Em 2015, volume de negócios e de inscrições para palestras superaram todas as expectativas da organização
Mais de 35 milhões em negócios foram realizados na edição comemorativa de 20 anos da Feira Nacional de Irrigação em Cafeicultura, a Fenicafé, que acontece todos os anos em Araguari, no Triangulo Mineiro. Promovida pela Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA), a feira tem como objetivo divulgar a importância da irrigação e seus sistemas, mostrando lançamentos de produtos e equipamentos, bem como os resultados de pesquisas para o incremento da produtividade e da qualidade do café do cerrado brasileiro.
O presidente da ACA, Cláudio Morales Garcia, fez um balanço dos 20 anos do evento, que este ano bateu recorde de inscrições para as palestras, o que mostra que a Fenicafé é o mais importante da cafeicultura irrigada do país. “Ficamos muito contentes, pois a feira este ano superou nossas expectativas. Foram três dias em que o público nos prestigiou com mais volume do que no ano passado, recebemos muitas pessoas da região sul de Minas, que sofreram com o período de estiagem. Isso mostra a necessidade dos produtores em buscar informações importantes e novas tendências para essa cultura”, disse.
Em 2015, mais de 25 mil pessoas visitaram a Feira, sendo que todo o ciclo de palestras, nos três dias de evento, contou com presença de 1600 participantes, entre cafeicultores, estudantes, pesquisadores do assunto e especialistas e público em geral que também se interessa pela cultura de café. “Mais uma vez, toda a diretoria da ACA trabalhou para que a Feira conseguisse alcançar um de seus maiores objetivos, que é promover o nome de Araguari em todo o Brasil”.
Palestra internacional – Um dos destaques de 2015 foi o workshop internacional ‘Como o cafeicultor brasileiro pode se tornar um produtor de água?’ com a palestra ‘Reservação e alocação negociadas da água para a agricultura irrigada – o caso americano’, proferida pelo Dr. Steve Deverel, do Hydrofocus/Californonia Department of Water Resources, nos Estados Unidos. “Eu tenho muito prazer de vir aqui e compartilhar a história que eu conheço profundamente na Califórnia, nos Estados Unidos, sobre o uso, transposição e reservação de água para a agricultura. O que eu trouxe para a Fenicafé foi um sistema de muito sucesso na cultura agrícola americana”, ressalta. Steven também falou sobre a crise hídrica e efeitos biológicos e hidrológicos que afetam o sistema de irrigação.
Crise da água – O coordenador técnico da Embrapa Café, Antônio Fernando Guerra, salientou que a troca de informações que ocorre nesse tipo de evento é muito importante para a atividade. Guerra questionou se a atual crise hídrica é resultado de falta de chuvas ou de falta de gestão. “Estamos utilizando o recurso de forma errada. A crise hídrica representa uma oportunidade para o produtor formar seus reservatórios, salientando que as plantas não consomem água, elas utilizam água”, afirmou.
Já o presidente da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (ABID), Helvécio Mattana Saturnino, comentou que há espaço no setor rural para a boa gestão da água. “A responsabilidade é muito grande. Se esquece do negócio com base na agricultura irrigada. Os planos para ela são elaborados com base no regime de chuvas. A cafeicultura irrigada trouxe um diferencial enorme para o setor. Temos algo a mostrar para a sociedade, temos que mudar a imagem que foi construída. Se a torneira for fechada para o setor rural a segurança alimentar será afetada. Vai custar muito caro para a sociedade”, alertou Saturnino, sugerindo discussão da questão entre todas as instituições.
Polêmicas – O climatologista Luis Carlos Molion, professor-doutor da Universidade Federal de Alagoas, esteve na Fenicafé. Ele afirmou que é necessário desmitificar “a história de que a agricultura e a pecuária provocam mudanças climáticas e que o desmatamento na Amazônia provoca seca no Sudeste”. Segundo ele, o clima varia através de um processo natural e já esteve mais quente no passado. “O homem pode interferir apenas no clima local. Nos últimos dez mil anos, ocorreram no mínimo quatro períodos mais quentes que o atual. A variabilidade do clima independe do homem e de suas atividades”, garantiu. O climatologista demonstrou que entre 1920 e 1940, quando se queimava pouco carvão e a agricultura e a pecuária ainda eram incipientes, a temperatura global subiu cerca de quatro graus, em média. Já de 1945 a 1976 a temperatura caiu, apesar do aumento das emissões de carbono com a queima de carvão e petróleo. “Portanto, o homem não tem interferência. O gás carbônico (CO2) não controla o clima global. A quantidade emitida de CO2 pelo homem, inclusive, é ínfima em relação aos fluxos naturais”, frisou.
Fenicafé 2016 – ”Dentro de um mês já nos reuniremos para discutir a Fenicafé 2016, inclusive levantaremos nomes da cafeicultura que possivelmente estarão aqui na próxima edição”, ressalta Garcia, que complementa: “ainda não há data definida para o evento de 2016, mas será no mês de março. “Muito em breve a data será divulgada”, adianta.
Para finalizar, Claudio Garcia, agradeceu a todos que prestigiaram o evento e também aos colaboradores. “A ACA é uma família, que se envolve com o grande projeto que é a Fenicafé. O sucesso da feira é a prova de que o trabalho em equipe funciona”.