Informativo Cocatrel
13/08/2010
* Francisco Miranda de Figueiredo Filho
Na nossa região não existe outra cultura que distribua tanto dinheiro. Infelizmente, há aproximadamente 10 anos, poucos produtores possuem renda para sustentar as suas lavouras, insistindo na manutenção dos seus sonhos a custo de juros altos.
Os recursos que o governo disponibiliza aos cafeicultores, através do Funcafé e recursos obrigatórios, não atendem a 20% destes produtores, sendo que, a grande maioria dos que possuem a sorte de serem atendidos, são os mais folgados financeiramente.
Gostaria de salientar que os filhos do agricultor familiar, diante da renda muito baixa, estão abandonando o trabalho no campo para receber salário nas cidades, provocando a diminuição da população rural.
Estou há treze anos na Cocatrel e, juntamente com os órgãos de classe como CNC,CNA,FAEMG, OCB, OCEMG e Sindicato dos Produtores Rurais, insisto para que as autoridades do governo, em Brasília, organizem uma política a longo prazo para a cafeicultura (Estocagem, PEPRO, Custeio, Colheita, Endividamento, Renda e Opção de Venda).
Infelizmente, depois de nos prometer quase tudo e fazer quase nada, atacam algumas ações pontuais, tais como a alta de preços, e a escassez provocada pelos maus tratos nas lavouras; além da falta de uma política agrícola.
A sorte dos políticos e dos funcionários públicos de Brasília é que amamos a nossa atividade e nunca perderemos a esperança em Deus. Então venham pedir nossos votos e nos fazer promessas!
Senhores Ministros da Agricultura e da Fazenda, há diversos anos o produtor não tem uma oportunidade como esta. Os preços do café estão subindo e a tendência é de mais alta. Nada mais oportuno, então, que alongar as dívidas para dar-lhe a oportunidade de pagar este passivo com menos sacas de café. Há momentos em que chego a pensar que somos todos loucos por trabalhar com os preços do nosso produto, estabelecidos pela Bolsa de Valores, sem a mínima proteção governamental.
Senhores Ministros, dentro deste passivo existem muitos juros altos, tais como CDC e empréstimo pessoal, que devem ser pagos primeiro. Por isso, nada mais oportuno que o alongamento dos recursos do Funcafé, que vencerão este ano.
A impressão que temos é a de que o governo não admira a nossa cafeicultura. Ele parece fazer parte da grande maioria dos brasileiros que insistem em nos rotular de “Barões do Café”. Isso é coisa do passado, pois eu mesmo sou filho de cafeicultor, e nunca fui barão de café. Para concluir os meus estudos em Engenharia Civil, precisei trabalhar, além de contar com o apoio de minha irmã, que é cirurgiã dentista. Mesmo assim, insisto em ser cafeicultor. Parece que passei por uma transfusão, onde trocaram o meu sangue por café.
O estado de Minas Gerais é o maior produtor do país. Por isso, os nossos governantes deveriam lutar mais por políticas públicas para a cafeicultura. E por quer não criar uma?
Espero que, com toda dificuldade de implantar políticas, o café atravesse um período de preços melhores e mais justos.
* Francisco Miranda de Figueiredo Filho é diretor-presidente da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel).