Agricultores fazem treinamento para conhecer melhor que tipo de café estão produzindo no sítio e vendendo no mercado
Credito:Delair Garcia
Agricultura
Publicado em 09 de Março de 2011
Edison Costa, de Grandes Rios
Curso forma especialistas em café
Participantes do curso aprendem a classificar diferentes tipos de café
Produtores rurais de Grandes Rios estão participando de um curso de classificação física e degustação de café promovido pelo escritório local do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-Pr), em parceria com o Sindicato Rural Patronal. O treinamento tem duração de 260 horas e reúne, nesta primeira edição, oito agricultores, além de um comprador de café e um representante da indústria de torrefação. O curso começou no dia 7 de fevereiro e vai até meados de abril, com aulas teóricas e práticas diariamente, porém em semanas alternadas. Segundo o engenheiro agrônomo Nelson Menolli Sobrinho, especialista em degustação de café do Emater, o treinamento visa dar condições aos cafeicultores para que eles conheçam as técnicas de identificação do tipo de café que eles próprios estão produzindo em suas propriedades.
Com isso, na hora de vender a safra, eles podem saber com antecedência a qualidade do produto que estão entregando aos compradores, sem serem explorados, eventualmente, com descontos no preço de venda por causa de supostos defeitos nos grãos e na bebida. Da mesma forma, sabendo de todos os critérios de qualidade dos grãos, eles podem caprichar melhor na produção, principalmente nas fases de colheita e secagem.
Outro objetivo do curso é formar novos especialistas em classificação e degustação de café, uma vez que o mercado regional está carente destes profissionais. Hoje, no Vale do Ivaí, que inclui as regiões de Apucarana e Ivaiporã, existem apenas seis profissionais nesta área. Os participantes do curso ainda poderão ser multiplicadores do conhecimento junto aos demais cafeicultores na comunidade onde vivem.
Grandes Rios é considerado um dos maiores produtores de café da região. Na safra de 2010, foram colhidas 77 mil sacas de café beneficiado, a segunda maior da história do município. A primeira foi em 1999, quando foram registradas 96 mil sacas. Hoje, o município conta com cerca de 630 produtores de café entre proprietários e meeiros.
Identificação da qualidade é feita com muito critério
O curso que está sendo ministrado em Grandes Rios, segundo o agrônomo Nelson Menolli Sobrinho, do Emater, segue as normas da Classificação Oficial Brasileira (COB), que tipifica o café numa escala de defeitos que vai do tipo 2 ao 8. Quanto mais defeitos, pior é o tipo, no caso o 8.
Menolli salienta que existem defeitos externos ao café, como presença de torrões, paus e pedras, chamados de defeitos extrínsecos. E há os intrínsecos, que fazem parte direta do café. Esses dão ao grão aspecto feio e transferem gostos estranhos ao cafezinho. Exemplos práticos são os grãos pretos e ardidos.
E existem os defeitos intermediários, como grãos chochos ou em forma de conchas, verdes e pretos verdes, que podem queimar no processo de torrefação e amargar a bebida. (EC)
Produtor busca conhecimento
Um dos participantes do Curso de Classificação Física e Degustação de Café, em Grandes Rios, é o produtor Rogério Pirolo, 35 anos, do Sítio São Pedro, localizado no bairro Ivaizinho. A propriedade tem 7,5 alqueires, dos quais 6,5 com plantação de café. Rogério Pirolo diz que sempre cobrou do Emater a realização de um curso desta natureza, para poder saber que tipo de café está produzindo no sítio. “Isso ajuda muito a gente na hora de fazer negócio”, afirma Pirolo, que também quer ser um especialista em classificação e degustação de café para, eventualmente, atuar neste ramo de trabalho. (EC)
Espécies e bebidas de café
Existem seis tipos de café produzido no Brasil de acordo com as regiões e a qualidade dos grãos: o Conilon (produzido em Rondônia e Espírito Santo) e o Arábica (em diversas regiões do País). O Conilon é um café neutro, praticamente de uma bebida só.
Dentro do Arábica se destacam as seguintes bebidas: Rio Zona (de qualidade baixa e gosto de terra); Rio (um pouco melhor, porém com forte odofórmio); Riado (é um pouco mais leve que o Rio); Duro (tem adstringência, ou seja, é um pouco amarrento e de sabor estranho); Mole (é o melhor café, ou seja, não tem adstringência, não tem sabor estranho e tem doçura).