$ 2,30 por libra peso”, considera o presidente
afirmando que as cotações tem se baseado na paridade do dólar, por isso vem
apresentando quedas consecutivas.
Segundo ele, a afirmação de que os produtores precisam continuar exportando
bons volumes para não perder a participação no mercado, só prejudica ainda mais
a formação dos preços. “Nós temos uma política que prejudica o setor produtivo,
por exemplo, se mantivesse o nível de US$ 2,20 por libra peso nós teríamos uma
receita no setor da cafeicultura de 4,5 bilhões de dólares na balança comercial
neste ano”, declara.
Produção
Além do mais, os dados divergentes sobre a produção no Brasil também é um
fator que afeta o setor cafeeiro no país. Nos dois últimos anos, por exemplo, as
exportações totalizaram pouco mais de 70 milhões de sacas, e o consumo interno
cerca de 40 milhões/sc. Com isso seria necessário uma produção de
aproximadamente 100 milhões neste período para atender a demanda, no entanto, os
dados oficiais da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam a produção
das safras 2014/16 e 2015/16 em 88 milhões de saca somadas, sendo necessários
então a utilização dos estoques de passagem, que segundo a Companhia também eram
baixos.
Matielli lembra ainda que o problema climático do ano passado, reflexo do
fenômeno climático El Niño, também prejudicou o desenvolvimento das plantas para
a safra 2016/17, o que deve comprometer o potencial produtivo das lavouras. Com
o baixo crescimento vegetativo, e a queda de fruto – principalmente nas lavouras
mais antigas – “a produção brasileira de arábica não deve chegar a 50 milhões de
sacas”, considera o presidente.
Fonte: Notícias Agrícolas