ENCAFÉ: PREÇO MINIMO NÃO É O IDEAL, MAS É O QUE PODIA SER FEITO – DECAF

20 de novembro de 2009 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Veja São Paulo

Por Lessandro Carvalho, de Camaçari/Guarajuba, Bahia

SAFRAS (20)  O preço mínimo do café estipulado pelo governo, de R$ 261,69 a saca para o café arábica bebida dura tipo 6, não é o ideal, como o próprio produtor tanto reclama, mas é o que podia ser feito. Esta é a opinião do diretor do Departamento do Café (Decaf) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Lucas Tadeu Ferreira, que concedeu entrevista exclusiva à Agência SAFRAS durante o 17o Encontro Nacional da Indústria do Café (Encafé), que se realiza de 18 a 22 de novembro na Praia de Guarajuba, município de
Camaçari, próximo a Salvador, na Bahia.

“Definimos um piso, com base no custo de produção, e ele mais ou menos empata com o custo”, observou o diretor do Decaf. O governo está pronto para entrar com operações de AGF (Aquisição do Governo Federal) quando houver demanda. Entretanto, como o mercado trabalha hoje acima de R$ 261,69 a saca, que é o preço mínimo, não há sentido neste momento na operação. 

O governo está preparado para efetivamente retirar 10 milhões de sacas do mercado até o final de 2010 através de rolagem de dívidas, opções e AGFs (Aquisição do Governo Federal), reiterou Lucas Ferreira. A rolagem de dívidas pode contribuir para que se retire do mercado cerca de até 6,2 milhões de sacas, os contratos de opção 3 milhões de sacas e AGFs mais um milhão de sacas. E ainda há a prorrogação de mais R$ 860 milhões de custeio por quatro anos, com o  produtor tendo que pagar apenas 20% da parcela, cujo vencimento ocorre até março.

Quanto aos contratos de opção, Lucas Ferreira observa que não existe a conversa de que o governo não queria ficar com o café. Afirma que o governo está  pronto para pagar pelo café e estocá-lo.    

Em relação à rolagem de dívidas, a dação em pagamento (dívidas alongadas até 2010 com pagamento possível em produto), até o final de 2010, o que os produtores devem em volume equivalente é de 220.000 sacas a 250.000 sacas. A operação iniciou em agosto e por enquanto os produtores estão preferindo pagar as parcelas do que liquidá-las com produto, já que teriam de entregar pelo preço mínimo e as cotações no mercado estão melhores que o preço mínimo.

O financiamento de estocagem de 2008/09 prorrogado até abril de 2011 envolve R$ 1,2 bilhão, com o governo retirando do mercado através disso cerca de 6 milhões de sacas, já que o preço do café na operação é 80% do índice Cepea/Esalq, o que dá em torno de R$ 200,00 a saca.
 
PADRÃO MINIMO DE QUALIDADE

Lucas Ferreira informou que a nova norma que tramita no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para se estabelecer um padrão mínimo global de qualidade do café torrado e moído (produto final), além de pureza e umidade já está no departamento jurídico e em breve estará no mercado.

Fiscais agropecuários vão estar constantemente averiguando a qualidade dos cafés industrializados nos pontos de venda ou na indústria. Não estando conforme os padrões estabelecidos, a empresa sofre sanções, que vão desde multas até retirada do produto do mercado e até mesmo fechamento da indústria. (LC)

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