Em iniciativa inédita, SP terá cafeteria comandada só por pessoas com down

A cafeteria de São Paulo será comandada quase exclusivamente por pessoas com síndrome de Down, iniciativa inédita no país e semelhante a uma de Dublin, na Irlanda.

8 de junho de 2017 | Sem comentários Cafeteria Consumo
Por: JAIRO MARQUES Folha de S. Paulo - 08/06/2017 02h00

O menu estampado na parede do mais novo café da rua Augusta, na altura dos Jardins (zona oeste), dá a dica de como o local irá contribuir para ampliar o já famoso espírito de diversidade da via: “Aqui serve-se respeito, oportunidades, amor e inclusão”.


A cafeteria de São Paulo será comandada quase exclusivamente por pessoas com síndrome de Down, iniciativa inédita no país e semelhante a uma de Dublin, na Irlanda.


Para incrementar o clima de convivência entre tribos humanas distintas na Augusta, o café inclusivo vai ter um visual hardcore, e os atendentes irão usar coletes de couro, camisetas pretas e acessórios que remetem à cultura de clubes de motociclistas.


À frente da iniciativa estarão Rodrigo Botoni, 39 (que teve uma participação no aclamado filme “Colegas”), Luiza Camargo, 19, Danielle Carnevale, 22, e Maria Carolina, 23, que foram treinados pelo Instituto Chefs Especiais, que capacita e forma o público com deficiência intelectual e que irá supervisionar os trabalhos no café.


“Pessoas com down têm possibilidade de fazer tudo, o que falta a elas é oportunidade. Estar neste espaço é um passo muito importante para tentar diminuir estigmas de coitadinhos, de incapazes”, afirma Simone Berti, gestora do Instituto Chefs Especiais.


Café inclusivo


Vários parceiros ajudaram a viabilizar o café, que terá a maior parte de seus quitutes produzidos também por pessoas com down e a renda revertida para outras atividades inclusivas.


“Estou tranquilo. Já tenho experiência para lidar com o público e vai dar tudo certo”, diz Rodrigo, que será, no começo, aquele que mais lidará com as máquinas de café e os demais equipamentos.


O espaço físico foi cedido pelo empresário Tedd Albuquerque, na entrada de seu restaurante “Como Assim”, que serve cerca de 300 pratos feitos todos os dia. Ele deixará de servir cafés e sobremesas, justamente para que os seus clientes deem preferência ao “Chefs Especiais”.


“Negócios e solidariedade precisam andar juntos. Este café representa uma quebra de paradigma e esperamos abrir caminho para muitos outros espaços inclusivos. É um orgulho abrir as portas para esse trabalho”, declara Albuquerque, que começou sua carreira como faxineiro.


Em princípio, os atendentes irão receber apoio de voluntários. À medida que eles forem se habituando ao trabalho, irão também assumindo novas obrigações.


“O trabalho será no tempo e no ritmo deles. Não importa se formar fila, se tiver cliente estressado. As pessoas precisam entender que será uma experiência diferente e estarem abertas a ela”, declara Simone, do instituto.


O café inclusivo terá cardápio em braile, para pessoas com deficiência visual, e colocará à disposição, além de bebidas quentes, bolos variados, tortas, quiches, salgados, pães de queijo, croissant e alguns outros itens que vão variar na semana.


Os clientes também poderão ter a oportunidade de triturarem os grãos e coarem seus próprios cafés na mesa.


Chefes de cozinha badalados como Henrique Fogaça, Carlos Bertolazzi e Guga Rocha apadrinham a iniciativa na noite desta quinta-feira (8) em evento fechado. A partir da sexta (9), o local será aberto ao público das 11h às 19h.

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