Empresa investe em linha gourmet produzida em Minas Gerais

Continuidade. A diretora-executiva do grupo Utam, Ana Carolina Soares, é uma das herdeiras e trabalha no negócio há 20 anos. (Foto: Grupo Utam/Diuvulgação)

29 de dezembro de 2016 | Sem comentários Cafés Especiais Produção

Maior produtor do mundo e um dos maiores consumidores também, o mercado brasileiro de café é bem maduro tanto na produção quanto no consumo. Assim, o café moído – na versão commodity, em grandes volumes – continua crescendo, mas num ritmo bem lento. A avaliação é da diretora-executiva do Grupo Utam, Ana Carolina Soares. Por isso, tem sido constante a busca da especialização de cafés que trazem valor agregado maior e diferenciado à empresa dentro do mercado.


Há três anos o grupo foi a primeira indústria nacional a trazer as cápsulas compatíveis (em parceria com uma empresa portuguesa) com a máquina Nespresso. Neste ano, a companhia decidiu investir na fabricação de cafés especiais, segmento em que o mercado tende a crescer.


Com fábricas em Piumhi, na região Oeste de Minas Gerais, e em Ribeirão Preto (SP), a decisão da empresa foi pela planta mineira. Os motivos, de acordo com a executiva, foram: “localização estratégica numa região que produz bastante café com fornecedores de excelente qualidade, e proximidade de Belo Horizonte, Ribeirão Preto e São Paulo”.


Assim, o investimento na fábrica de Piumhi é de R$ 2 milhões que se iniciou em outubro e será finalizado no primeiro trimestre de 2017. O aporte está sendo feito para a linha de produção de cafés especiais, no torrador, no envase e toda a parte de transporte desse café que é feito em tubulações para que ele circule dentro da indústria sem qualquer tipo de contato. “É uma linha diferenciada para não ter contato com outro tipo de café. Até o transporte é diferente”, explicou Ana Carolina.


Como os grãos são mais graúdos também não se pode correr o risco deles se quebrarem. “Se quebrar muda o sabor do café. O tamanho do grão no café gourmet tem que ser uniforme senão ele não vai torrar por igual e isso influencia o sabor e pode ter um gosto de queimado. É o cuidado que tem que se ter”, disse.


Capacidade. Em Piumhi, a capacidade atual é de 300 toneladas de café por mês. O volume vai passar a ser de 420 toneladas mensais. “Sendo que desse total, 120 toneladas por mês serão de cafés especiais”, calculou Ana Carolina.


A produção de cafés especiais será para abastecer o mercado interno. “A ideia é que todo o café especial produzido pela Utam seja feito em Minas Gerais”, informou a executiva do grupo familiar fundado há 46 anos.


Com 220 funcionários sendo 150 em São Paulo e 70 em Minas Gerais, o investimento em cafés especiais criou mais 15 vagas.


GRANDES NÚMEROS


R$ 45 é o preço de um quilo do café gourmet que sai da fábrica do grupo Utam
R$ 800 custa a saca de 60 quilos de café gourmet normal comercializada no Brasil
9.500 clientes tem o grupo em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul


Companhia familiar nasceu há 46 anos


Idealizado no final de 1969, várias pequenas torrefações uniram-se para formar uma nova empresa chamada União dos Torrefadores da Alta Mogiana, abolindo as marcas individuais e lançando uma única marca: Café Utam.


Hoje, o grupo está na 15ª posição no ranking nacional 2015 da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), à frente de cerca de 1.299 indústrias do setor, das quais 406 são afiliadas à entidade.


Controle acionário. O Grupo Utam está sob domínio acionário da atual direção desde 1985. Hoje, é liderado, em sua maioria, pela terceira geração da família Júlio Soares e por dois profissionais da segunda geração. Nestes 46 anos de atuação no mercado brasileiro, a empresa tem uma capacidade produtiva de mil toneladas por mês. O segmento principal da companhia é a industrialização do café.


O resultado desta performance é hoje uma atuação em mais de 400 cidades e uma carteira com cerca de 9.500 clientes ativos nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.


NOVIDADE


Lançamento reúne quatro tipos de café
Neste ano, o grupo Utam já possue no mercado um café especial. “Agora, estamos desenvolvendo toda uma linha de especiais. Estamos lançando quatro blends (todos de lavouras cafeeiras brasileiras com cafés das regiões do Sul de Minas e região alta mogiana, na divisa de Minas com São Paulo). São regiões produtoras tradicionais de qualidade dentro do Brasil”, explicou a diretora-executiva do grupo, Ana Carolina Soares.


Processo. A executiva contou que os cafés especiais são todos do tipo arábica. “O que diferencia é o processo desde a compra do café com seleção rigorosa, o tamanho do grão de peneira alta, e todo o processo produtivo que é diferenciado. Ele passa por catadoras eletrônicas que separam os grãos por tamanho e cor. Toda essa homogeneização dos grãos dá esse padrão elevado ao café”, detalhou Ana Carolina.


Outra especificação do café gourmet, segundo a executiva, é que ao longo da industrialização a torra do grão é feita com torrador projetado para trabalhar com o que se chama de curva de torra (programadas para valorizar o que o café tem de melhor com mais doçura e corpo). “Tudo isso resultada num café diferenciado”, contou.


Por isso, o produto é mais caro desde quando é feita a compra do grão cru, que passa por um processo diferenciado na colheita. “Não pode esperar o café ficar totalmente maduro e cair no chão porque pode pegar gosto e umidade da terra perdendo a qualidade”, acrescentou.


Fonte: O Tempo (Por Helenice Laguardia)

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