Empresa israelita participa com 60 milhões de dólares na segunda maior cafeeira brasileira
3 de janeiro de 2006 | Sem comentários
Consumo Torrefação
Por: Diário Econômico - Lisboa, Lisboa, Portugal
| DE com Lusa |
O grupo israelita Strauss-Elite, que controla a empresa brasileira de café Três Corações, através da subsidiária Elite International, anunciou hoje a formação de uma nova empresa, que ocupará o segundo lugar no mercado brasileiro.
Ofra Strauss, proprietária e administradora principal da Strauss-Elite, adiantou que a empresa investiu 60 milhões de dólares (50,6 milhões de euros) na consolidação da empresa Três Corações com a Café Santa Clara, a segunda maior empresa do sector no Brasil.
A nova empresa, em que a Strauss-Elite detém 50% do capital, terá uma quota de mercado de 11%, colocando-se logo a seguir à empresa norte-americana Sara Lee, que lidera o mercado brasileiro.
“A Santa Clara ganha competitividade e trabalhará para conquistar a liderança da indústria brasileira de café”, salientou o presidente da nova empresa, Pedro Lima, em comunicado distribuído à imprensa brasileira.
“Nosso objectivo será alargar os nossos negócios especialmente no Brasil, actualmente o segundo maior mercado consumidor mundial de cafés”, disse o executivo.
O responsável pela Strauss-Elite no Brasil, Pieter Polhujs, realçou que a nova empresa aumentará a competitividade dos produtos do grupo israelita no mercado internacional.
“Combinaremos o potencial da Santa Clara na actuação internacional do grupo Strauss-Elite”, salientou o executivo no comunicado.
A Elite Internacional foi criada em 1992 como parte de um plano de internacionalização das actividades da empresa face à estratégica oposta da sua principal concorrente no mercado interno, a Osem, que tinha sido adquirida pela empresa internacional Nestlé.
A integração da Osem no grupo Nestlé impossibilitou a expansão no mercado internacional e conduziu a uma política de aquisições de empresas de ramos congéneres, tais como saladas, carnes, produtos de soja, que a Osem não havia explorado no passado.
Ao mesmo tempo expandia a sua quota no mercado alimentar interno.
A Strauss-Elite compreendeu que não tinha grandes possibilidades de crescimento no mercado interno, já de si pequeno.
Por isso, em 1992, iniciou o fabrico de café na Polónia, alargando depois a sua actividade sucessivamente para a Roménia, Bulgária, Croácia e Turquia.
A sua estratégia aponta para se manter apenas nos mercados onde possa ter uma posição dominante, encerrando se tal não for possível.
Em 2000 adquiriu a Três Corações, por 41 milhões de dólares (35 milhões de euros) como primeiro passo para a aquisição de outras empresas cafeeiras brasileiras.
Fundada há 35 anos, a empresa Três Corações actualmente é a principal indústria do sector no Estado de Minas Gerais e está actualmente entre as oito maiores do Brasil.
Localizada na região metropolitana da capital Belo Horizonte, a Três Corações produz anualmente cerca de 20 mil sacas de café tradicional e de marcas especiais.
Criada há 46 anos, a Santa Clara mantém unidades espalhadas pelas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, com uma produção mensal de cerca de 100 mil sacas de café.
O grupo israelita Strauss-Elite vê no mercado brasileiro um potencial gigantesco de cooperação com entidades locais.
Actualmente, o Brasil é o maior produtor mundial de café, com uma produção anual de cerca de 33 milhões de sacas.
O Brasil é igualmente o maior exportador mundial de cafés verdes, com uma média de 27 milhões de sacas exportadas para vários países.
A exportação de café ascendeu a 1,25 mil milhões de dólares (mil milhões de euros) no ano passado, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), entidade que representa o sector.
Itália e Alemanha lideram o ranking dos exportadores mundiais de cafés industrializados.