Vitória Batistoti
O seu lixo pode ser transformado em algo útil para outra pessoa. Esse é um dos princípios básicos do ciclo de reciclagem e também o lema que moveu a paulistana Mayura Okura, bacharel em gestão ambiental, a criar a startup B2Blue, plataforma online que conecta empresas que querem vender seus resíduos a outras que estão interessadas em compra-los e usá-los como matéria-prima por um valor mais em conta.
A ideia de fundar a B2Blue nasceu após uma análise que Mayura fez do mercado. “Durante a faculdade passei por algumas experiências, ao mesmo tempo que me deparei com a política nacional em relação aos resíduos e criei contato com empresários. Também passei a notar que o Brasil tinha muitos materiais nobres que não eram aproveitados. Assim, descobri um nicho interessante para investir”, afirma a empreendedora. Unindo a necessidade do mercado – e a do meio ambiente –, em 2012, ela criou a primeira versão da plataforma com o financiamento de alguns parceiros que conheceu após participar de eventos e expor sua ideia.
O modelo de negócio da B2Blue é simples: a empresa interessada se cadastra gratuitamente, registra quais resíduos quer vender (ou comprar) e a plataforma automaticamente encontra as empresas que se interessam por essa matéria prima. “Depois, é necessário pagar uma taxa – a partir de R$ 150 – para ter acesso à informação da empresa com quem se quer comercializar. A partir disso, o comprador e o fornecedor podem negociar entre si sem a intermediação da B2Blue; só participamos da transação se formos acionados para dar suporte”, diz a CEO.
Além da taxa por acesso à informação de cada indústria (que varia conforme o nome ou tamanho do negócio), a B2Blue oferece planos com informações de várias empresas em um mesmo pacote por um valor que pode ir de R$ 1.500 a R$ 3.500. A startup também desenvolve softwares e pesquisas de marketing para empresas que pedem por resíduos específicos.
Hoje, a plataforma tem mais de 20 mil indústrias e 58 mil usuários cadastrados, além de mais de 10 mil tipos de resíduos catalogados. No momento, há mais de 700 mil toneladas de resíduos anunciadas no site. “A maior parte é plástico, que representa mais de 60% da nossa base. Mas também temos muito metal, papel, papelão e vidro”, diz Mayura.
A pesquisa de mercado de Mayura parece ter sido bem sucedida. No ano passado, a B2Blue faturou cerca de R$ 3 milhões.
“Hoje somos uma referência na área de resíduos no Brasil, mas, em 2020, queremos estar no mundo inteiro. Pensamos em internacionalizar sim, porém, por enquanto, vamos focar no Brasil”, afirma a empreendedora. “Nosso objetivo é chegar no aterro zero e mostras às empresas e indústrias que os resíduos delas têm valor no mercado e podem ter destinos mais nobres”, completa.