#Embrapa Café: Extensão rural contribui para melhoria da qualidade e sustentabilidade da cafeicultura

Sex, 09 de Agosto de 2013 14:21



 


Carolina Costa –  Flávia Bessa / Embrapa Café


Pesquisadores e extensionistas do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, transferem tecnologias inovadoras ao campo


O Consórcio Pesquisa Café, ao longo dos 16 anos de existência, vem celebrando convênios de cooperação técnica e financeira com entidades de extensão rural, Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária – Oepas e universidades localizadas pelas regiões produtoras. Durante os 16 anos de parceria, a produção brasileira de café quase triplicou. Com praticamente a mesma área cultivada, o País, que antes produzia 18,9 milhões de sacas de café por ano, passou a produzir 48,5 milhões.


A pesquisa cafeeira é hoje o pilar central da cafeicultura sustentável no Brasil. Os trabalhos de pesquisa e fomento são fundamentais para a diversificação, melhoria da qualidade e aumento da produtividade das lavouras. As tecnologias desenvolvidas repassadas aos produtores por meio da assistência técnica e extensão rural trazem melhorias na renda e na qualidade de vida do homem do campo.


A presença de entidades de extensão rural no Consórcio tem colaborado para que os resultados da pesquisa cheguem ao produtor de forma mais planejada e eficiente. Conheça essas instituições e suas principais ações nos seis maiores estados produtores: Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Bahia e Rondônia.


Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) – Recente convênio firmado pelaEmbrapa Café com a Emater-MG estabelece cooperação técnica para transferência, a pequenos e médios produtores, de tecnologias do Consórcio Pesquisa Café, por meio do Programa de Treinamento em Cafeicultura.


O objetivo é atender às demandas de produtores de café de Minas Gerais e de seus grupos associativos, de forma a promover o desenvolvimento da atividade cafeeira. Além disso, o apoio à agricultura familiar é consequência de uma política estratégica para garantir segurança alimentar e nutricional, proporcionar a inclusão social de grupos marginalizados e permitir o desenvolvimento sustentável da sociedade mineira.


Cento e setenta extensionistas capacitados com recursos do convênio entre Emater – MG e Embrapa transmitirão tecnologias desenvolvidas no âmbito do Consórcio Pesquisa Café para cerca de 2.400 produtores – especialmente de pequeno e médio porte, e a suas associações/cooperativas em 126 municípios.


Segundo a Emater-MG, o estado de Minas Gerais possui o maior parque cafeeiro (1.247,11 mil hectares) do País e responde por mais de 51% da produção brasileira de café. O avanço tecnológico já obtido nos últimos anos na pesquisa cafeeira e sua aplicação permitiu o aumento de aproximadamente 71% na produção com apenas 14,5% na área plantada. O agronegócio café em Minas Gerais, que tem mais de 1 milhão de hectares plantados, gera mais de 4 milhões de empregos diretos e indiretos, o que mostra sua importância não só econômica, mas também social para o Brasil. A produção do estado de Minas Gerais está estimada em 25,4 milhões de sacas de café na safra 2013, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab.


O coordenador técnico estadual do café da Emater-MG, Marcelo Felipe, explica ainda que, em nível estadual, a Emater-MG organiza o Circuito Mineiro de Cafeicultura, o Concurso Estadual de Qualidade de Café, o Programa de Certificação de Propriedades Cafeeiras, o Programa de Assistência Técnica, o de Especialização em Café (mestrado) e o treinamento à distância em pós-colheita de café, em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig e a Universidade Federal de Viçosa – UFV. Planos de ação da Emater-MG, em parceria com a Universidade Federal de Lavras -Ufla e Epamig, foram recentemente submetidos à avaliação do Consórcio Pesquisa Café e aguardam aprovação.


Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) – O Instituto tem mais de 25 anos de pesquisa e extensão com café conilon no Espírito Santo, ocupando a posição de maior produtor de conilon do Brasil. A estimativa de produção cafeeira no Estado é de 12,5 milhões sacas, sendo que 26,45% será de café arábica, e 73,55% de café conilon. O objetivo das pesquisas realizadas pelo Incaper é aumentar a produtividade e a qualidade do café, presente em todos os municípios do Estado do Espírito Santo. O coordenador do programa estadual de cafeicultura, Romário Gava Ferrão, explica que a transferência de tecnologia do Incaper aos produtores é feita graças às parcerias do Instituto com o Consórcio Pesquisa Café, cooperativas, institutos federais, associações de produtores e com o setor privado. O conhecimento chega ao produtor por meio de visitas técnicas às fazendas, Dias de Campo, unidades demonstrativas de resultados, encontros de produtores, cursos e publicações que vão de livros a folders, disponibilizados pelo Incaper a quem tiver interesse.


Romário acredita que a melhoria da qualidade do café no Estado vem ocorrendo graças a um conjunto de conhecimentos acumulados ao longo dos anos, envolvendo diversas linhas de pesquisa. Entretanto, considera que o Incaper destaca-se no desenvolvimento e recomendação de variedades, irrigação, manejo de pragas e doenças, nutrição da planta e manejo da cultura, envolvendo, sobretudo, a poda do café. Entre os projetos do Instituto, estão: a Poda Programada do Conilon, o Programa de Melhoramento Genético, incluindo o Banco de Germoplasma de café. O Incaper, uma das instituições fundadoras do Consórcio Pesquisa Café, lançou, no mês de junho de 2013, três novas variedades clonais de café Conilon:Diamante Incaper 8112, Jequitibá Incaper 8122 e Centenária Incaper 8132.


Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati–SP) – A missão da Cati é promover o desenvolvimento rural sustentável, por meio de programas e ações participativas com o envolvimento da comunidade, de entidades parceiras e de todos os segmentos dos negócios agrícolas. Referência nacional na área de assistência técnica e extensão rural, a Cati vem atuando na cafeicultura desde o início de suas atividades, em 1967.


A Coordenadoria submeteu à apreciação do Consórcio Pesquisa Café projeto de avaliação de seis grupos de clones de café Conilon e Robusta, com maturação diferenciada, nos municípios de Cafelândia, Getulina e Lins. De acordo com o presidente da Comissão Técnica de Café da Cati, Paulo Sérgio Vianna Mattosinho, em breve será lançado o Projeto Cati Café, uma ação direcionada a todos os cafeicultores do Estado de São Paulo em prol de uma agricultura sustentável.


O Estado é o terceiro maior produtor de café no Brasil e estima-se que a produção seja acima de 4,2 milhões de sacas em 2013. Tal produção, exclusivamente de arábica, distribui-se em duas regiões: Mogiana e Centro-Oeste Paulista, que alternam fazendas com pequenas propriedades e produzem cafés especiais em áreas específicas. A safra de 2013 deverá propiciar colheita de 4,2 milhões de sacas.


Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater–PR) – Tem como foco principal o desenvolvimento regional sustentável e a atuação na área de políticas públicas. Em todas as regiões cafeeiras do Paraná estão sendo implantadas unidades demonstrativas de manejo da fertilidade dos solos e de preparação das lavouras para mecanização, principalmente na colheita, suprindo a crescente falta de mão-de-obra.


Dados paranaenses apontam para produção média de 1,71 milhão de sacas em 2013. O Estado é referência nacional em metodologia de transferência de tecnologia aos produtores. Por meio do programa Treino e Visita (implantado pelo Instituto Agronômico do Paraná em 1997 e conta, nos últimos anos, com apoio do Consórcio Pesquisa Café), profissionais da assistência técnica e extensão rural se reúnem periodicamente para trocar informações sobre o andamento da safra, uniformizar o entendimento sobre as questões técnicas relevantes verificadas no campo e, a partir daí, definir estratégias de atuação junto aos cafeicultores. Em seguida, vêm as visitas. Os extensionistas se dirigem às propriedades e, juntamente com os produtores, definem as ações necessárias. O Treino & Visita opera com um grupo de 20 especialistas e 59 técnicos, que, por sua vez, acompanham diretamente cerca de 700 cafeicultores paranaenses.


Aumento da produtividade do café em cerca de 30%, redução do custo de produção do produto beneficiado e índice de 82% de adoção de boas práticas agrícolas, como adubação equilibrada e manejo integrado de pragas e doenças. Esses são alguns dos resultados do projeto Treino e Visita. O programa consolidou-se com o diferencial de avaliar o resultado efetivo da adoção de novas tecnologias, otimizando o desempenho da cafeicultura do Paraná.


No município de Grandes Rios, situado na região central do Paraná, 12 agricultores participam do Treino & Visita. O extensionista Nelson Menoli, da Emater-PR, no programa desde seu início, em 1997, é o responsável pelo acompanhamento dessas propriedades. Ele conta que, além de ganhos de produtividade (já superando 30 sacas beneficiadas por hectare, contra apenas 22 no início do trabalho), a metodologia propiciou também um “salto qualitativo” dos produtores. “O cafeicultor é ávido por informações novas, e um processo sistematizado de trabalho facilita o aprendizado constante”, avalia.


Por meio da metodologia Treino & Visita, a Emater, cooperativas e prefeituras municipais atuam como parceira do Instituto Agronômico do Paraná – Iapar na implantação de kits nematóides (para enfrentar a infestação de vermes), principalmente em solos de arenito. Tais kits de resistência varietal do café foram distribuídos aos cafeicultores, prefeituras e cooperativas agropecuárias de 210 municípios das 10 regiões cafeeiras do Paraná. Além dos kits, a Emater e cooperativas vêm contribuindo com o Iapar na divulgação da variedade de café IPR100, que, como destaque, apresenta resistência a nematóides”. A Emater dedica-se ainda à melhoria da qualidade do café por meio da implantação e adequação de centros de classificação física e de degustação, além de promover o Concurso Café Qualidade Paraná, que já está em sua 11ª edição.


Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) – O Programa Café da EBDA desenvolve ações que trabalham a qualidade e o potencial de exportação do produto. Em parceria com o Consórcio Pesquisa Café, a linha temática dos projetos em desenvolvimento é a cafeicultura irrigada. A Empresa, além de fazer o acompanhamento técnico das lavouras, transferiu tecnologias a diversos produtores da região. O conhecimento chega até eles por meio de dias de campo, encontros de produtores, cursos e publicações. Entre as tecnologias difundidas no Estado, destacam-se o estresse hídrico controlado, a adubação fosfatada e o cultivo de braquiárias nas entrelinhas do cafeeiro – desenvolvidas pela Embrapa Cerrados com recursos do Consórcio Pesquisa Café. As tecnologias, testadas e validadas, foram adotadas nas lavouras comerciais de cafeeiros irrigados da região. Na Fazenda Lagoa d´Oeste, de propriedade da Adecoagro, tais tecnologias fazem a diferença no bolso do produtor e na qualidade do produto, tornando a cafeicultura mais competitiva e sustentável. A produção é destinada ao mercado externo.


Na Bahia, como 86% dos produtores envolvidos com a cafeicultura são classificados como mini ou pequenos, o incentivo e o apoio à agricultura familiar é também um dos grandes objetivos da EBDA. A iniciativa é consequência de uma política estratégica para garantir segurança alimentar e nutricional, proporcionar a inclusão social e permitir o desenvolvimento sustentável de diversas regiões produtoras, que apresentam grande potencial para a produção de cafés de excelente qualidade. Exemplo disso é o “café do Papa”, consumido pelos cardeais do Vaticano. A cada safra, produzida na Chapada Diamantina/BA, são preparadas 30 exclusivíssimas sacas para o suprimento do Vaticano. Trata-se de um café 100% arábica, cereja descascado e orgânico com, pelo menos, 85 pontos na escala da Sociedade Americana de Cafés Especiais – SCAA.


O Estado é o quinto maior produtor de café do Brasil, com previsão de 1,9 milhão de sacas para 2013 e tem uma cafeicultura distribuída pelas regiões Oeste, Sul e Planalto da Conquista.


Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater–RO) – A Associação trabalha em prol da geração de emprego e renda e de novos postos de trabalho para o produtor rural e suas organizações, com foco na potencialização de atividades produtivas agrícolas voltadas à oferta de alimentos e matérias-primas para agroindustrialização. Com o objetivo de promover o desenvolvimento humano sustentável, a Emater – RO vem atuando junto aos agricultores familiares e suas organizações desde 1971 e, mais recentemente, em parceria com Embrapa Café e Embrapa Rondônia, e ainda outras instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café.


Segundo Samuel Oliveira, Chefe da Área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia, o governo do estado, em parceria com a Emater, Embrapa e outros parceiros, pretende implantar o Plano de Revitalização da Lavoura Cafeeira em Rondônia. O Plano quer aumentar a produção e a produtividade do café no estado, aumentando a competitividade da cafeicultura estadual. Prevê a escolha de uma equipe exclusiva para prestar assistência técnica focada e intensiva. A Embrapa cuidará da capacitação de técnicos da Emater – RO para que estes possam transmitir conhecimentos e novas tecnologias aos cafeicultores da região. A proposta prevê, ainda, a promoção da nova variedade de café lançada no estado pela Embrapa, a Conilon BRS Ouro Preto, que alcança a produtividade de 70 sc/ ha. O Plano tem sido discutido em reuniões que reúnem prefeitos, pesquisadores, técnicos e representantes da Assembleia Legislativa de Rondônia e tem encontro forte apoio em todos os segmentos do agronegócio do café no estado.


Em 2013, a produção de café com qualidade em Rondônia foi o foco de treinamentos em colheita e pós-colheita realizados pela Embrapa e parceiros em Ouro Preto do Oeste, a 330 quilômetros de Porto Velho (RO). Cerca de 70 técnicos extensionistas foram capacitados para levarem aos cafeicultores as inovações e tecnologias de baixo custo e voltadas para a agricultura familiar. O evento foi organizado pela Embrapa Rondônia, Embrapa Café, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), com a parceria da Emater Rondônia. Todas essas instituições organizadoras participam do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café.


O treinamento apresentou tecnologias de colheita e pós-colheita adaptadas à agricultura familiar; de reutilização da água residuária no processamento do café – aproveitamento agrícola e aspectos legais; tecnologias de secagem do café da espécie Coffea Canephora (conilon e robusta); classificação do café; e demonstração da colheita semi-mecanizada do C. Canephora. Essas tecnologias constituem infraestrutura mínima para produção de café com qualidade.


Os vários cafés do Brasil – Devido à diversidade de regiões ocupadas pela cultura do café, o País produz tipos variados do produto, fato que possibilita atender às diferentes demandas mundiais, referentes a paladar e preços. Essa diversidade também permite o desenvolvimento dos mais variados blends, tendo como base o café de terreiro ou natural, o despolpado, o descascado, o de bebida suave, os ácidos, os encorpados, além de cafés aromáticos, especiais e de outras características.


Atributos positivos dos cafés do Brasil – Principais regiões produtoras: Sul de Minas – café de corpo e doçura moderados, com acidez cítrica de média a alta; Matas de Minas – produzidos nas zonas altas, apresentam bom corpo, acidez e doçura; Chapada de Minas – aroma e bebida são consistentes, além de equilíbrio e corpo e acidez; Cerrado de Minas – cafés encorpados, com excelente aroma e doçura; Centro-Oeste – cafés com baixa acidez, corpo moderado e levemente doces; Mogiana (São Paulo) – café de corpo e acidez equilibrados com excelente doçura natural; Montanhas do Espírito Santo – produzidos nas zonas altas, têm bom corpo, acidez e doçura – exótico; Conilon Capixaba – sabor típico, é a base de muitos blends de Torrado&Moído e Solúveis; Paraná – cafés de médio corpo, com sabor característico, baixa acidez e doçura; Planalto da Bahia – cafés semi-encorpados, com acidez diferenciado e doçura natural; Cerrado da Bahia – equilíbrio de corpo e doçura, com acidez típica refinada; Conilon de Rondônia – sabor típico, é a base de muitos blends de Torrado & Moído e Solúveis.


Consórcio Pesquisa Café – Criado em 1997, congrega instituições de pesquisa, ensino e extensão localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação das instituições e a otimização de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais. Foi criado por dez instituições: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig, Instituto Agronômico – IAC, Instituto Agronômico do Paraná – Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro – Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras – Ufla e Universidade Federal de Viçosa – UFV.


Avanços da cafeicultura no Brasil – Segundo o Informe Estatístico do Café – Dcaf/Mapa – a produção e a produtividade do café, em 1997, quando da criação do Consórcio Pesquisa Café, era de 2,4 milhões de hectares de área cultivada, com produção de 18,9 milhões de sacas de 60kg e produtividade de 8,0 sacas/hectare. Passados 16 anos, em 2013, de acordo com o segundo levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab (maio/2013), com praticamente a mesma área cultivada – 2,3 milhões de hectares – o País deverá produzir 48, 5 milhões de sacas, com produtividade de 23,8 sacas/ha.

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