Em defesa do alimento orgânico

Por: JORNAL DO BRASIL

11/08/2009 


Franceses reagem à estudo britânico que afirma que produtos não seriam mais saudáveis


Os defensores dos produtos orgânicos afirmam que eles são bons para o ambiente e para a saúde, apesar dos benefícios para o corpo humano terem sido considerados difíceis de se provar em termos científicos, segundo estudo britânico recente. Na França, o Movimento pelos Direitos e Respeito das Gerações Futuras (MDRGF), que luta contra os pesticidas, relatou que o trabalho britânico é tendencioso porque se baseia em apenas 162 estudos entre 90 mil já realizados.


Pesquisadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM) haviam afirmado em estudo publicado no Journal of Clinical Nutrition, dos Estados Unidos, que os produtos orgânicos não são mais saudáveis do que os comuns, e que sua contribuição nutricional é muito semelhante. A pesquisa sugere que a contribuição nutricional de alimentos naturais, ou seja, produzidos sem agrotóxicos ou fertilizantes, é quase nula.


Para o professor Alan Dangur, principal autor do estudo, “atualmente não há prova alguma” que justifique que os produtos orgânicos são melhores do que os normais, levando-se em conta a sua contribuição nutricional.


“Mas também é evidente que a qualidade das provas obtidas para se chegar a esta conclusão é fraca”, disse, por sua vez, a prestigiosa revista médica britânica The Lancet.


Em sua análise, os pesquisadores britânicos analisaram cerca de 90 mil estudos científicos dos últimos 50 anos, selecionando 162 deles, considerando no final apenas um terço, afirmou a Lancet.


E, ainda assim, ao se analisar estes estudos, “aparecem diferenças significativas em favor dos alimentos orgânicos em seis categorias principais de nutrientes”, explica François Veillerette, presidente do MDRGF. Pesquisadores da Universidade da Califórnia demonstraram, em março de 2007, que o valor nutricional dos kiwis orgânicos é superior ao dos cultivados com os procedimentos normais.


Os primeiros contêm mais polifenol, que combate o colesterol, e mais antioxidantes, que combatem o envelhecimento das células.


A Agência Francesa de Segurança Sanitária dos Alimentos reconheceu que “a produção biológica evita o uso de produtos sintéticos, reduzindo riscos para a saúde humana e provocando menos poluição ambiental, especialmente dos recursos hídricos”.


No entanto, “dizer que os produtos biológicos são bons para a saúde vai exigir estudos epidemiológicos em famílias que os consomem regularmente durante um período de cinco, dez ou 15 anos e é algo que não temos” ainda, afirmou Lylian Le Goff, da Federação França Natureza Meio Ambiente (FNE).

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