Cafeicultores de todo o país enfrentam um grande dilema: a alta do custo de produção, principalmente da mão-de-obra e insumos agrícolas, como os fertilizantes, aliada à baixa cotação do café nas bolsas internacionais. De acordo com estudo realizado pelo Conselho Nacional do Café, os principais itens do custo de produção de uma saca de café subiram mais de 500% nos últimos anos, enquanto que o valor da saca teve acréscimo de apenas 22% (veja tabela abaixo). Para se ter uma idéia, com um índice de produtividade de 30 sacas/ha (considerado alto pela média nacional), o cafeicultor gasta mais R$300,00 para produzir uma saca e o preço do produto no mercado está cotado entre R$250/sc e R$260/sc.
Tabela 1. Comparação de aumentos de preço (%) entre principais insumos utilizados na cafeicultura e saca de café arábica nos últimos 14 anos.
A cafeicultura abrange 1.800 municípios no Brasil. No Sul e Sudoeste de Minas Gerais, é responsável por mais da metade da arrecadação da maioria dos municípios. São 2,2 milhões de hectares plantados. Gera 2,2 milhões de empregos diretos e mais 8 milhões indiretamente. 80% das 368.977 propriedades tem menos de 10ha, segundo dados do IBGE.
Diante do problema, que ameaçada a cultura que mais gera empregos no país, pode-se gerar um caos social sem precedentes, pois não existe negócio que sobreviva sem renda por muito tempo. Em busca de soluções, todos os setores da cafeicultura estão envolvidos no movimento, debatendo o assunto em reuniões e preparando a Marcha do café, que será realizada no Centro de Varginha, dia 16 de março, com concentração a partir das 9h30min à Praça Getúlio Vargas.
Figura 1. Distribuição do valor do PIB do café na cadeia produtiva.
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A primeira reunião oficial do movimento ocorreu no dia 17 de fevereiro de 2009 e contou com a participação de presidentes de Sindicatos de trabalhadores e de produtores de várias cidades da região de Três Pontas, presidentes de associações comerciais, secretários de agricultura, presidentes e representantes de cooperativas.
O Presidente Regional do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Sul de Minas, Paulo Sebastião, declarou que está realmente preocupado com o desemprego que esta situação já está gerando e que certamente vai aumentar se nada for feito. “As pessoas já estão saindo do campo e vindo procurar emprego na cidade. Não podemos deixar que isso aconteça em massa. Foi-se o tempo em que nossos patrões ganhavam pra andar de carro novo todo ano. Hoje aquele que está comprando alguma coisa, só pode ser em cima de dívidas e não de renda”, enfatizou Sebastião. “Vamos fazer com que este movimento alcance os objetivos e possa reverter essa Crise”.
O cafeicultor e membro da comissão organizadora, Eric Miranda Abreu, disse que o movimento é em prol da cafeicultura brasileira e o evento pretende mobilizar e conscientizar toda a sociedade que depende diretamente ou indiretamente do agronegócio café sobre os futuros problemas que poderão ser gerados se a situação não for revertida. “Por isso esperamos que todos abracem esta causa e estejam conosco no dia 16 de março”, salienta Abreu.
Qual o objetivo do movimento?
O objetivo principal é sensibilizar e informar os governantes brasileiros da atual crise vivenciada pela cafeicultura para que possam solucionar os eventuais problemas desta atividade.
Quais os principais problemas atuais da cafeicultura?
1- A falta de renda da produção de café arábica brasileiro. 2- O endividamento da cafeicultura. O passado e o presente. 3- O alto custo de produção devido aos aumentos excessivos dos insumos. 4- Problemas climáticos.
Soluções emergenciais para a cafeicultura
1- Manutenção do EMPREGO e da RENDA na cafeicultura (campo e cidade); 2- Garantia de PREÇO MÍNIMO REMUNERADOR para a produção cafeeira; 3- Viabilização da liquidação da dívida setorial pelo sistema equivalência-produto; 4- Programa de Opção Pública para obtenção de preço remunerador do café;
Quem são os organizadores do Movimento S.O.S. Cafeicultura?
Todas aquelas pessoas que vivem da produção de café do Brasil, este movimento é idealizado pela base produtiva de café, são cafeicultores, trabalhadores, colaboradores e simpatizantes da cafeicultura. O movimento conta com a colaboração do CNC (Conselho Nacional do Café), OCEMG (Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais), FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), CNA (Confederação Nacional da Agricultura), SICOOB Crediminas, Prefeituras, Câmaras Municipais, Associações Comerciais e Agroindustriais, Sindicatos dos Trabalhadores e dos Produtores, Cooperativas, Associações, Igrejas, Entidades Assistenciais, Clubes de Serviços, etc.
Ações do movimento:
1- Fazer com que as prefeituras decretem “Ponto Facultativo” no dia 16/03/09 em prol da cafeicultura;
2- Todas as propriedades rurais se fazem necessário o LUTO NO CAMPO, para que assim todos os produtores e trabalhadores possam comparecer no dia do evento;
3- Estabelecer junto ao comércio de municípios cafeicultores via Associações Comerciais, um ato de apoio à cafeicultura, decretando o LUTO com o fechamento dos estabelecimentos comerciais por duas horas, das 10:00 às 12:00 hs no dia 16/03/09;
4- Solicitar às igrejas o apoio em prol da cafeicultura e da sustentação do social das regiões produtoras e que elas se façam badalarem os sinos às 10:00 hs no dia do evento;
5- Cooperativas e Sindicatos de Produtores e Trabalhadores Rurais decretarem LUTO e o fechamento e paralisação de suas atividades no dia 16/03/09, convocando todos os colaboradores para se fazerem presentes em Varginha.
Como participar?
Valorize suas entidades e seus líderes. A Comissão organizadora se faz presente em Três Pontas, Boa Esperança e Varginha. Acesse nosso site e deixe sua assinatura de apoio à campanha.
Foto 1. Cafeicultores, Presidentes dos Sindicatos dos Trabalhadores, Sindicato de Produtores, Associações Comerciais, Cooperativas e Prefeituras deram as mãos durante reunião que definiu as estratégias e ações do Movimento.
Foto 2. Vice-prefeito de Varginha, Marcos Foresti, reforça o apoio da prefeitura ao movimento durante reunião na camara dos vereadores da cidade.
Foto 3. O prefeito de Ilicínea (centro) ladeado pelo secretário de Agricultura, o Presidente do Sindicato dos Produtores e também dos Trabalhadores dão as mãos em apoio ao movimento S.O.S. Cafeicultura durante a reunião que apresentou o projeto no dia 26 de fevereiro.