Publicação: 31/07/07
Nova geração de empresários se especializa em prestar serviços para o porto
Marianna Aragão
Santos – Jovens empreendedores de Santos (SP) descobrem no porto, uma das mais antigas atividades econômicas da cidade, a fonte para novos negócios. Um grupo de empresas de tecnologia, algumas recém-saídas de incubadoras, está se especializando em criar produtos para companhias que atuam no setor portuário. O movimento já estimulou a criação, em junho, de um Arranjo Produtivo Local (APL) e a cidade começa a atrair e reter profissionais da área.
Natural de São Vicente (SP), Anderson Brazão, de 36 anos, faz parte dessa nova geração de empreendedores santistas. Viveu e estudou na cidade, mas partiu para a capital paulista em busca de “oportunidade”. Quatro anos depois, percebeu que elas estavam mais perto de casa do que imaginava. “Conhecia o porto e havia imensa demanda por modernização”, conta Brazão, que resolveu abrir sua empresa, a Technolog. Para isso, criou um software que faz a comunicação com alfândega e fornecedores via internet, reduzindo custos.
Após um período incubada na USP, a empresa fincou bandeira em Santos em 2006. E logo conquistou dez clientes do setor. “O faturamento mensal, que em 2006 foi de R$ 50 mil, já chegou a R$ 100 mil este ano”, comemora Brazão.
Outra companhia que apostou nas oportunidades do antigo negócio de Santos é a Log1. “O processo logístico do porto precisava de mais fluidez”, diz o sócio Odair Farias, com a propriedade de quem trabalhou anos na área antes de concluir o curso de Logística e abrir a própria empresa. Pensando nessa necessidade, ele e dois sócios desenvolveram um sistema de consultoria específico para empresas de logística portuária. Em três anos, a Log1 já vendeu o serviço para duas empresas e registra um crescimento no faturamento de 40% ao ano.
Experiências bem-sucedidas como as de Brazão e de Farias despertaram a atenção de organizações locais. Há um mês, um APL de TI foi criado na cidade, com o objetivo de gerar negócios, estimular o empreendedorismo e distribuir recursos. Segundo o consultor da Associação Comercial de Santos, Santiago Carballo, o APL de Santos vai priorizar as áreas de logística, comércio exterior e transportes. “Queremos que a cidade carregue um selo de qualidade como pólo tecnológico.”
Segundo o Sebrae, há cerca de 1,8 mil empresas de TI na Baixada Santista. Cerca de 50 micro, pequenas e médias empresas já fazem parte do arranjo – pelo menos 15 são voltadas para o setor portuário. Agora elas também poderão juntar forças para enfrentar as negociações com os empresários do porto. Segundo os empreendedores, os grandes grupos ainda reagem com ceticismo diante de um produto novo. “E principalmente, de uma empresa jovem como a nossa”, afirma Helder Knidel, de 30 anos, sócio da NatComp. A empresa, criada há um ano com o sócio Leandro Nunes, também desenvolve tecnologia voltada à gestão de portos.
A falta de um histórico de clientes e a desconfiança com o baixo custo dos softwares – em comparação aos similares europeus, que podem custar milhões de dólares – também desafiam o trabalho dos jovens empreendedores santistas. Carballo, da Associação Comercial, acredita que a organização das empresas em um APL vá afastar a resistência. “Vamos colocá-los para conversar.”