Emater utiliza controle biológico para combate de praga

BELO HORIZONTE (06/08/09) – A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Milho e Sorgo desenvolvem, desde novembro de 2008, projeto de Manejo Integrado de Pragas (MIP) na Cultura do Milho por meio de controle biológico, com o objetivo de buscar uma alternativa ao uso de produtos químicos no combate a pragas. O projeto piloto, implantado e assistido pela Emater, está sendo executado em 17 unidades administrativas da empresa mineira, nos municípios de Passos, Alfenas, Lavras, Pouso Alegre, Guaxupé e São João del- Rei.


De acordo com Ivan Cruz, pesquisador na área de Manejo Integrado de Pragas com ênfase em controle biológico da Embrapa, o projeto consiste na introdução de um predador natural da lagarta cartucho, uma das maiores inimigas da cultura do milho. “São insetos muito pequenos, menores que um milímetro, que colocam o próprio ovo dentro do ovo da praga. Depois de algumas horas, nasce a larva da vespa Trichogramma que se alimenta do conteúdo do ovo do hospedeiro”, explica. Já na fase adulta, a vespinha que é a predadora natural da praga inicia a procura por uma nova postura para a propagação da espécie.


A larva cartucho possui elevado potencial reprodutivo, podendo, cada uma colocar de 100 a 150 ovos. A infestação provoca danos nas folhas e pode comprometer o resultado da produção da cultura do milho. No Brasil, as perdas estimadas pelo ataque da lagarta aos milharais são de cerca de $ 400 milhões de dólares por ano, segundo a Embrapa Milho e Sorgo.


O coordenador técnico estadual de Culturas da Emater-MG, Wilson José Rosa, informa que as unidades demonstrativas têm o papel de mostrar aos agricultores as diversas alternativas de controle de pragas e a racionalização do uso de agrotóxicos. Rosa salienta que o objetivo do projeto é estender o conhecimento a todos os produtores do Estado. “Queremos demonstrar o funcionamento dessa tecnologia, que visa racionalizar o uso de agrotóxicos e utilizar o controle biológico, por meio de inimigo natural”, explica. Segundo o coordenador, os produtores podem produzir as vespinhas, mas devem se organizar em associações e cooperativas para buscar orientação nos escritórios da empresa.


Baixo custo


Segundo Ivan Cruz, o resultado alcançado nas unidades está provando que o produtor pode produzir muito mais, se usar a vespinha e sementes tratadas. “É um recurso que não interfere em outros agentes biológicos. Tem o custo barateado e é extremamente favorável ao meio ambiente”, enfatiza. Isso porque, segundo o pesquisador, um dos riscos ao aplicar o inseticida, é que o produto não atinja a planta, o que causa prejuízo para o produtor, pelo desperdício e ao meio ambiente, pela contaminação.


Cruz destaca que o uso do inseticida custa em média R$ 35 reais por hectare para o agricultor, sem contar o gasto com trator e mão-de-obra. Enquanto a despesa com compra da vespinha é de R$ 17, excluída a mão-de-obra. “Esse preço ele paga se for comprar nas biofábricas, mas as vespinhas podem ser produzidas com assistência da Emater-MG. O que nós aconselhamos é que o os produtores se unam em associações ou cooperativas”, sugere.


De acordo com o pesquisador da Embrapa, atualmente há um uso exagerado de inseticidas para combater a praga, o que pode favorecer uma resistência dela aos diversos pesticidas e até mesmo o aparecimento de outras. Ele cita, ainda, os efeitos nocivos da prática sobre peixes, animais silvestres, inimigos naturais das próprias pragas e, principalmente, sobre o ser humano, tanto no momento da aplicação, quanto do consumo.


Um dos produtores a abrigar uma unidade demonstrativa em sua propriedade, Reginaldo José Mariano, do Sítio Córrego Grande, no município de São Pedro da União, em Guaxupé, elogia o uso do controle biológico. “Com as vespinhas tive o gasto só de plantar o milho e colocar adubos. Saiu bem mais em conta, pois o veneno usado para pulverizar está muito caro”, ressalta. No mês passado, Reginaldo colheu uma média de 100 sacos de milho. Segundo ele, a área que usou a vespinha foi a que mais produziu e a qualidade da espiga foi visível. “Você vê a diferença. Vou procurar o pessoal da Emater, pois quero continuar. Segundo o produtor, há vantagem também para o meio ambiente.


Em países da América Latina, como Venezuela e até mesmo regiões do Sul do Brasil, a prática do controle biológico já é uma realidade, de acordo o pesquisador da Embrapa. Por isso, ele demonstra confiança na expansão da tecnologia no Estado. “Se atingirmos a agricultura familiar já é um grande avanço e o papel da mídia para mostrar o controle é fundamental”, conclui Ivan Cruz.


Para o presidente da Emater-MG, José Silva Soares, atividades que priorizam recursos e cuidados com o meio ambiente, como as que a Emater-MG está desenvolvendo no Sul do estado, só reforçam o desenvolvimento sustentável, a missão da empresa. “Atuamos diretamente nas comunidades, especialmente nas rurais, por meio de ações que despertam a atenção para a importância da cada um fazer a sua parte e buscar soluções para o desenvolvimento saudável do planeta”, ressalta.


Milho


O milho é um dos principais cereais cultivados no mundo, sendo bastante usado na alimentação humana e animal, além de matéria-prima para a indústria. No Brasil, o cultivo do grão é feito na maioria das regiões e segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), alcançou na safra 2008/2009 uma produção acima de 51 milhões de toneladas. Em Minas, de acordo com a Conab, no mesmo período, a produção chegou a quase 6,5 milhões de toneladas. O Sul do Estado concentra a maior área plantada: 202.696 hectares. E a produção até o mês de junho é de 1.225.388 toneladas, segundo dados da Assessoria de Mercado e Comercialização (Asmec) da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG).


 

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