Chuvas chegaram 15 dias mais tarde no Sul de Minas devido ao aquecimento global e requerem cuidado redobrado de produtores, apontam especialistas.
Por G1
A emergência climática já causou mudanças na agricultura do Sul de Minas. Após uma longa estiagem na região, agricultores presenciaram uma florada precoce nas lavouras de café deste ano e precisam prestar atenção no manejo.
Segundo a pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Vanessa Castro Figueiredo, a chuva seguida da florada favorece a lavoura. No entanto, produtores devem ter atenção ao seu manejo.
“É muito importante, agora, ele ter pontualidade nas aplicações. Retornar com as adubações de cobertura, fazer as pulverizações foliares para controle de pragas, doenças e também já ficar atento ao controle do mato”, explica a pesquisadora.
O Sul de Minas experimenta uma estiagem desde o mês de abril. Conforme o produtor Roberto, a quantidade de chuvas não é suficiente para suprir o deficiente hídrico:
“Aqui, nesses últimos dias, choveu, aglomerando as chuvas, 200 milímetros. Mas é só para remediar o dano que foi feito. É minorar um pouco o que aconteceu”, lamenta.
Após a mudança climática reconhecida na década de 1990 por especialistas, o planeta entrou em seu estágio de emergência climática.
O professor de Climatologia da Unifal Paulo Henrique de Souza explica que o aquecimento global foi responsável por aumentar a temperatura das águas dos oceanos. O aquecimento do oceano Atlântico foi o que causou a demora de 15 dias para a chegada da chuva na região.
“Nós tivemos o aquecimento das águas superficiais do oceano Atlântico do lado de cá. É a única parte líquida do planeta onde não tem furacão, justamente porque ele não é quente, só que ele ficou também aquecido. E isso perturbou o fluxo dos ventos, prejudicando a chegada de massas de ar úmidas à nossa região”, aponta o climatologista.
Já as chuvas recentes são resultado do La Niña, que diferente do aquecimento global, é um fenômeno natural. Com a diminuição da temperatura do oceano Pacífico, o climatologista espera um fim de ano mais chuvoso.
“O aporte de ventos vai diminuir e a massa da região amazônica, que é úmida, vai chegar aqui com mais frequência, então agora volta ao nosso padrão habitual com chuvas e nebulosidade”, explica o especialista.
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