SÃO PAULO – Na contramão das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), Brasil e Estados Unidos – dois dos maiores produtores mundiais – ampliam os incentivos dados aos produtores rurais. O governo brasileiro deverá anunciar esta semana um reajuste de 15% no preço mínimo do trigo. O cereal deverá ser apenas o primeiro a receber aumentos previstos no Programa de Garantia de Preço Mínimo (PGPM). Só em março estão sendo aplicados R$ 216 milhões na compra de trigo, feijão, milho, arroz e sisal, sendo R$ 78 milhões para Aquisições do Governo Federal (AGF) e R$ 138 milhões em Contratos de Opção. Os recursos foram aprovados na última semana, após reunião entre representantes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Banco do Brasil (BB) e ministérios da Agricultura e da Fazenda.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário também está garantindo subsídios à agricultura familiar. Agricultores de 11 produtos – amendoim, borracha natural (cultivada), café arábico, castanha de caju, castanha-do-pará, feijão, leite, mamona, milho, sisal e sorgo – contam, este mês, com o bônus do Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar (PGPAF). Os preços de mercado e o bônus de desconto referem-se ao mês de fevereiro de 2009 e têm validade para o período de 10 de março a 9 de abril.
O lançamento de contratos de opção de venda tem sido a principal alternativa utilizada pelo governo para inibir a queda nos preços praticados durante a próxima safra. A demanda dos produtores por esse incentivo aumenta na medida em que cresce a desconfiança quanto a uma recuperação dos mercados no segundo semestre do ano.
Os produtores de milho das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste arremataram na última semana contratos para a venda de 522 mil toneladas do cereal. Para cada lote de 27 toneladas entregue aos estoques públicos em 1º de setembro, os produtores receberão entre R$ 8.478 e R$ 6.912, de acordo com o estado. Uma próxima rodada já está prevista quarta-feira. Com a redução na demanda por ração animal e a revisão para baixo nas estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês), os produtores de milho são os principais demandantes da ajuda governamental. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com o avanço da colheita de milho nas principais regiões produtoras, favorecida pelo clima quente e seco, os preços internos do grão tiveram novas quedas em março.
“As negociações, por sua vez, estão ocorrendo apenas de acordo com a necessidade do produtor. A maior atenção é dada aos leilões da Conab, os quais têm se mostrado mais atrativo para produtores”, explica Lucilio Alves, pesquisador do Cepea.
Estados Unidos
Nos EUA, o Comitê de Agricultura da Câmara dos Representantes dos EUA rejeitou por unanimidade a proposta do presidente Barack Obama que previa um corte dos subsídios agrícolas e afirmou que qualquer alteração nesse sentido só poderá ser feita em 2012, quando será votada a próxima Farm Bill (a lei agrícola norte-americana). “Quaisquer mudanças no programa de benefícios podem – e devem – esperar até lá”, destacou o Comitê.
O projeto previa a eliminação os pagamentos diretos aos fazendeiros com faturamento anual superior a US$ 500 mil e poderia reduzir em até US$ 10 bilhões o programa de subsídios. De acordo com a Farm Bill aprovada no ano passado, o governo norte-americano deve desembolsar, aos produtores rurais do país US$ 26 bilhões em cinco anos.
Etanol
No setor de biocombustíveis, os EUA devem intensificar a ajuda governamental às indústrias produtoras de etanol. Thomas Vilsack, secretário da Agricultura do país, deixou claro a Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que Washington deve continuar subsidiando o setor. Os dois participaram de uma reunião na última sexta-feira, nos EUA. Na ocasião Vilsack, que acaba de assumir o cargo de secretário, deixou claro que a indústria de etanol norte-americana passa por um período de muitas dificuldades e que os esforços do governo americano está voltado, nesse momento, para resultados de curto prazo. Esses resultados seriam a facilidade no acesso ao crédito para usinas em dificuldades, bem como aumentar a mistura de etanol na gasolina comercializada nos Estados Unidos, hoje restrita a 10%. Na semana passada, um grupo de produtores de etanol nos EUA pediu à Agência Ambiental Americana (EPA) para aumentar a mistura para 15%.
Na contramão das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), Brasil e Estados Unidos – dois dos maiores produtores mundiais de grãos – ampliam os incentivos dados aos produtores rurais. O governo brasileiro deverá anunciar esta semana um reajuste de 15% no preço mínimo do trigo. O cereal deverá ser apenas o primeiro a receber aumentos previstos no Programa de Garantia de Preço Mínimo (PGPM). Só em março estão sendo aplicados R$ 216 milhões na compra de trigo, feijão, milho, arroz e sisal: R$ 78 milhões são destinados a Aquisições do Governo Federal (AGF) e R$ 138 milhões, a Contratos de Opção.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário também está garantindo subsídios à agricultura familiar. Agricultores de 11 produtos – amendoim, borracha natural (cultivada), café arábica, castanha de caju, castanha-do-pará, feijão, leite, mamona, milho, sisal e sorgo – contam, este mês, com o bônus do Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar (PGPAF).
Nos EUA, o Comitê de Agricultura da Câmara dos Representantes rejeitou por unanimidade a proposta do presidente Barack Obama que previa um corte dos subsídios agrícolas e afirmou que qualquer alteração nesse sentido só poderá ser feita em 2012, quando será votada a próxima Farm Bill (a lei agrícola norte-americana). Além disso, Thomas Vilsack, secretário da Agricultura do país, afirmou a Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que o setor de biocombustíveis norte-americano continuará a ser subsidiado. Eles se reuniram na sexta-feira, em Washington.
Priscila Machado