Tribuna do Interior Redação – 05/06/2006 – 08:57 | |||
Antonio Marcio Corumbataí do Sul A cafeicultura é um dos poucos setores do agronegócio que está dando lucros. Em Corumbataí do Sul, a principal fonte econômica é a cultura do café. Na maioria das propriedades rurais do município existe plantio da cultura. Nas regiões cafeicultoras, a cultura está sustentando as propriedades dos prejuízos obtidos com o plantio de soja e milho. O preço obtido no mercado está remunerando a produção e ainda capitalizando o produtor que está perdendo em outras culturas. “Com o início do inverno, espera-se um aumento nas cotações”, acredita o coordenador do setor de café da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), Paulo Franzini. O preço do café no mercado vem reagindo desde o ano passado, quando o produto foi vendido por até R$ 300 a saca em períodos de pico de comercialização. A valorização do café está ocorrendo por causa da redução dos estoques nacionais e internacionais. No País, a oferta está muito ajustada à demanda. No cenário internacional, a demanda está maior do que a oferta, o que explica a valorização da cafeicultura. “Em função desse bom momento, é hora do produtor investir no aumento da produtividade, com a erradicação das lavouras velhas e plantio de lavouras adensadas, que são mais produtivas e resistentes ao clima no Estado”, recomendou Franzini. De acordo com o secretário de Agricultura de Corumbataí do Sul, Abílio Antunes Liperoni, a cafeicultura ainda é a principal fonte de renda nas propriedades rurais do município. Ele diz que o viveiro municipal confeccionou 325 mil mudas de café nesse ano e todas já estão vendidas. “Os agricultores só estão esperando chover para retirar as mudas e fazer o plantio. A estiagem tem prejudicado, pois todas as plantas já deveriam estar na terra”, observa. O agricultor Pascoal Treviza Neto, diz que não troca a cafeicultura por nenhuma outra atividade. Ele salienta que tem obtido lucro que outras culturas não estão proporcionando. Um outro fator é que para trabalhar com soja ou milho, por exemplo, é necessário ter estrutura e a cafeicultura não exige. A atividade também gera emprego. Durante a colheita o agricultor contrata dez trabalhadores rurais e no restante do ano de três a quatro pessoas são usadas na manutenção da lavoura. De acordo com Neto, a colheita está atrasada na região de Corumbataí do Sul mas não tem causado nenhuma perda na produtividade. Ele tem plantado um total de nove mil pés de café e espera uma produção de mil sacas de 60 quilos. Neto salienta que o valor pago pela saca de café ainda não é o ideal mas que mesmo assim tem obtido lucro. “A saca de 60 quilos está sendo comercializada a R$ 145,00 e o ideal seria R$ 300,00”, analisa. Alair Gonçalves Mariano é gerente administrativo de uma propriedade rural no município. Nesse local a colheita deverá iniciar nos próximos dias. A propriedade conta com 250 mil pés de café e no ano passado, nesse mesmo período, mais da metade da produção já estava colhida. A preocupação do agricultor é que o atraso na colheita não atrapalhe o desenvolvimento do café e a próxima florada. Durante o período de colheita a propriedade emprega cerca de 60 pessoas. O agricultor comenta que no local o café é cultivado desde 1965 e sempre é mantido a mesma área. Na propriedade também é cultivada soja e milho. “Mas o café ainda é a cultura mais viável”, salienta. Toda a produção é beneficiada na propriedade e a palha usada como adubação nas lavouras. PR deverá colher 56% mais do que em 2005 A produção paranaense de café deverá ser 56% maior do que a do ano passado. Os produtores que permaneceram na atividade e utilizaram a cultura para diversificar a produção, conforme orientação da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), têm obtido lucros nos últimos anos. A produção de café no Paraná este ano deverá atingir 2,2 milhões de sacas, que serão colhidas de uma área de 103 mil hectares em lavouras espalhadas nas regiões Norte, Norte Pioneiro e parte do Noroeste. No ano passado, foi colhido 1,43 milhão de sacas, de uma área plantada de 106 mil hectares. Mesmo com a redução de área, a produtividade avançou de 13,5 sacas por hectare no ano passado, para quase 22 sacas por hectare neste ano. O técnico da Secretaria da Agricultura, Dirlei Antonio Manfio, ressaltou que o aumento de produção também deve ser atribuído ao ciclo bianual da cultura, sendo que este ano é de produção cheia. Então normalmente a produção aumenta. “Mas a redução de área indica o aumento da produtividade da cultura no Paraná”, afirmou. No levantamento de maio do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Seab, a colheita foi realizada em 15,4% da área (15.813 hectares). Em 2005, 24% da área já estava colhida nesta mesma época. Muitas áreas antigas de café e pouco produtivas foram erradicadas. Nesses locais foram plantadas mudas novas, com variedades mais resistentes que deverão entrar em produção em três a quatro anos. “Inclusive aumentou muito a procura de mudas de café para renovação das lavouras, o que indica que as perspectivas a longo prazo estão muito boas para o setor cafeeiro no Paraná”, disse o técnico. Iapar oferece à produtores alerta de geada O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) oferece aos produtores paranaenses de café um alerta de geadas para esse ano. O serviço tem o objetivo de proteger as lavouras novas (até dois anos de implantação), com previsões diárias de temperatura e do risco de ocorrer geadas capazes de causar danos à cafeicultura. Sempre que houver risco de geada, o serviço emitirá um aviso para os meios de comunicação e para os técnicos e produtores cadastrados. Esse alerta é feito com 48 horas e confirmado com 24 horas de antecedência. As previsões do alerta geada podem ser acessadas gratuitamente pela internet (www.iapar.br) ou pelo telefone (43) 3391-4500. Técnicos e produtores interessados em receber o alerta por e-mail devem se cadastrar pelo endereço alertageada@iapar.br . O alerta de geada opera até o final de agost. |