Quarta-Feira, 31 de Maio de 2006 – 16:35
| ||
Quarta-Feira, 31 de Maio de 2006 – 16:35 | ||
O pacote de medidas que o governo federal apresentou para o setor agrícola tem um caráter essencialmente político com o objetivo de desmobilizar os protestos e as reivindicações dos produtores. A afirmação é do coordenador do curso de Economia do Centro Universitário Franciscano do Paraná (Unifae), Gilmar Mendes Lourenço. Para ele, o pacote é “um tapa-buraco” e priorizou o anúncio de cifras enormes (como os R$ 60 bilhões), o que gera um efeito psicológico grande. Lourenço destacou que os recursos são para uma área que o produtor não vai usar que é o plantio e o custeio da safra do próximo ano. “O produtor não tem capacidade financeira para isso”, justificou. Ele disse que o produtor precisava de crédito para pagar dívidas com fornecedores e cooperativas. “O pacote foi tímido nisso e insuficiente”, declarou. Lourenço destacou ainda que o governo não equacionou os problemas do passado dos agricultores. “O produtor precisa de estabilidade, transparência e garantia nas regras do jogo”, disse. Para ele, o setor rural foi colocado ao “sabor das armadilhas do clima e dos mercados internacionais sem retaguarda do setor público”. Isso vem acontecendo desde o início do governo Collor em 1990. Lourenço lembrou que poucas culturas como a cana-de-açúcar, laranja e café vêm apresentando desempenho altamente favorável e salvando uma parte dos produtores. Hoje, 40% dos produtores do Brasil e do Paraná estão inadimplentes, segundo ele. Para ele, faltou um tratamento para os produtores inadimplentes, incorporar o fato de mais de 60% das dívidas de R$ 30 bilhões estar atrelada a cooperativas e indústrias, desonerar o óleo diesel de todos os impostos, mexer na política cambial, fazer mudanças na infra-estrutura (estradas, portos e ferrovias) e o lançamento de uma nova referência institucional para o setor no lugar dos planos de safra. Para ele, o setor precisa de uma estratégia de longo prazo. “É um pacote pontual, irrelevante se considerarmos que a crise do agronegócio é a maior dos últimos 40 anos, segundo informações do próprio governo”, disse. O presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, entrega hoje, em reunião da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), um documento com seis pontos principais, aprovados pelos agricultores em assembléia que aconteceu em Curitiba na última segunda-feira. Lideranças das comissões técnicas por produto e diretorias de 101 sindicatos rurais patronais votaram por permanecer em estado de alerta até que saia uma decisão da assembléia da CNA. Eles aprovaram que qualquer movimento tem que ter caráter nacional, a redução de 30% da produção em nível nacional, fechamento de portos exportadores de grãos como Paranaguá (PR), Santos (SP), São Francisco do Sul (SC) e Rio Grande (RS), o fim dos bloqueios de rodovias, o bloqueio de saídas de produtos de cooperativas, cerealistas e agroindústrias e trabalhar para eleger candidatos comprometidos com a agropecuária. Mato Grosso: Produtores rurais voltaram a bloquear ontem duas das quatro rodovias federais que cortam o Estado de Mato Grosso. Os manifestantes impediram o tráfego de caminhões com produtos agrícolas, permitindo a passagem de ônibus, veículos pequenos e ambulâncias. Os protestos contra a política econômica do governo reiniciaram menos de uma semana após o anúncio do pacote agrícola. As barricadas com máquinas e pneus ocorreram na BR-163 – que liga uiabá a Santarém -, em Lucas do Rio Verde, e na BR-364, em Diamantino, que liga o Estado ao Norte do País. Fonte: Folha de Londrina | ||