Ano passado, nesta época, a colheita estava entrando na reta final, com cerca de 80% da tarefa cumprida. Agora, o setor corre contra o tempo, mas segue aproximadamente 15 pontos porcentuais atrasado, segundo avaliação do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab).
Octávio Rossi/Gazeta do Povo
Antônio Carlos Ricardo espera colher 200 sacas de 60 quilos em 4,8 hectares.
O responsável pela comercialização de café da cooperativa Cocari, Mário da Silva, disse que o preço do produto acompanha o sobe-e-desce das bolsas de valores. Para Silva, a venda deve ser realizada com cautela, pois corre-se o risco de perder muito dinheiro de um dia para o outro.
A saca de 60 quilos de café beneficiado vem rendendo cerca de R$ 233 aos produtores paranaenses. De janeiro a junho, as médias estaduais oscilaram entre R$ 228 e R$ 243. A média do semestre chegou a R$ 234 – R$ 15 maior que a do ano passado.
“As variações das bolsas brasileiras e estrangeirais oscilam com muita freqüência. Portanto, acompanhar de perto os números representa bons negócios”, afirmou o especialista em comércio, que é também classificador e degustador. “Com a colheita atingindo o máximo e as bolsas na média, o preço do café pode melhorar.” (OR)
Normalmente as primeiras sacas de café começam a ser esparramadas nos terreirões paranaenses em maio, mas é o mês de julho que marca o ponto alto da colheita. Até agora, aproximadamente 65% dos cafezais foram colhidos. O tempo seco característico do inverno é bom para essa tarefa e, neste ano, permite que o trabalho seja acelerado.
O Paraná tem 97,5 mil hectares plantados, 5,4% da área nacional. A produção estadual deve chegar a 2,36 milhões de sacas (60 quilos) de café beneficiado, resultado 45% maior que o do ano anterior, que foi de 1,62 milhões de sacas. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil vai beneficiar 45,54 milhões de sacas, 1,8 milhão a mais que na safra passada.
Segundo o agrônomo Roberval Rodrigues, da cooperativa Cocari, com sede em Mandaguari (Noroeste), o aumento na safra é reflexo não só do clima, mas também do comprometimento dos cafeicultores que apostaram em tecnologia no campo. A região de Mandaguari é responsável por cerca de 1,7 mil hectares de café em produção e 100 ha em formação.
O tratamento correto do solo e na medida certa ajudou na florada, crescimento e nutrição das plantas, disse. “Esse cuidado é refletido no aumento da produção e na qualidade do café.” Roberval explicou ainda que a poda do café no momento certo vem agregando valor à produção, que ganha em qualidade.
Os irmãos Antônio Carlos Ricardo e José Antônio Ricardo, cafeicultores de Mandaguari, estão confiantes e esperam colher 200 sacas (60 quilos) do café limpo em uma chácara de 4,8 hectares. “Fizemos bem o planejamento da safra. Agora é hora de ver o resultado”, disse Antônio Carlos. A dupla aposta na renovação do cafezal. Cerca de 14,5 hectares já foram reformados. A idéia é garantir boas colheitas todos os anos, afirmou José Antônio.
Apesar do bom momento, a mão-de-obra está em falta. Máquinas auxiliam na hora da colheita, mas não são suficientes. Os irmãos Ricardo tiveram que “importar” trabalhadores de cidades vizinhas porque não havia interessados em Mandaguari.
“Tenho trabalhadores de cidades do Vale do Ivaí como Caloré e São Jorge do Ivaí”, explicou Antônio Carlos. O agrônomo Roberval observou que atualmente quem trabalha no cafezal são os mais “velhos”. Os jovens não estariam dispostos a enfrentar a lida no campo. “Se houvesse capacitação e interesse, muita gente estaria empregada”, avaliou.