Empresários, autarcas e responsáveis pela educação falam sobre o plano tecnológico para a região de Santarém

24 de março de 2006 | Sem comentários Comércio Mercado Interno






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Alertar consciências e
sacudir mentalidades



O plano estratégico para a região serve para pôr as pessoas a
pensar e pretende colocar as várias entidades a remarem para o mesmo lado em
prol do desenvolvimento.


Uma semana após a apresentação do plano estratégico de inovação e
competitividade para a região de Santarém O MIRANTE ouviu empresários, autarcas,
políticos e representantes de instituições que marcaram presença na iniciativa.
O objectivo foi aferir da sensibilidade em relação à execução prática das
soluções apresentadas pelo estudo elaborado por Mira Amaral e Augusto Medina.
Não no calor do momento, mas já a frio.


Pelo menos, como referiu o presidente da Renova, a empresa de
maior visibilidade na região, o plano serviu “para pôr as pessoas a pensar” e
será de certeza útil para se concretizarem alguns investimentos na região.


Andrade Tavares está consciente que a sua empresa é um caso à
parte no panorama empresarial da região. “Com toda a franqueza a nós o plano não
nos vem criar condições para inovar porque isso já fazemos há muito tempo”,
refere o presidente da Renova, adiantando no entanto que não se coibirá de
utilizar algumas das potencialidades ali inscritas, nomeadamente ao nível da
formação.


“Não sou político, sou empresário, por isso vou atrás de ideias.
E agradaram-me as ideias apresentadas no plano”, refere Luís Pires,
administrador da empresa Grão Café, de Abrantes.


Para o empresário, o desenvolvimento da região terá de passar por
uma nova dinâmica e atitude, inclusive das entidades governamentais. Que afirma
rever-se nas palavras do presidente da Nersant quando no seu discurso falou das
dificuldades em fazer passar a estratégia delineada para a região junto dos
sucessivos Governos. Da morosidade e da burocracia das entidades públicas, que
têm feito adiar processos de investimento.


Para Luís Pires vale sempre a pena gastar dinheiro no
conhecimento se ele depois puder ser utilizado. E, como salientou, “devem-se
apoiar projectos pelas mais-valias que podem trazer e não pela cor política de
quem os apresenta”.


Com a convicção de que nenhum plano é realizável a 100 por cento,
o administrador da Grão Café diz que já será uma vitória para a região se se
conseguir realizar o máximo possível. “Não sei se o plano vai ter êxito mas se
ficarmos parados então é que não terá mesmo”, refere.



CRÍTICAS À EDUCAÇÃO


Como disse no seu discurso o presidente da Nersant, José Eduardo
Carvalho, gerir e implementar processos de inovação, alterar culturas e modelos
organizacionais e de gestão, privilegiar redes de aliança e de cooperação nas
empresas e, em simultâneo, colocar as universidades e os professores a deixarem
de viver sobre si mesmos “é um trabalho hercúleo e quase impossível”.


As críticas em relação ao papel desempenhado pelos institutos
politécnicos e pelas escolas profissionais da região na interligação com o mundo
empresarial teve eco e “espicaçou” alguns responsáveis pela formação
superior.


O presidente do Instituto Politécnico de Tomar, Pires da Silva,
diz mesmo, num texto de opinião publicado nesta edição, que o que Mira Amaral
disse da falta de entrosamento dos politécnicos com a comunidade só pode servir
para justificar “a eliminação a curto prazo” do instituto a que preside.


“Felizmente que existem estudos científicos encomendáveis,
Instituições Autárquicas, Científicas e Empresas, dispostas a colaborar com o
IPT. Pois, caso contrário, seríamos prisioneiros eternos do nosso atraso
atávico, da nossa mentalidade retrógrada”, refere no texto de opinião.


Mais contida nas críticas é a presidente do Instituto Politécnico
de Santarém. Lurdes Asseiro admite que a relação entre a instituição que preside
e as empresas da região “tem debilidades”, faltando ainda estabelecer uma
relação de confiança.


“Estamos a trabalhar para isso”, salienta, adiantando haver
responsabilidades de parte a parte. Mais abertura e maior flexibilidade por
parte do tecido empresarial é o que a presidente do IPS pede, para reforçar
parcerias.


Apesar das convicções de Pires da Silva, a verdade é que os
empresários contactados por O MIRANTE consideram que as instituições de ensino
superior deveriam estar mais próximas das empresas, pequenas ou grandes.


O presidente da Renova, por exemplo, confessa que o contacto com
os institutos politécnicos da região não tem sido muito grande. Considerando-se
um “liberal” – “quanto menos Estado a interferir na educação, melhor” -, Andrade
Tavares refere que, no geral, não há exigência no ensino em Portugal.


Apesar disso, acredita mais na formação dada pelas escolas que
pelas empresas. “O desperdício na formação profissional é muito grande”.


Apenas a JS Gouveia, uma empresa metalomecânica de Santarém,
afirmou ao nosso jornal manter uma relação estreita com o ensino superior, neste
caso o Instituto Politécnico de Santarém. “Tenho recebido vários estagiários e
há um bom entendimento entre a empresa e a instituição”, afirma Zito
Ferreira.

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