16/12/2013
As principais bolsas de ações no mundo fecharam em baixa na semana encerrada na sexta-feira 13, com o S&P500 acumulando o pior resultado semanal desde agosto último.
Os investidores se preparam para o final do ano, tomando lucro em suas carteiras, e deixando de lado por ora indicadores que mais uma vez reforçam a recuperação dos Estados Unidos.
A ansiedade gira em torno de alguma redução de liquidez pelo FED, que não deve anunciar uma diminuição de compra de títulos na reunião do dia 18, quarta-feira próxima, mas que mesmo assim faz com que as agências de notícias citem o assunto frequentemente.
Os índices das commodities tiveram performances mistas, com aqueles que dão maior peso para grãos e energia (SPGSCI) cedendo, enquanto os que têm mais equilíbrio entre os ativos (DJAIG e CRB) subiram.
O café em Nova Iorque foi a matéria-prima que mais subiu, acumulando em cinco dias ganhos de US$ 11.71 por saca, em resposta à firmeza da arbitragem contra Londres (ponto que defendi neste espaço no meu último comentário). O maior patamar desde o dia 23 de outubro foi atingido com o rompimento dos níveis de 112.80 centavos, e uma figura técnica positiva que chamou fundos para cobrir parte de suas posições vendidas.
As diversas tentativas frustradas em perfurar médias importantes, fez com que os especuladores de curto-prazo ficassem mais corajosos em tentar agarrar uma nova falha da alta (vendendo acima de 110 centavos), e também contribuiu para o fechamento forte, indicando como próximo objetivo os 120 centavos por libra.
Os diferenciais já tinham dado a dica de que as mínimas do ano já tinham sido vistas, e um ambiente onde todos estavam baixistas completou o cenário para uma mudança rápida dos preços. Creio que temos espaço para subir mais um pouco, já que historicamente os produtores tendem a segurar suas vendas em movimentos acentuados.
O vencimento das opções de janeiro, tanto na ICE como na LIFFE, com um número alto de calls (opções de compra) expondo que estava vendido, assustou e puxou as volatilidades implícitas, finalmente fazendo com que alguns participantes comprassem algumas proteções de alta.
No mercado físico as origens não venderam tanto quanto muitos acreditavam (por enquanto). O comportamento foi ajudado pelas notícias de que o Brasil fará outro leilão de puts (opções de venda) em um volume de 5 milhões de sacas para a safra 14/15, e pela confirmação de que o subsídio colombiano está garantido para o ano de 2014, inclusive tudo indica que a níveis mais altos.
Ponto interessante também foi o pedido de autoridades dos dois países que mais produzem o café arábica, para que os fazendeiros não plantem mais café. No Brasil foi noticiado que haverá estímulos financeiros para que o parque cafeeiro diminua, em busca de diversificar culturas, e assim resolver o problema dos preços baixos.
O contrato do robusta teve um enfraquecimento do spread Janeiro / Março, mas em compensação o Março / Maio está bem firme, reflexo do desaparecimento dos estoques certificados (que caíram 30% em quinze dias), e de uma aposta de um novo squeeze. A bolsa tem limitado as posições e colocou um teto para o spread no primeiro mês, mas não há indícios de que faça o mesmo para o segundo mês em diante.
As altas recentes ajudam a desafogar um pouco os produtores, ainda que o rallye não tire o gosto ruim das perdas do terminal.
Quer dizer, ajuda se a oportunidade for aproveitada, e isto vale tanto para Nova Iorque quanto para Londres. Afinal, é difícil apostar que estes mercados consigam se sustentar por muito tempo acima de US$ 120 centavos por libra, e 1800 dólares por tonelada, dado o volume de café que ainda precisa ser vendido.
Na semana que vem escreverei o último comentário do ano para aqueles que não terão férias, assim como eu.
Uma boa semana e muito bons negócios a todos.
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting