A visita do Embaixador dos EUA no Brasil Todd Crawford Chapman à Campo Grande, MS, incluiu conhecer a Embrapa Gado de Corte na tarde desta quarta-feira,19.
Apesar do pouco tempo disponível, o embaixador saiu com uma boa noção do trabalho desenvolvido pela Unidade de Campo Grande. Disse que está impressionado com as pesquisas e os resultados obtidos pelo Centro no desenvolvimento da pecuária brasileira. “É um privilégio conhecer uma instituição que possui fama internacional. Fiz questão de conhecer a Embrapa e um pouco das tecnologias e das novas ideias que a empresa desenvolve para o mundo agro”.
A programação constou de uma breve apresentação do Chefe-Geral da Unidade, Antonio Rosa, que mostrou ao embaixador os impactos das pesquisas realizadas desde a criação da Embrapa quando o Brasil conseguiu sair da condição de importador de carne no início da década de 1970, para maior exportador mundial, posição que vem sendo mantida desde 2004. “Fruto da pesquisa, tecnologia e engajamento da cadeia produtiva”, destacou o gestor aos visitantes.
No Campo a ideia foi dar uma visão geral do sistema de produção de gado de corte baseado em pasto. O pesquisador Rodrigo Amorim Barbosa, chefe adjunto de pesquisa e Desenvolvimento falou das pesquisas com capins africanos e de exemplares lançados, como o capim Marandu que devido suas qualidades de produtividade, resistência a pragas de doenças, ganho de peso animal e etc., hoje é utilizado por produtores não só brasileiros como de outros países. Explicou ao embaixador que não existe um capim para ser usado em todo lugar, e que cada região tem uma peculiaridade e que o ideal é combinar as características desejáveis de cada material para fazer um modelo de gestão da fazenda que a torne mais eficiente. Apresentou no celular o aplicativo ‘Pasto Certo’ que ajuda o produtor escolher o melhor capim para sua propriedade.
O interesse pela sustentabilidade dos sistemas de produção
O embaixador se manifestou várias vezes demonstrando interesse no assunto e ao mesmo tempo, surpreso com os resultados das pesquisas. Outro trabalho que chamou sua atenção foi o sistema de produção sustentável de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Ele pôde observar pelos dados apresentados, o potencial desse sistema de produção que neutraliza os gases que causam o efeito estufa emitidos pelos bovinos, promove o bem-estar-animal proporcionando maior ganho de peso, dentre outras vantagens citadas pelo pesquisador Roberto Giolo, líder das pesquisas sobre ILPF e das Marcas-Conceito: Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne de Baixo Carbono (CBC).
A CCN resultante da ILPF despertou grande interesse do embaixador Todd Chapman que se impressionou com os resultados desse estudo e que, segundo ele, quer levar a CCN para os americanos conhecerem melhor.
Ao ser questionado sobre o retorno econômico da CCN, Giolo respondeu que estudos econômicos demonstram retorno positivo. Falou do novo selo a ser brevemente lançado, da CBC, oriunda da criação de bovinos em sistema sem o componente arbóreo. O pesquisador citou outros protocolos em estudos relacionados à baixa emissão de carbono como do bezerro e do couro. Além do protocolo em estudo de sistemas pecuários com árvores nativas. Segundo o pesquisador, para valorizar este tipo de sistema na mesma linha de sistemas mais sustentáveis. “Teremos um conjunto de protocolos ou de produtos para serem ofertados aos produtores brasileiros, como a soja – baixo carbono – lançada recentemente, leite, café entre outros”.
O embaixador Chapman que veio acompanhado de sua esposa, Janetta Chapman, do agente diplomático Luke Greicius e assessores, ao final da apresentação em campo externou sua admiração pelo trabalho da Embrapa e disse que aprendeu muito com os pesquisadores, sobre as pesquisas que a Embrapa está fazendo para melhorar a produção não só no Brasil, mas no mundo. “Sempre tivemos uma boa relação com a Embrapa. Nossos países são grandes potências agrícolas e juntos vamos alimentar o mundo. E quando recebo informações como as de hoje, tenho mais confiança ainda”.
Todd Chapman é embaixador dos Estados Unidos no Brasil desde 2019 e foi confirmado no cargo em 2020. Chegou ao Brasil no final de março de 2020. É formado em História pela Universidade de Duke (1983) e concluiu em 2000 um mestrado em Inteligência Estratégica na Escola Nacional de Inteligência.
É a primeira vez que Chapman visita uma unidade da Embrapa e é sua primeira visita oficial ao Estado. Encontrou-se com o governador, empresários, grupos ligados ao meio ambiente e depois da visita à Embrapa foi à prefeitura. Para ele Mato Grosso do Sul (MS) é uma região muito importante para a agropecuária brasileira e como ele tinha interesse em conhecer mais esse potencial do agro, sugeriram visitar a Embrapa. Ao perguntar à ministra da Agricultura, Teresa Cristina, sobre a visita à Embrapa, Champman disse ter sido muito bem recomendada. “Ela estava certa”, concluiu ele.
Na avaliação dos gestores da Embrapa a visita cumpriu a programação e foi muito positiva. Para Rosa, “o embaixador pôde compreender a razão da competitividade e da excelência dos nossos sistemas de produção, ante a questão das mudanças climáticas: produção em ambiente natural, em pastagens e em sistemas integrados que neutralizam os gases de efeito estufa emitidos pelos animais, pela fixação de carbono da atmosfera, proporcionada pelos componentes arbóreos inseridos nas pastagens”. A pesquisadora Liana Jank, que responde pela Articulação Internacional da Unidade, acredita que a equipe transmitiu uma boa impressão e que mostramos que estamos adiantados nas pesquisas.