Embrapa avalia efeito do clima sobre pragas

Por: Valor Econômico

De São Paulo

É consenso entre agrônomos que lavouras se desenvolvem melhor em ambientes ricos em luz solar e gás carbônico – indispensáveis, como a água, para a fotossíntese. O que ainda não se sabe é qual será o efeito do aquecimento global e do aumento da poluição sobre o avanço de pragas e doenças nas plantações.


Para avaliar a relação entre pragas, temperatura e concentração de gás carbônico, a Embrapa Meio Ambiente desenvolveu uma pesquisa para analisar o avanço de doenças nas lavouras desde a década de 1960 e traçou cenários para café, arroz, feijão e soja até 2050. “As mudanças no clima exercerão influência direta sobre o avanço de algumas doenças e o retrocesso de outras”, afirma Raquel Ghini, pesquisadora da estatal.


O trabalho começou há dois anos. A Embrapa usou mapas do Painel Intercontinental de Clima (PCC) desde os anos 1960 e comparou a relação entre as mudanças climáticas e o avanço de doenças. A partir dos dados coletados, os pesquisadores podem traçar mensalmente mapas com previsões de avanço de pragas.


A primeira doença testada foi o bicho-mineiro, praga que ataca as folhas do cafezal. “O cenário preliminar traçado é de avanço da doença em todas as regiões do país, mas com menos força no Sul”, diz Raquel. Segundo ela, o fungo se desenvolve melhor com o aumento da temperatura. A Embrapa também iniciou estudos com nematóide do café e sigatoka negra (que ataca a bananeira).


A unidade da Embrapa também pesquisa o efeito que o aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera exercerá sobre pragas e doenças da soja, arroz, café e feijão. “Há previsões de que o nível de gás carbônico dobrará em 50 anos. É preciso saber o efeito disso nas lavouras para determinar o uso de defensivos”. Foram criadas espécies de estufas com diferentes concentrações de gás carbônico para testar a reação das pragas. O primeiro estudo envolveu o fungo causador do oídio da soja. Conforme Raquel, a pesquisa aponta tendência de redução da incidência da praga nas folhas, mas com um ritmo de multiplicação dos esporos mais acelerado.


Em relação ao café, os estudos apontam avanço do bicho-mineiro e dos nematóides. A Embrapa pesquisa, ainda, os cenários para ferrugem do café, ferrugem do feijão e sigatoka, e, segundo Raquel, os estudos vão até o fim do ano. Para a pesquisadora, o trabalho ajudará produtores a se prevenirem contra o avanço de doenças e pragas, evitando perdas como a do complexo soja com o avanço do fungo da ferrugem.(CB)

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