MARCELO EDUARDO DOS SANTOS
O consumidor poderá escolher com facilidade este ano nas prateleiras dos supermercados a qualidade do café: se superior, gourmet ou tradicional. E o torrefador que busca valor agregado poderá atingir o público diferenciado que já aceita pagar até o triplo pelo produto especial.
O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, anunciou ontem no 16º Seminário Internacional de Café de Santos a ampliação do Programa de Qualidade de Café (PQC).
Criado em 2004, o PQC conta com selo de identificação do café tradicional que aponta as características do produto ao consumidor: tipo de café em sua maior parte arábica (o melhor tipo) com conillon, além da qualidade da bebida, torração, moagem, sabor, corpo e aroma. ‘‘O programa quer que o produtor fale o tipo de café que faz’’.
O objetivo é mostrar ao consumidor já na embalagem o perfil do sabor da bebida que preparará em casa. ‘‘O consumidor poderá escolher o café pelo nível de qualidade’’.
Além do tradicional, a partir deste ano serão implantados os selos para os cafés gourmet e superior, onde o tipo é 100% arábica. O selo de identificação será fornecido pela Abic com base em auditoria anual realizada por empresas certificadoras, como a SGS.
A certificação vai considerar a qualidade recomendável, a consistência do produto ao longo do tempo e a garantia da segurança alimentar. Não foram esquecidos o respeito da empresa à legislação trabalhista e o uso de mão-de-obra infantil.
Para classificar o café como tradicional, superior ou gourmet, será utilizada uma escala sensorial de um a dez. Até 4,5 pontos, o produto é não-recomendável e obviamente sem o selo de certificação. De 4,5 a seis pontos, ganha o conceito de tradicional, de seis a 7,3, superior, e de 7,3 a dez, gourmet. Segundo a Abic, o tradicional mescla qualidade com custo acessível. Já o superior amplia a qualidade e tem valor agregado, o que equivale ao preço mais caro nos supermercados. E os gourmets, de alta qualidade, buscam a excelência e a exclusividade. Os preços, é claro, são os mais salgados.
Oportunidade
Aos torrefadores que buscam o público diferenciado, será uma oportunidade de faturar mais. Pesquisa encomendada este mês pela Abic mostra que entre os cafés hoje no mercado, o tradicional ocupa 80% das vendas, comercializado a R$ 9,00 o quilo. Já o superior detém 8% do consumo a R$ 16,00 o quilo e o gourmet, com 12%, é o mais caro, a R$ 31,44 o quilo.
Segundo Herszkowicz, a rede Pão de Açúcar, que adotou um programa especializado com gôndulas temáticas para o café, registrou aumento de 300% em um ano na venda dos cafés gourmet. Programação
O seminário, promovido pela Associação Comercial de Santos (ACS) e que nesta edição discute Consumo e produção mundial de café nos próximos dez anos, continua hoje às 8h30 no Casa Grande Hotel, em Guarujá, com o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros (Cenário econômico e político para 2006), com o diretor da Suporte & Resistência, Samuel Levy (O café no contexto do mercado internacional de commodities), o secretário de Produção do Ministério de Agricultura, Linneu da Costa Lima, com o cardiologista do Incor, Luiz Antônio Machado César, e com Ramaz Chanturiya (Rusteacoffee Association) e Joaquim Libânio Liete (Cooxupé), que falarão sobre os mercados russo e chinês.