Entidade prevê aumento de 3,3% no comércio global este ano

Por: Valor Econômico

15/04/15


A Organização Mundial do Comércio (OMC) anunciou sua projeção de expansão de apenas 3,3% do comércio internacional este ano. Pouco depois, foi a vez de o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetar crescimento de 3,5% da economia mundial.


A OMC reconhece que terminou o período em que o comércio internacional aumentava duas vezes mais que a produção global. A lentidão das exportações e importações mostra perda de ímpeto para estimular a atividade.


O crescimento médio do comércio foi de 2,4% nos últimos três anos, comparado com a média anual de 6% entre 1990 e o início da crise financeira global em 2008. Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC, observou que só houve um período desde a Segunda Guerra Mundial no qual o comércio mundial foi tão fraco: de 1980 a 1984, quando sofreu duas fortes contrações com o choque do petróleo e a recessão global. A diferença com a situação atual é que a morosidade das trocas agora ocorre num período de contínuo, mas modesto, crescimento econômico. Para Azevêdo, a desaceleração do comércio ocorre pela combinação de fatores cíclicos e estruturais.


De um lado, se estabilizaram os ganhos de eficácia, com novas tecnologias, gestão portuária, logística, cadeias mundiais de valor. Tudo isso pesou sobre o comércio, mas seus efeitos já não são como antes. Do lado cíclico, pesam a demanda anêmica nos desenvolvidos, a desaceleração nas economias emergentes, protecionismo e a persistência de riscos geopolíticos.


As fortes flutuações da taxa de câmbio, como a valorização de 14% do dólar em relação a outras moedas entre julho de 2014 e março deste ano, também complicaram as perspectivas econômicas, conforme a OMC. Para 2015, a expectativa é que as economias emergentes e em desenvolvimento poderão aumentar em 3,6% suas exportações e as importações em 3,7% – um pouco acima da taxa de 3,2% pelas economias desenvolvidas nos dois casos. As nações em desenvolvimento fazem agora 52% de seu comércio entre elas, superando o fluxo com os países ricos.


Mas a prudência é grande na OMC, porque os fluxos de comércio em dólar parecem ter declinado em vários países no começo deste ano. No caso das exportações de fora da União Europeia, a queda foi de 17% em nível anual, o que pode ter sido exagerado pela apreciação da moeda americana.


O fato é que o valor em dólar do comércio mundial está caindo para várias categorias de produtos manufaturados. No quarto trimestre de 2014, o comércio de ferro e aço cresceu 2,4% em relação ao mesmo período de 2013, e as exportações de material de escritório e de telecomunicações aumentaram 3%. Mas em outros produtos, a baixa variou de 1% a 3%.


Desde a crise financeira de 2008-2009, o comércio de produtos automotivos é considerado um indicador avançado das trocas globais, e o comércio de ferro e aço um indicador retrospectivo. E com a contração da demanda de automóveis, os exportadores de aço, como a China, poderão sofrer uma baixa na demanda de seus produtos no estrangeiro.


Ao anunciar que o comércio global cresceu 2,8% no ano passado e revisar a projeção para este ano – de 4% para 3,3% – a OMC insistiu na importância de concluir a atual rodada de liberalização. (AM)

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