fonte: Cepea

Empresas de café se unem para desafiar líder

Torrefadora Santa Clara, de Fortaleza, e a Café Três Corações firmam joint venture para concorrer em escala nacional com a gigante Sara Lee

31 de dezembro de 2005 | Sem comentários Consumo Torrefação
Por: Estado de São Paulo por Daniel Hessel Teich









A principal torrefadora de café do Norte e Nordeste do País, a Santa Clara, e a multinacional israelense da área de alimentos Strauss Elite, controladora da Café Três Corações, se uniram para enfrentar a concorrência da americana Sara Lee, líder nas vendas de café no Brasil. As duas empresas constituíram ontem uma joint venture e criaram a empresa Santa Clara Participações S.A., em que cada parte deterá 50% das ações. “Apesar de ser uma empresa global, a Elite Strauss tem um perfil de empresa familiar bem parecido com o nosso, isso acabou facilitando bastante o acordo”, diz o presidente-executivo da nova empresa, Pedro Lima, cujo pai foi o fundador da Santa Clara, empresa baseada em Fortaleza, Ceará.

Somados os resultados da Santa Clara e da Três Corações em 2005, a nova empresa nasce com um faturamento anual de R$ 650 milhões, vendas de 70 mil toneladas anuais de café e uma participação de mercado de 10%, o que a torna a segunda maior empresa brasileira no setor. A líder é a gigante americana Sara Lee, dona das marcas Pilão, Caboclo e Café do Ponto.

“A associação melhora nosso desempenho em termos de participação no mercado e nos dá melhores condições para brigar pelo mercado nacional. Hoje a Santa Clara é mais forte no norte e nordeste enquanto a Três Corações tem a liderança em Minas Gerais.”

Antes da união, a Santa Clara já ocupava a segunda posição no ranking nacional, mas com 8% de participação no mercado, a uma distância considerável da Sara Lee, com seus 16%. A diferença em relação à líder agora diminui um pouco com os 2% da Três Corações, até então a 8ª colocada na lista da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).

Com a joint venture, a marca Três Corações se tornará a principal da empresa. Além de líder em Minas Gerais, a marca está presente em mercados competitivos como São Paulo. Há quatro anos nas mãos do grupo Strauss Elite, a Três Corações também é líder nacional na categoria cappuccino instantâneo e tem produtos voltados para nichos de mercado como grãos para expresso e cafés especiais.

A associação das duas empresas é particularmente significativa no processo de concentração pelo qual passa o mercado de café no Brasil desde a chegada da Sara Lee, em 1998, seguida de sucessivas aquisições. Mesmo assim, o País conta com mais de mil indústrias e as 10 maiores delas não chegam a abocanhar 35% do mercado.

“Ainda é um mercado pulverizado mas que está passando por mudanças importantes”, diz Lima, que também é diretor de Mercado Interno da Abic. “Hoje os produtores usam variedades melhores de plantas, trabalham com várias famílias de produtos e se especializam em mercados como o de food service (vendas para restaurantes)”. Segundo Lima, as mudanças ocorrem tanto por exigência do mercado interno quanto por melhores chances de competição internacional.

Atualmente, consome-se no Brasil 4 quilos de café por ano, índice que tem crescido. Em 1996, cada brasileiro consumia 3 quilos por ano.O que os produtores esperam é que esse número cresça ainda mais.

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