Engenheira agrônoma garante que os nematoides são aliados da cafeicultura sustentável

Os nematoides de vida livre podem desempenhar um papel fundamental na avaliação da qualidade biológica do solo na cafeicultura. Durante a 28ª da Fenicafé, a engenheira agrônoma Dra. Juliane Carneiro, da NemaSolum, explicou como esses organismos podem ser utilizados como bioindicadores, auxiliando no monitoramento da fertilidade do solo, na detecção de estresse ambiental e na escolha de práticas de manejo mais eficientes.

Nematoides e a fertilidade do solo – A presença de nematoides bacteriófagos, fungívoros, onívoros e predadores indica um solo saudável e biologicamente equilibrado.

“Os nematoides bacteriófagos e fungívoros ajudam na decomposição da matéria orgânica e na ciclagem de nutrientes essenciais, como nitrogênio e fósforo, favorecendo o crescimento das raízes e a absorção de nutrientes pelo cafeeiro”, explicou, dizendo que abundância e diversidade desses organismos refletem a qualidade biológica do solo.

“Um aumento na população de nematoides fungívoros pode indicar um solo rico em matéria orgânica mais estável, enquanto a baixa diversidade desses organismos pode ser um alerta para compactação, erosão ou perda de matéria orgânica”, acrescentou.

Impacto das práticas agrícolas na comunidade de nematoides – O uso excessivo de fertilizantes e defensivos agrícolas pode afetar a microbiota do solo, reduzindo a diversidade de organismos benéficos.

“Se observamos uma redução na população de nematoides de vida livre, isso pode indicar que o solo está passando por um processo de degradação causado por práticas inadequadas”, alertou Juliane.

Por outro lado, práticas conservacionistas, como adubação orgânica, rotação de culturas e plantio de cobertura, favorecem a presença desses organismos e ajudam a manter o solo equilibrado.

“O monitoramento das populações de nematoides permite que o produtor ajuste o manejo da lavoura, melhorando a saúde do solo e a produtividade do café”, ressaltou a especialista.

Controle biológico de fitonematoides – Além de indicarem a qualidade do solo, os nematoides de vida livre podem atuar no controle biológico de fitonematoides, como os dos gêneros Meloidogyne e Pratylenchus, que atacam as raízes do cafeeiro.

“Solos saudáveis apresentam populações equilibradas de nematoides predadores e onívoros, que podem ajudar a reduzir a incidência de fitonematoides. Quanto maior a presença desses predadores, menor a necessidade de intervenções químicas para controle de pragas”.

Monitoramento e sustentabilidade na cafeicultura

A análise da comunidade de nematoides pode ser uma ferramenta essencial para a tomada de decisão no manejo do solo. Esse monitoramento permite que o cafeicultor adote práticas mais sustentáveis, como o uso de coberturas vegetais, compostagem e técnicas agroecológicas, que ajudam a regenerar o solo e aumentar sua produtividade a longo prazo.

Para Juliane Carneiro, investir no monitoramento dos nematoides de vida livre pode trazer benefícios significativos para a sustentabilidade e rentabilidade da cafeicultura.

“Os nematoides são aliados na produção de café de qualidade. Ao avaliar a comunidade presente no solo, conseguimos entender seu estado de saúde e ajustar as práticas de manejo para garantir um sistema produtivo mais equilibrado, sustentável e eficiente”, concluiu.

A Fenicafé contou com uma programação técnica voltada para produtores, pesquisadores e profissionais do setor. Para mais informações, acesse www.fenicafe.com.br e acompanhe as redes sociais do evento.

Confira a palestra completa pelo nosso Youtube: https://www.youtube.com/live/MId8cc5cfdY?feature=shared

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